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30 de maio, de 2020 | 06:30

Causos p'o tempo passar V

José Edélcio Drumond *

Lá na Hematita, onde o Judas não perdeu a bota, acontecem coisas do arco da velha, e peço licença para dar as notícias assim: A corrupção se existe lá, é pouco comentada, pois só é praticada pelos coronéis que são temidos por uns e louvados por outros.

O Nico do Grigório, que era considerado um dos maiores beatos e o maior puxa saco dos padres ficou viúvo. Batedor do sino madrugava às seis da matina, acordava as pessoas e repetia às 18h e lá ele ficava esperando a missa ou o terço do qual ele era o puxador.

Na solidão na cama, sentia vontade de fazer amor e ele rezava para tirar isso da sua cabeça e de suas partes íntimas, mas não tinha santo que o livrava de sua gostosa vontade. Uma noite ele bolou um plano para resolver a sua tara sexual.

Esperou a noite seguinte e decidiu que sairia pouco depois das 23h, quando os casados já tinham voltado para casa e os solteiros já tinham ido para os quartos com as suas damas. Vestiu sua velha e conhecida capa preta, colocou o tradicional chapéu preto e pé por pé saiu espiando se tinha alguém na rua.

Para ir à Michirica, a famosa zona boêmia, era preciso ir na avenida rumo a Fazenda das Palmeiras e na primeira rua depois do cemitério entrar à esquerda, subindo um morrinho via-se um dos mais chiquérrimos “bordéis” das Américas.
Chegou no encontro da avenida com a rua que dava acesso à famosa zona, e escondido na quina de uma casa ficou espiando por algum tempo para ver se tinha alguém na rua, e quase de galope subiu o morrinho. Quando ia descer a rua ouviu vozes e logo procurou se esconder no bambuzal que estava logo na frente. Subindo o morrinho lá vem o Zé Vitor e mais quatro pessoas que estavam “esquentando” fogo na rua, quando olharam e viram aquele vulto de capa preta, ele foi logo gritando: “Oi Nico o que você tá fazendo ai?”

E o Nico tremendo, respondeu: “Vou ali no cemitério rezar para a minha finada esposa”, ou “nêgo” sem vergonha o que “ôcê” tá fazendo aqui?” e ele respondeu: “Tava” esquentando um foguinho na rua”.

E um gaiato do grupo fez a voz de fanho e gritou: “Ou velho safado, sem vergonha você sabe que a rua do cemitério é a de traz” e continuaram andando e um perguntou ao Zé Vitor como você conheceu o Nico? Ele respondeu que só o Nico tinha capa preta naquela região e o chapeuzinho dele era conhecido de todos.

Depois de ficar mais de hora escondido na moita de bambu, frio apertava e a geada chegava, ele resolveu sair da moita e voltar para casa. Ligeiramente tomou o rumo e quando passava em frente à rua do cemitério um gaiato gritou para o Nico: “A rua do cemitério é aqui”. Ele apressou o passo e entrou para sua casa suado por causa da capa e do galope. Na outra noite outro desespero sexual o atormentou e isso seguidamente por outros dias, até que ele começou a assediar sua empregada, e ela que havia sido deflorada lá na Michirica e veio trabalhar com a falecida, aceitou os galanteios e numa noite bem silenciosamente atendeu aos desejos do Nico, e assim por muito tempo saciou a vontade do Nico, até que ele broxou. A Nica passou a usar vestidos novos, perfume de água de cheiro, batom vermelho e sandálias novas.

Isto levou a desconfiança de todos, a até que a Donana resolveu lhe perguntar o que estava acontecendo, e ela friamente respondeu: Eu me emputeci com o Nico.
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Comentários

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Sebastião Benedito Araújo Silveira

31 de maio, 2020 | 15:34

“Zé Edélcio, como a maioria dos ex-alunos do saudoso Padre Heriberto José Shimidt, é um amante das letras e exímio contador de causos.
A ele o meu abraço.”

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