15 de junho, de 2020 | 16:00

Volta primeiro

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Entre os grandes centros do futebol nacional, o carioca é o que está mais perto de recomeçar com o campeonato estadual, paralisado desde o dia 16 de março por conta da pandemia do coronavírus. Faltam duas rodadas da Taça Rio, considerado o “segundo turno” da disputa estadual, além dos jogos das fases finais.

Uma reunião virtual será realizada nesta quarta-feira (17), com a participação de representantes dos clubes, Federação e governo estadual, onde os detalhes finais do retorno serão decididos, com chances inclusive do primeiro jogo entre Flamengo x Bangu já acontecer no próximo sábado.

O Rio de Janeiro é o segundo estado mais afetado pela pandemia, tendo atingido no fim de semana a triste marca de 7.415 mortes e 77.784 infectados pela Covid-19.

Mesmo assim, o prefeito Marcelo Crivella está abrindo tudo por lá e quer a volta do futebol a qualquer custo, contando para isso com o apoio da Federação local e de alguns dirigentes, como os presidentes de Flamengo, Vasco e demais clubes do interior, tendo como contrários apenas o Fluminense e o Botafogo.

De acordo com o protocolo intitulado "Jogo Seguro", desenvolvido pela Federação Carioca de Futebol, apenas os estádios Maracanã, Nilton Santos e São Januário poderão ser utilizados nesta retomada da competição.

Alto risco
Na Alemanha, o campeonato nacional recomeçou há três semanas; em Portugal também voltou, e agora foi a Espanha e Itália, enquanto a Inglaterra fará a sua retomada na próxima sexta-feira.

Estes países viveram o auge da pandemia dois meses antes de nós, e por isso tiveram condições de retornar agora com o futebol, mas sem torcida nos estádios, sem abraços na comemoração dos gols, com cinco substituições, enfim, dentro do que se intitula “o novo normal”.

Eu acho este retorno do futebol carioca um tanto quanto precipitado, considerando que o pico da doença no país ainda está por vir, além da gestão de combate ao vírus por aqui ter se transformado num verdadeiro “samba do crioulo doido”.

Por isso, as chances dessa volta açodada do futebol carioca dar errado são grandes, ao ponto de terem que vir a recuar se houver o registro de muitos casos de contaminação entre os atletas e demais envolvidos nas partidas, o que trará prejuízos ainda maiores do que aqueles que já foram contabilizados devido à pandemia.

FIM DE PAPO
• O Campeonato Mineiro ainda não tem previsão de retorno, mas alguns otimistas falam que isso poderá ocorrer na metade do mês de julho ou início de agosto. É óbvio que os três grandes da capital, Atlético, Cruzeiro e América, que retornaram aos treinos há cerca de um mês, estarão prontos para competir. Mas a situação dos clubes do interior, à exceção do Tombense, que também vem treinando normalmente, causa uma grande preocupação.

• Acostumada a nadar de braçada, com muita grana caindo de mão-beijada na sua conta, a Federação Mineira sofre agora com a escassez de recursos e só assiste o circo pegar fogo. Nem passa pela cabeça dos que comandam a entidade ajudar os seus filiados pobres do interior, que estão sem jogadores para formar um time, já que os contratos foram firmados com prazo de duração específico até o fim da disputa estadual e não contavam com a paralisação causada pelo coronavírus. E é óbvio para a maioria que eles também não têm recursos financeiros para bancar o custo das medidas previstas no protocolo de prevenção à doença, altamente contagiosa, e por isso estão impedidos de retomar os treinamentos.

• O neurologista Jorge Pagura, coordenador do grupo de especialistas da CBF que elaboraram o protocolo da entidade para o retorno do futebol, disse, em entrevista à “Band Sports”, que mesmo tomando todas as precauções ainda há, sim, muito risco de contaminação. “Tem que fazer tudo aquilo que está escrito e solicitado no protocolo”, afirmou Pagura.

• Mas é aí que a “porca torce o rabo”, como dizem os matutos aqui nos nossos grotões. O protocolo é genérico, geral, irrestrito, ou seja, deve ser seguido ao pé da letra tanto pelos clubes grandes, como Atlético, Cruzeiro, Flamengo etc, que dispõem de recursos e estrutura para isso, mas também pelo CSA, ASA de Arapiraca, São Raimundo de Manaus, Fluminense de Feira de Santana, enfim, clubes pequenos que vendem o almoço para comprar o jantar.

• O protocolo da CBF é praticamente o mesmo dos alemães, espanhóis, italianos e demais países onde o futebol foi retomado com sucesso. Agora, como faremos para implantar tudo isso aqui no nosso país, com as particularidades, desigualdades sociais e econômicas que todos sabemos existir? Além disso, o retorno do futebol esbarra em outras dificuldades, tais como as distâncias continentais e a falta de voos regulares ligando os estados. Vale lembrar que o protocolo da CBF precisa ser aplicado não só aos jogadores, mas também aos seus familiares, funcionários e todos os demais envolvidos. (Fecha o pano!)
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Comentários

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Tião Aranha

16 de junho, 2020 | 09:00

“Acho muito difícil a volta dos jogadores lá do Rio de Janeiro. A situação lá está mesmo dramática, médicos e enfermeiras morrendo e a população carioca não toma nunca consciência. Não há mais vagas pra pacientes nos hospitais nem mesmo para as outras doenças e o prefeito mandando voltar - sendo que a tendência é só complicar cada vez mais, ao contrário de Beagá e Sta Catarina, esta última onde há pouco mais de cem mortos; aliás, é bom lembrar que o que está em jogo é a vida das pessoas. E cada um só tem uma.”

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