08 de junho, de 2020 | 16:00
Bom começo
Fernando Rocha
É inegável que a gestão de Sérgio Rodrigues começou de forma positiva e agradou ao torcedor cruzeirense. De pronto, ele veio com resposta para um problema que vinha tirando o sono de todos: a dívida na Fifa relacionada à contratação de Willian Bigode, em 2014, que poderia resultar em uma nova perda de pontos, o que iria inviabilizar completamente as suas chances de retornar à Série A em 2021, ano de seu centenário.Mas o novo presidente, eleito para cumprir um mandato-tampão até dezembro e completar o período de Wagner Pires, que renunciou ao cargo, está se saindo neste começo até melhor do que a encomenda.
Ele colocou em dia os salários dos funcionários, uma parte do que devia aos jogadores também foi pago, além de resolver vários outros problemas que geraram boas notícias e trouxeram um clima de otimismo na relação com a torcida celeste.
As dispensas de Edilson e Robinho também foram consideradas atitudes positivas da diretoria, em nome da austeridade financeira e do bom ambiente interno, que deve nortear a sua administração.
Grande desafio
Contudo, os desafios de Sergio Rodrigues são muitos e enormes, a começar pelo momento ruim vivido com a queda das receitas em razão do rebaixamento à Série B e, para piorar ainda mais, a pandemia do Covid-19, que paralisou o futebol no país. As dívidas do clube ultrapassam R$ 880 milhões, sendo que, até o fim deste ano, apenas na Fifa, o Cruzeiro terá de pagar aproximadamente R$ 55 milhões.
O ex-presidente do rival Atlético, quando assumiu o alvinegro, em 2008, disse uma frase que pode servir para este momento de recomeço do Cruzeiro: Em time grande, se o presidente não roubar e não deixar roubar, o dinheiro rende e dá pra fazer tudo o que precisa ser feito...”.
De fato, grandes clubes como o Cruzeiro têm acesso a fontes de receita enormes, o que aumenta consideravelmente suas possibilidades de se recuperar financeiramente.
Montar um time forte, competitivo, para subir ainda este ano e disputar a Série A em 2021, ano do seu centenário, e paralelamente pagar dívidas de antecessores, além de manter os salários de jogadores e funcionários em dia, este é o grande desafio do novo presidente celeste.
FIM DE PAPO
O presidente Sergio Santos Rodrigues é um jovem advogado de 38 anos, eleito para cumprir um mandato-tampão até dezembro deste ano, para completar o período que seria da diretoria anterior, e tem fortes ligações profissionais e de amizade com o ex-presidente Zezé Perrela. Sergio conhece bem os bastidores do clube, pois já exerceu vários cargos de diretoria na gestão dos Perrela. E contou agora com o apoio fundamental do empresário Pedro Rodrigues, o mecenas” celeste, dono de uma rede de supermercados na capital, que sempre comparece para socorrer o Cruzeiro nos momentos de grande aperto financeiro.
Mesmo com o futebol paralisado, o Atlético tem feito contratações e se tornou um dos poucos times da Série A que movimentou o mercado de transferências do futebol nacional e do continente, contando com o apoio de seus fortes patrocinadores. Na semana passada, o Galo contratou uma jovem promessa do Independiente Del Vale, o equatoriano Alan Franco, de 21 anos, um volante que tem características técnicas que agradam o técnico Sampaoli; além do meia Léo Sena, de 25 anos, que se destacou no Goiás.
O clube também estaria com tratativas bem adiantadas para contratar o atacante Marrony, de 21 anos, revelação do Vasco da Gama. A gestão do presidente Sérgio Sette Câmara tem se mantido com esse perfil de buscar jovens promissores com possibilidades de revenda e lucro futuro, o que agrada aos investidores. O problema é que os erros nas escolhas têm sido muito maiores do que os acertos.
O Campeonato Brasileiro este ano, principal meta do Galo, tende a ser atípico por conta das torcidas estarem proibidas de irem aos estádios. Na Alemanha, o futebol voltou sem a torcida e houve uma mudança muito significativa, sobressaindo-se os times bem treinados, pois a vantagem do mando de campo deixou de existir. Aqui não deverá ser diferente, portanto, manter os salários em dia e o plantel motivado passa a ser fundamental, além de dar chances aos jovens da base.
O assassinato do negro norte-americano George Floyd fez com que a luta contra o racismo se espalhasse pelo mundo inteiro. No Brasil, não só contra o racismo, mas também em defesa da democracia e contra o fascismo, torcedores rivais como os de Atlético, Cruzeiro, Palmeiras, Corinthians, Vasco, Flamengo, Inter e Grêmio, conseguiram se unir, pacificamente, e marchar juntos com o mesmo objetivo. Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal / Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!”. Chico Buarque de Holanda em Fado Tropical”. (Fecha do Pano!)
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Tião Aranha
09 de junho, 2020 | 09:41A estrutura e formação duma equipe está no zelo pelo seu plantel, do time de futebol como uma escola, mas ao vender seus novos jogadores pra salvar da crise econômica - coloca em evidência um futuro incerto que logo logo aí vem pela frente. É o tal 'mercado da bola', que, sem futuro, os grandes patrocinadores fogem; percebem as velhas ligações de falsas amizades de bastidores como diz o texto.”