
06 de junho, de 2020 | 00:01
De lascar
Fernando Rocha
A semana do atleticano foi de lascar. Depois do foco lançado sobre mais um ato de indisciplina, o mais grave de todos até agora entre os muitos cometidos pelo jogador Cazares, estourou de vez a situação das dívidas do clube, que ultrapassam R$ 700 milhões.O balanço de 2019, antecipado pelo blog do jornalista Rodrigo Capelo, o mesmo que denunciou no Fantástico” a má gestão e derrubou o ex-presidente Wagner Pires no Cruzeiro, com toda a sua diretoria, botou mais lenha na fogueira da discussão sobre a monstruosa dívida alvinegra, que só aumenta a cada gestão.
A solução pretendida pelo presidente Sette Câmara, ao que tudo indica, para evitar um colapso financeiro total, seria a venda da outra metade do shopping Diamond Mall”, mas isso encontra forte resistência por parte da oposição no Conselho Deliberativo.
A situação tende a ficar insustentável se as competições não retornarem até julho, o que vai ficando cada vez mais improvável, em razão do agravamento da pandemia de Covid-19.
Bloco na rua
Com a eleição para a nova diretoria prevista para dezembro, onde será candidato à reeleição, o presidente Sergio Sette Câmara botou o bloco na rua nesta temporada.
Ele contratou o técnico Jorge Sampaoli e seu enorme staff de auxiliares, um dos mais competentes e caros do continente; além de trazer para a direção do futebol Alexandre Mattos, que tem um alto salário e ostenta um currículo invejável de conquistas recentes, mas se notabilizou muito mais por promover gastos milionários na montagem de elencos.
Mesmo devendo salários a jogadores e funcionários, a atual gestão acaba de contratar, com a ajuda de investidores”, os dois primeiros reforços: o meia equatoriano Alan Franco, de 21 anos, que era do Independiente del Valle, e o volante Léo Sena, de 25, que era do Goiás, além de ter pago uma dívida na Fifa de aproximadamente R$15 milhões, contraída em 2014 pela compra do jogador Maicosuel.
Não fosse a crise com a pandemia do Covid-19, que paralisa o futebol no país, talvez nada disso ganhasse muita visibilidade e mais uma vez teria sido varrido para debaixo do tapete, como vinha sendo feito sistematicamente por todas as diretorias do Galo.
FIM DE PAPO
Depois de um começo light, o presidente Sérgio Santos Rodrigues mostrou o seu cartão de visitas, diante da necessidade de implantar um regime de austeridade no Cruzeiro. Numa tacada só ele dispensou dois medalhões, o lateral Edilson, de 33 anos, e o meia Robinho, de 32. O primeiro custou uma fortuna, ganhava um alto salário e nunca jogou o que se esperava dele. Robinho participou de várias conquistas recentes, mas tem um histórico de contusões que não justifica o salário que recebe, sobretudo pela realidade atual do clube. Certamente as dispensas vão gerar duas novas ações trabalhistas de altos valores, mas como dizia o meu avô, Tatão Rocha, na querida Sobrália da minha infância: Quem está perdido não caça caminho”.
Em meio à repercussão da divulgação dos detalhes de sua gigantesca dívida, a quinta maior entre todos os clubes da Série A, o Atlético voltou a falar na repatriação do atacante Roger Guedes, atualmente no futebol chinês. E também estaria próximo de confirmar a contratação de uma jovem promessa, Marrony, 21 anos, junto ao Vasco da Gama. O clube gigante da colina” atravessa uma endêmica crise financeira, e depois de tentar, sem sucesso, vender a sua joia da base para o futebol europeu, estaria disposto a aceitar uma proposta inferior feita pelo Galo. Este ano os jogadores do clube carioca ainda não viram a cor do cascalho.
Pipocam em todo o país, nos clubes que decidiram voltar aos treinamentos, os casos de jogadores infectados pelo Covid-19. Aqui nos nossos grotões, todos os três grandes” da capital tiveram casos confirmados entre os atletas. Pelo protocolo estabelecido, não há como negar que exista segurança e muitos cuidados praticados a partir do momento que o atleta cruza os portões dos centros de treinamentos. O problema é quando eles voltam para casa, onde reencontram familiares que foram à padaria, farmácia, supermercados etc, facilitando o contágio. O ideal seria todos ficarem confinados, mas os clubes alegam ser impossível tomar esta atitude no momento, pois não há uma data prevista para o retorno dos campeonatos.
Sobre Cazares, multado em R$ 130 mil reais por desrespeito ao decreto de emergência sanitária da Prefeitura de Lagoa Santa, onde mora em um condomínio de luxo: De acordo com vizinhos do equatoriano, pelo menos três festas teriam sido feitas por ele em sua casa, regada a bebidas e mulherada, provocando aglomerações. A última ocorreu quando ele já sabia do exame positivo para Covid-19. Ele é um caso perdido por culpa da diretoria, que não o demitiu logo após as primeiras pisadas na bola.
A melhor definição para a trajetória de Cazares no Atlético, aonde ele chegou em 2016 e com quem tem vínculo até dezembro deste ano, foi a que vi em uma postagem no Twitter de um atleticano: 202 Jogos, 41 Gols, 45 Assistências, 01 Estadual, 01 polêmica com o Luan, 03 Pensões Alimentícias, 05 Boletins de Ocorrência, 01 Pelada na Quarentena, 04 Festas Clandestinas, 75 Garrafas de 51, 07 Multas por indisciplina, 01 Covid-19 Positivo”. (Fecha o pano!)
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Tião Aranha
06 de junho, 2020 | 19:47Tem a fase das vacas gordas, e tem a fase das vacas magras. Só ficamos sabendo da real crise do Azul, quando parou de ganhar títulos, graças ao programa do Fantástico, pois, mesmo quem estava lá dentro, jogadores e funcionários, nada sabiam da real situação do clube. Parece, que, com o Galo e a maioria dos grandes clubes a história não é diferente. Parece que o que falta são publicidade e transparência: ou de quem administra os clubes, ou dos torcedores que nada fiscalizam. Ninguém sabe quem é o culpado. Vamos esperar, que, passada a crise do Corona - tudo venha a mudar - ou que acabe de uma vez por todas. Do jeito que está, não dá mais pra continuar.”