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07 de julho, de 2020 | 16:30

A morte de Aristóteles Atheniense

José Geraldo Hemétrio *

A polis estava agitada. Corria-se de cá para lá e de lá para cá. Não se sabia bem a razão de tanta correria, mas logo veio a notícia:

- Gente, o estagirita morreu, o estagirita morreu, gritava por todos os cantos Xenócrates. E agora, o que será de nós?

- O que está dizendo, seu vadio?, retrucou Erasto. Não pode ser verdade!

- Verdade ou não, que outra razão haveria de haver para tanta agitação e vozerio pela polis, senão um fato tão importante como a morte de Aristóteles?, foi a vez de Coristo esbravejar, não querendo acreditar no que seus amigos estavam falando.

- Amigos, não vamos nos apavorar e sim procurar descobrir o que realmente aconteceu com nosso mestre e amigo,- em tom mais ameno condescendeu Teofrasto-, o principal amigo e sucessor do estagirita depois que ele deixou o Liceu.

- De toda maneira, vamos procurar saber notícias de Cálcis, para onde Aristóteles nos informou que iria, depois de se desiludir de vez com Atenas, reafirmou. Sem que tivessem tempo de tomar qualquer iniciativa no propósito de conseguirem melhores notícias do que se murmurava aos quatro cantos da polis, chega correndo um vassalo de Hérnias e, esbaforido como se estivesse a completar uma corrida de maratona, estardalha para todos o que se estava comentando e colocando em alarido os habitantes de Atenas. “Ele morreu mesmo”, confirmou.
Confirmara-se, pois, a morte de Aristóteles. Não havia mais qualquer dúvida.

- E Pitíade, sua esposa, como terá ficado? _ “Seu pai,- referindo-se a Hérnias,- poderá nos dar alguma notícia:? E Olímpia, mãe de Alexandre, terá sido avisada? – completou Teofrasto. “Se não avisarmos a ela, por certo, não nos perdoará”.

A narrativa acima, já passados quase 400 anos, por certo, não se refere a Aristóteles Atheniense, morto nesta última sexta-feira, dia 3 de julho. Mas, bem que tal meditação poderia servir de analogia para falarmos um pouco do amigo e colega que se foi, não do estagirita, mas do rio-novense que quis o destino tivesse no nome a marca registrada da história grega - Atheniense.

A vida de Aristóteles Atheniense, por todos os ângulos que se queiram analisar, quer jurídico, quer político, quer no setor acadêmico-cultural,, não foi muito diferente da vida do estagirita.

Como aquele, deixou-nos um verdadeiro Código de Ética, e todos nós, do mundo jurídico, podemos nos comparar ao Nicômano, com quem dialogou e traçou os passos para a observância do bem viver.

Somos todos nicômanos de seus ensinamentos, de sua maneira de viver e de pensar, enfim, de sua conduta ética.
Em certo trecho de sua obra diz: “Cada qual julga bem as coisas que conhece, e dessas coisas é ele bom juiz. Assim, o homem que foi instruído a respeito de um assunto é bom juiz nesse assunto, e o homem que recebeu instrução sobre todas as coisas é bom juiz em geral”.

E é justamente aqui nesta segunda parte do aforismo, que identificamos o nosso Aristóteles: um homem que recebeu instrução sobre todas as coisas e por isso foi um bom juiz em todos os assuntos.

Repetitivo se tornaria aqui enumerar algumas das atividades desenvolvidas por Aristóteles Atheniense ao longo de sua trajetória de vida, mas uma destas atividades não pode deixar de ser relembrada:

O estagirita dizia: O começo é mais que metade do todo, e muitas das questões que formulamos são aclaradas por ele.

E aqui concluímos tentando melhor explicar a que se refere este “começo” a que se referia o estagirita: É que foi justamente o nome ARISTÓTELES que recebeu na pia batismal, o começo, a referência maior que sempre acompanhou e inspirou a existência de Aristóteles Dutra de Araújo Atheniense, que nos deixa um legado só comparável ao que deixou seu homônimo. De luto está todo o mundo jurídico.

* Advogado e juiz de direito aposentado. Professor universitário aposentado. Presidente do IAMG- Subseção Vale do Aço
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