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21 de junho, de 2020 | 07:08

O isolamento inspira Amorantanhês

Bernardo do Espinhaço surpreende de várias formas com seu novo disco

Em março de 2020, a pandemia do Covid-19 começava a avançar no Brasil. Depois de passar algumas semanas fechado no apartamento em Belo Horizonte, Bernardo do Espinhaço juntou seus equipamentos de montanha, dispositivos de gravação e instrumentos musicais e foi para uma fazenda no Triângulo Mineiro, também chamado Sertão da Farinha Podre.

Sozinho, diante da lua vista da sacada do casarão centenário onde viveram quatro gerações da sua família, ele escreveu em sua primeira noite as palavras amor montanhês.

Divulgação
O Sertão da Farinha Podre é uma forte motivação para o artista BernardoO Sertão da Farinha Podre é uma forte motivação para o artista Bernardo
Nos dois meses seguintes, Bernardo adotou a vida de um vaqueiro: tirou leite, fez queijo, tocou gado, construiu cercas, roçou mato, enfim, viveu uma simples vida camponesa.

E se lançou em matas e confins, desbravando paisagens ainda inéditas. Amarrando palavras com os cordéis de "piá gado" e cordas de subir montanhas, compôs uma série de canções que se juntaram a outras produzidas ainda na cidade, formando um conjunto de temas do amor.

No improvisado estúdio montado na fazenda as canções ganharam arranjos e corpo. Os termos amor e montanhês se fundiram e deram origem ao nome do 4º álbum de Bernardo, também é conhecido como o cantor dos montanhistas.

O bumbo e o coração
Amorantanhês começa com um bumbo que lembra as batidas de um coração. É a canção "Fiz Tu na Fé", que tem a estética ainda híbrida entre a cidade e o campo. O swing pop dialoga com o afoxé / ijexá da segunda, "Desperdício de Nossos Queros". Daí em diante o tom bucólico romântico predomina.

"De Terra e de Paz", a primeira escrita na fazenda, é biográfica e documental. Depois vem "Meio Amor", que foi lançada como single em 2019 e é uma das canções mais conhecidas do compositor.

Também lançada anteriormente, "Que é pra Você Saber" ganhou arranjo folk, com direito a pedal de aço, lembrando a coloração do folk indie norte-americano moderno.

Publicada em março de 2020 com estética percussiva, "Quarentena" foi transformada numa canção delicada, intimista e contemporânea, por motivos óbvios. "Saco de Dormir" é a canção de amor com maior apelo ao universo do montanhismo, mas divide o protagonismo do tema com "Supertramp (_só)", inspirada no longametragem Into The Wild (Na Natureza Selvagem).

Já "Pequenina" se transformou num adornado xote e tem a participação de Gabi Bertollo, cantora baiana talentosa descoberta por Bernardo.
Antes do fim, Amorantanhês surpreende duplamente, a começar pela versão voz e violão de "Cabecinha no Ombro", clássico de Paulo Borges da década de 1950.

É a primeira vez que Bernardo do Espinhaço grava uma releitura. Depois pela faixa "Todos os Centímetros Dessa Casa", onde há um texto seu recitado por Odilon Esteves, fundador do Grupo Luna Lunera e referência na dramaturgia brasileira.

Banda de peso
As composições, arranjos e produções são de Bernardo, exceto "Cabecinha no Ombro". Além das participações, ele conta com o talento de Adair Torres (pedal de aço), Felipe Fantoni (baixo), Fred Chamone (guitarra), Mario Wanser (violões e guitarras) e Marx Marreiro (teclados e sanfona) em diversas canções.

E mais uma vez o artista tocou vários instrumentos e deu vazão a sua musicalidade. É esse exotismo, de um cantautor inusitado, que colore mais uma obra de Bernardo.

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A capa do novo disco de Bernardo do Espinhaço, que tem 11 faixasA capa do novo disco de Bernardo do Espinhaço, que tem 11 faixas
Ele percorre mais uma trilha, se lança no simples para alcançar o lapidado do discurso natural. Ou, como diz em uma dessas novas canções: "Um dia eu irei me sofisticar, até ser gameleira, e ter minhas raízes, abraçadas numa pedra".

Quem é:
Nascido num alto de serra entre as águas mansas da Serra do Espinhaço, Bernardo adotou o nome das montanhas que permeiam suas canções.

Paisagens de pedras, flores, rios e os povos isolados do sertão ocupam a linguagem do artista, um homem interessado pelas lonjuras, caminhos e travessias, redescobrindo cenários raros, de onde traz a poesia, o violão, o piano, a viola caipira, o acordeão e a flauta transversal.

Seus três primeiros trabalhos foram O Alumbramento de um Guará Negro numa Noite Escura (2014), Manhã Sã (2015) e Tardhi (2018).

Ouça Amorantanhês na íntegra: http://drive.google.com/file/d/1MART-GLTLK94AI7fia3dSEDgWftz-2ix/view (é necessário baixar o arquivo)
Instagram: @bernardodoespinhaco
Facebook: @bernardodoespinhaco
Youtube: @bernardodoespinhacooficial
Website: http://www.bernardodoespinhaco.com.br

CLIPES DE AMORANTANHÊS
"Supertramp (_só)": http://www.youtube.com/watch?v=12m_UhCBBGE
"Meio Amor": http://www.youtube.com/watch?v=Xc0T44cH3xk
"Saco de Dormir": http://www.youtube.com/watch?v=PNSn_1w1hvU
"Desperdício de Nossos Queros": http://www.youtube.com/watch?v=RAdfsYFfGLg
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