03 de junho, de 2020 | 17:40

Estadual poderá voltar somente após pico da pandemia, diz presidente da FMF

Adriano Aro avaliou cenário para retomada do certame na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Gustavo Aleixo
A escalada da covid-19 no estado ainda não permite a definição de uma data para retomar o Campeonato MineiroA escalada da covid-19 no estado ainda não permite a definição de uma data para retomar o Campeonato Mineiro

Apesar de os clubes de futebol da primeira divisão mineira já estarem retomando suas atividades de treinamento em ambiente controlado, com testes epidemiológicos frequentes e sistemáticos, ainda não há prazo definido para a retomada do campeonato mineiro, interrompido por causa da pandemia de covid-19. O assunto foi discutido em reunião de Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quarta-feira (3/6/20).

A reunião foi solicitada pelo presidente da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude da ALMG, deputado Zé Guilherme (PP). O deputado disse que o retorno das competições é hoje defendido pela maioria dos atletas e que os clubes vêm se preparando mais para o retorno do que outras atividades econômicas. Mas ele admitiu que não é possível uma retomada imediata.

“É lógico que, em um primeiro momento, (a retomada das competições) será de portões fechados. Não podemos tomar nenhuma atitude precipitada”, afirmou. O deputado disse acreditar que o retorno das categorias de base e do futebol amador deverá ser mais demorado que no caso dos clubes maiores.

Campeonato mineiro

Respondendo ao deputado Zé Guilherme, o presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Adriano Aro, disse que é possível concluir o campeonato mineiro em três semanas, uma vez que faltam apenas seis rodadas. No entanto, não há prazo para que isso aconteça. Ele avaliou que isso pode ocorrer só após atingirmos o pico da pandemia em Minas, que ele espera que ocorra “em um futuro próximo”, declarou.

Adriano Aro disse desejar que o futebol retorne o mais rápido possível. “Mas é necessária prudência para oferecer segurança a todos os envolvidos: atletas, árbitros, dirigentes, imprensa, comissão técnica e outros profissionais”, ressalvou. O dirigente lembrou que a FMF foi a primeira entidade a determinar jogos com portões fechados e a primeira a suspender os jogos do Campeonato Mineiro.

Os deputados Fábio Avelar de Oliveira (Avante) e Alencar da Silveira Jr. (PDT) defenderam o retorno das atividades do futebol amador e mesmo das escolinhas de futebol. Adriano Aro afirmou, no entanto, que nem mesmo as categorias de base têm recursos para garantir um mínimo de controle e checagem dos participantes. “Temos que trabalhar com a realidade”, afirmou.

Curva de contágio crescente gera preocupação

A advertência mais contundente com relação ao retorno das atividades esportivas veio do médico infectologista Carlos Starling. Ele explicou que o Brasil está em uma fase totalmente diferente da Europa, onde a pandemia está perdendo força, tendo seu pico há cerca de um mês e meio. “Em Barbacena, Varginha, Uberaba e Uberlândia, o vírus está em franca ascensão, o oposto do que ocorre na Europa”, preocupou-se.

Segundo Starling, a gestão epidemiológica em Belo Horizonte trabalha para achatar de tal forma a curva de contágio que não haja pico da pandemia na Capital, para que o sistema de saúde consiga absorver a demanda durante todo o período.

Infectados

Os médicos responsáveis pelos três maiores clubes de futebol de Minas Gerais – América, Cruzeiro e Atlético – defenderam a preparação que já ocorre para um eventual retorno, mas também se mostraram reticentes sobre prazos.

Rodrigo Lasmar, médico do Atlético, disse que a testagem periódica de atletas e funcionários nas primeiras duas semanas de treinos depois da flexibilização do isolamento social já revelou pessoas que inicialmente não tinham indícios de covid-19 e se infectaram posteriormente.

Cimar Eustáquio da Silva, médico do América, detalhou os protocolos que têm sido tomados nos treinos, que incluem testagem sistemática, kits individuais de treinos para os atletas, revezamentos de horários, entre outros. Daniel Baumfeld, médico do Cruzeiro, admitiu que muitas dessas medidas dificilmente poderão ser implementadas em jogos oficiais.

Profut

O deputado federal Marcelo Aro (PP-MG) também participou da reunião por videoconferência e falou sobre o Projeto de Lei (PL) 1.013/20, do qual é relator, e que suspende o pagamento das dívidas com o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) por um prazo de até 180 dias após o fim dos períodos de calamidade pública decretados em decorrência da covid-19. Ele disse esperar que a proposta seja votada até a semana que vem.

O deputado explicou que o Profut, aprovado pelo Congresso em 2015, é um programa de refinanciamento de dívidas de clubes de futebol com a União. O programa permitiu o parcelamento dos débitos em até 20 anos.

Outra medida prevista no PL 1.013/20 é a permissão para que as equipes contratem atletas por apenas um mês. Até agora, o período mínimo de contrato é de três meses. E ainda, a autorização para que as federações de futebol possam reduzir o número de jogos para conclusão dos campeonatos.
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