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07 de junho, de 2020 | 09:00

Neuropsicóloga aborda relações e ansiedade durante o isolamento

Crianças sem aula, pais sobrecarregados e muita agitação em casa: uma constante na pandemia

Álbum pessoal
Luciana Freitas fala sobre temas em destaque nesse período Luciana Freitas fala sobre temas em destaque nesse período
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
A duração da crise na saúde, a suspensão das aulas e a nova rotina imposta às famílias durante o isolamento social provocado pelo novo coronavírus (covid-19), têm sido fatores complexos. A psicóloga, especialista em Neuropsicologia e Mestre em Psicologia do Desenvolvimento, Luciana Freitas, explica que nesse novo contexto de estudo e convívio, é preciso cuidar da ansiedade de pais e filhos, assim como ter atividades definidas.

Luciana alerta para que as famílias definam as prioridades para os filhos. “Definir isso, cuidar para que essa criança tenha uma rotina e que seja respeitado o processo de aprendizagem e relacionamento emocional, que é muito importante nesse momento. A escola é responsável pelo processo de escolarização, os valores são trabalhados também, mas com foco em relacionamento social, complementando o que é ensinado em casa. A família deve estar atenta, manter contato com a instituição de ensino. É um momento novo e as pessoas têm de ter paciência e muito diálogo”, aponta.

Ela alerta que a ansiedade é comum em momentos como esse e que se manifesta em razão da antecipação de um problema. “É um estado de alerta, nos mantemos imaginando que algo possa vir a acontecer. As famílias precisam, de fato, entender o que é importante, o que é um valor de vida e focar nessas coisas, sentimentos e sempre lembrando que isso (isolamento, pandemia) vai passar. Devemos perder a vergonha de contar com os amigos, buscar a rede de apoio. As pessoas precisam perceber que podem contar com as outras e entrar em contato quando precisarem de atenção, conselhos e dicas, que sozinhas não conseguiram”, aconselha.

Rotina

Para Luciana a rotina é importante, por tornar possível a previsibilidade do que vai ocorrer, o que é benéfico para as crianças e que ajuda a minimizar a ansiedade. “Você consegue pensar como ocupar o tempo com atividades significativas e ao mesmo tempo dar essa previsibilidade, destinar esforços àquilo que realmente importante”.

Alfabetização

Sobre a situação de crianças em fase de alfabetização, a neuropsicóloga destaca que pode sim haver prejuízo. Nesse caso, é importante que as famílias estejam atentas às etapas. “Por exemplo, a criança precisa aprender o nome de letras, as sílabas, palavras e frases. Os pais precisam identificar qual o nível de conhecimento do seu filho e manter contato com a escola, para então avaliar se as atividades que estão sendo encaminhadas estão contemplando a evolução das habilidades que ela necessita. Busque entender se o nível da criança é o esperado para a faixa etária, porque existe uma variação muito grande de desenvolvimento, alunos numa mesma série podem ter níveis diferentes e é preciso ter cuidado com a comparação. Pode ser que ela precise de um enriquecimento ou tempo maior de atividades, em relação a outra”, orienta.

Álbum pessoal
Para Jeane, a casa cheia não é novidade: são cinco filhos e uma programação variadaPara Jeane, a casa cheia não é novidade: são cinco filhos e uma programação variada
Cinco filhos e muita criatividade

Jeane Garcia de Faria Magalhães é mãe e um dos exemplos de adaptação ao momento, ocasionado pelo isolamento social. Moradora do bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso, a musicista tem cinco filhos: Clara 11 anos, Francisco e Elisa (gêmeos de 9 anos), Eduardo e Helena (gêmeos de 7 anos).

Ela conta que a rotina não tem sido fácil, mas estão no processo de adaptação. “Essa semana iniciaram as aulas on-line ao vivo, diariamente, para todas as crianças. A rotina começa cedo. Clara (6º ano) inicia as aulas 8h da manhã e encerra às 10h40. Das 13h – 14h40 é a vez da Elisa (4ºano), no mesmo horário Eduardo e Helena (2º ano) fazem a aula em outro espaço com outro computador. Entre 15h – 16h40 é a vez do Francisco (4ºano), que está em sala separada de sua irmã gêmea. Além das aulas, as crianças precisam fazer os deveres de casa e ainda sobrar tempo para as brincadeiras e ajudar com as tarefas da casa”, relata.

Ideias para as brincadeiras não faltam: pique-esconde, fantasia, cabaninha, artesanato, competição de desenho, competição de leitura, teatro e por aí vai. “A casa é grande e isso ajuda bastante, porque são cinco crianças e quatro pets (dois cachorros, um gato e uma tartaruga) convivem relativamente bem juntos. Mas manter esse espaço limpo e organizado não é tarefa fácil. Tarefas como colocar comida para os pets, arrumar o quarto de dormir, arrumar a sala de estudos e guardar suas roupas no guarda-roupas já são funções delas, além de guardar os brinquedos depois das brincadeiras”, frisa.

Desafio

Para a mãe que exerce dois papéis na educação dos filhos, em razão da morte do marido, há quase quatro anos, é preciso tirar o melhor ensinamento das experiências de vida. “Nesse momento de isolamento, o que tenho a dizer aos pais é que, dentro do possível, tentem não ficar tão ansiosos e aproveitem ao máximo esse momento com seus filhos. Provavelmente os conteúdos escolares serão atrasados, mas em outro momento serão retomados e em pouco tempo não fará muita diferença na vida escolar deles. Mas, esse momento é único, penso que é um novo caminho para as novas gerações. Um caminho para torná-los mais humanos e felizes”, conclui.

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