21 de maio, de 2020 | 17:05

Qual o seu perfil na era hipermoderna? Ou serão todos juntos?

Vinícius Taddone *

Pode parecer início de uma piada, mas garanto que não é. Certa vez, um marido, um pai, empresário, freelancer e um funcionário se encontraram para falar sobre suas vidas e como lidavam com as coisas do cotidiano. Tal conversa rendeu ótimas conclusões para os cinco.

O marido falou o quanto se dedicava a sua esposa, em relação ao envolvimento com as tarefas de casa e sobre os problemas diários que tinha que administrar. Esse cara era desligado, não conseguia lembrar de um compromisso sequer e tudo tinha que marcar na agenda do celular, ou seja, muitas tarefas precisavam ser lembradas. E, por conta de sua dispersão, era comum que houvessem discussões a respeito do assunto. Por outro lado, vivia pensando em como podia agradar a esposa, dedicar-se a família e ao trabalho, destacando-se como um profissional exemplar.

Na vez de o pai contar suas experiências, explicou que se via como a pessoa mais brincalhona que podia existir. Como figura paterna de duas meninas, quando nasceu sua primeira filha, ainda inexperiente, não sabia brincar de boneca, mas logo achou a solução, pois a pequena adorava se divertir com uma bola, logo que ele chegava do trabalho. Com o passar do tempo, a criança virou fã de futebol, o que a levou a campeonatos, e a presença do pai era constante, o que fazia com ele deixasse compromissos, mesmo que o isso o incomodasse, pois queria acompanhar essa fase.

Depois nasceu sua segunda filha, que viria ao mundo com uma personalidade única. O quanto ela tinha de amável e carinhosa ao extremo, ela tinha de desobediente e enfrentava seus pais. Com isso, era mais um desafio a ser cumprido.

O empresário estava se tornando bem-sucedido e via seu negócio prosperar, já que a empresa tinha sete anos de existência, estava engajado nas redes sociais e no último ano que ele se dedicou fortemente, os frutos vieram. Mas, vez ou outra, a sobrecarga batia a porta, avisando que ela existia. O homem sentia o peso de ser o chefe, pai e esposo, que queria se dedicar mais, porém o dia só tinha 24 horas.

Vivia em reuniões e em ‘conference calls’, nunca esquecia um compromisso e tinha um brilho contagiante nos olhos quando falava de suas conquistas e vitórias dentro do trabalho. Todo cliente novo era comemorado e com isso passava horas contando o mesmo assunto para a esposa de como havia conseguido fechar tal contrato.

O freelancer amava trabalhar em home-office, de bermuda, chinelo e regata. Quando adolescente era jogador de basquete. Não usava relógio e quase nunca penteava os cabelos. Trabalhava sozinho e, certa vez, ocorreu um acidente enquanto praticava esporte, que fez com que ele quebrasse um dos dedos da mão e procurasse auxílio de um colaborador.

Ele adorava trabalhar em casa, pois ficava mais perto de sua esposa e filhas, porém deveria ter um comprometimento enorme para não relaxar mais do que deveria. Tinha ideias de fazer seu negócio prosperar, mas tinha alguns medos de dar o próximo passo, seriam muitas responsabilidades.

Já o funcionário tinha que cumprir muitas regras no escritório, dedicava-se às suas funções e vivia sobrecarregado de novas. Sua carreira poderia ser considerada de sucesso, afinal tinha duas faculdades, trabalhava no ramo das duas e era bastante comprometido, sabia lidar com pressão.

Contudo, o salário era o mesmo por cinco anos e isso engajava sua mente para ideias empreendedoras, porém não tinha coragem de tomar uma atitude, porque no fim de tudo, tinha uma família para sustentar, financiamento imobiliário se pagar e ainda duas mensalidades escolares. Sua válvula de escape era a família.

O Multi Homem, popularizado pelo desenho The Impossibles, em 1966, ilustra de forma eficiente o conceito de criar múltiplas cópias de si mesmo, como esses cinco homens descritos, especialmente nos dias atuais, nas grandes metrópoles, em que temos várias tarefas e multiplicamos nossa presença, além da transformação da rotina e adaptação às tarefas que englobam o cotidiano de qualquer pessoa. Mas, vale ressaltar que o gênero pode muito bem ser substituído, pois as mulheres hipermodernas exercem funções semelhantes na sociedade e cada vez mais passam também por transformações.

A lição que vejo em tudo isso é como já dizia o personagem Rocky Balboa: “Ninguém baterá tão forte quanto a vida, porém, não se trata de quão forte pode bater, trata-se de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada”. Nós podemos ser o que queremos com fé e determinação. Lá na frente eu espero ouvir de alguém que consegui por sorte e, se isso acontecer, é porque de fato tive a sorte que eu batalhei para construir, nunca sozinho, mas com minha esposa e duas filhas.

* Fundador da VTaddone Studio em 2011 com intuito de ajudar pequenas, medias empresas e novos empreendedores que necessitam de Marketing diferenciado para crescimento de receita
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