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01 de junho, de 2020 | 16:00

Volta no tempo

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Com as competições paralisadas, o recurso encontrado pelas emissoras abertas ou fechadas de TV tem sido recorrer aos arquivos e reprisar jogos passados, decisões de campeonatos ou jogos de Copas do Mundo, de boas ou más recordações.

Na ultima sexta-feira o SporTv reprisou um jogo das oitavas de final da Copa de 2014, disputado no Mineirão, onde a Seleção da CBF - com Neymar – empatou em 1 x 1 com o Chile, que era dirigido pelo Jorge Sampaoli, atual técnico do Atlético, classificando-se nos pênaltis graças ao chamado “Sobrenatural de Almeida”, personagem fictício criado pelo dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, para explicar as peças inusitadas que o futebol nos proporciona.

Além de tomar sufoco, a seleção comandada por Felipão e Parreira viu uma bola ser chutada no travessão pelo chileno Mauricio Pinilla, no último minuto da prorrogação, que poderia ter nos deixado pelo caminho e evitado o vexame dos 7 x 1 na semifinal contra a Alemanha, o maior vexame da história do nosso futebol.

Tirar lições
O que tem sido muito debatido ultimamente pelos colegas da imprensa nacional é se a Globo deveria ou não reprisar o jogo dos 7 x 1. Eu sou totalmente a favor da reprise, por tudo o que aconteceu antes, durante, depois, mas, sobretudo, porque não se trata de apenas um jogo.

Hoje, as análises seriam menos apaixonadas, mais equilibradas, para aí sim tirar conclusões a respeito da escalação escolhida por Felipão, atuações individuais, esquema tático, adentrando também nas mazelas que perduram até hoje na estrutura do futebol brasileiro.

Alguém escreveu que o tempo é o grande senhor da razão. Embora este episódio dos 7 x 1 ainda seja relativamente recente, já deu para esfriar as nossas emoções, permitindo-nos um olhar mais específico sobre o que poderia explicar algo tão atípico como o que se viu em campo aquele dia.

FIM DE PAPO
• Na sexta-feira à noite, após assistir no SporTv a reprise do jogo das quartas de final contra o Chile, também disputado no Mineirão, recorri aos arquivos desta coluna e pude constatar que, em nenhum momento, botei fé naquela Seleção, dirigida pela dupla Felipão-Parreira, que a rigor, e não só naquele jogo, dependia exclusivamente do talento de Neymar, sem ter um esquema tático, resultando em um verdadeiro amontoado de jogadores em campo.

• Se houvesse justiça no futebol, a nossa Seleção deveria ter sido eliminada ainda no confronto com os chilenos, diga-se de passagem, muito bem dirigidos pelo argentino Sampaoli. O massacre alemão por 7 a 1 na semifinal foi apenas o complemento daquele fracasso retumbante, que já estava previsto por quem enxerga o futebol com os olhos da razão, e não apenas da emoção.

• Triste mesmo é constatar que, de 2014 até agora, o futebol brasileiro parou no tempo e no espaço. Neste período pós-7 x 1 nós tivemos alguns brilharecos com a chegada do falante e midiático Tite, que agora já parece ser uma “bananeira que deu cacho”, passou da hora de ser substituído. Por isso, em minha opinião, rever a partida com os alemães se torna algo válido e relevante.

• A bem da verdade, só a partir do ano passado, com a chegada ao Brasil de dois técnicos estrangeiros, Jorge Jesus (Flamengo) e Jorge Sampaoli (Santos), vimos algo de novo do ponto de visto tático aqui nos nossos grotões. O momento é propício para refletir, pensar o futuro, pois temos tempo de sobra para isso em meio ao isolamento. Não só nas nossas vidas, mas também no futebol, que é uma das suas imitações, nada mais atual do que o genial Milton Nascimento no clássico da MPB: “Nada será como antes”. (Fecha o pano!)
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Comentários

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Tião Aranha

02 de junho, 2020 | 22:09

“Não só a vida, mas tb a prática do futebol, nunca mais será como antigamente. O maior desafio continua sendo ' como salvar o futebol' passada a pandemia: - se associar à CBF formando uma grande agremiação de clubes, ou pegar empréstimos do governo junto ao BNDES afim de quitar as folhas de pagamentos? (Precisava que os clubes fossem realmente bem administrados e os jogadores não ganhassem vultuosos salários. Muitos nem tanto assim jogam).”

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