
09 de maio, de 2020 | 10:00
Calar? Jamais
Marli Gonçalves *
Todo dia, toda hora, todas as manhãs, tardes e noites de um momento tão doloroso como esse que vivemos, ansiosos, preocupados com nossas famílias, amigos, com quem amamos, como sobreviveremos, temos de ainda ouvir a voz estridente e ver os atos de um presidente sem noção e deslocado da realidade nessa acelerada marcha de insensatez. Que ainda ousa gritar para a imprensa calar a boca...- Cala a boca, que eu não te perguntei nada”?
Como ousa? Quem pergunta, aqui, somos nós, presidente. E são muitas essas perguntas. Não queremos calar sua boca, mas interromper o quanto antes e enquanto ainda é tempo - e esse se esvai - a sua visível loucura, destempero, incapacidade de liderança. Suas marchas insanas. Suas aparições assombrosas. O terror das milícias que o apoiam, incentivando grupos, violência, agressões e ataques, as carreatas da morte e agora, nessa última versão, suas passeatas com engravatados contra a democracia, invadindo os guardiões da ordem constitucional. Não nos calaremos, mas o senhor poderá, sim, ser afastado.
Ter o poder não lhe fez nada bem, e parece piorar a cada dia, nessa ânsia de querer ter razão, querer se desvencilhar de culpas que já estão em seu colo, explodindo como bombas do Riocentro, daquele período de terror que tanto admira.
Olhe no espelho, senhor presidente. Pegue uma foto antiga sua, nem precisa ser de muito tempo atrás, pode ser de quando era apenas mais um deputado mequetrefe do baixo clero, que de vez em quando aparecia como boquirroto. Até que dava pro gasto. Hoje o senhor está acabado, envelhecido, transtornado, impaciente, seus olhos apenas transmitem ódio e ironia, transmitidos geneticamente inclusive aos seus filhos, os numerados. O ciúme de quem se destaca, indisfarçável. Sua face, rígida, pálida como a morte, não haverá máscara que a cubra.
O senhor não está nada bem. Já não consegue nem mesmo disfarçar. O medo, a raiva, a sua própria ignorância, despreparo para o cargo, para a indicação de sua equipe - já está tudo desfraldado na sua imagem. Nas imagens que produz. No asco que causa na maioria de nós. Nas piadas que já contamos sobre vocês todos, publicamente.
De nós, já está afastado. Somos gente comum, trabalhadores, brasileiros, parte de uma população apavorada com um vírus que se espalha pelo ar, de pessoa a pessoa, causando uma doença de difícil cura, com graves sequelas, e que mata sem dó pessoas de todas as idades, lotando hospitais, já obrigando a que profissionais de saúde escolham quem poderá ser socorrido, macabra loteria.
Qual é a sua? Diga logo a verdade, o que é que ousa pretender? Por que não para de nos prejudicar? De nos envergonhar diante do mundo? O país pagará esse preço por muito tempo, dias que já estão marcados na História.
Por que não dá ênfase à busca de mais testes em massa? À compra de respiradores e equipamentos e contratação de equipes que já faltam em todo o país? Onde estão as medidas reais para salvar a economia, de que tanto fala? Porque não sabe o que fazer, admita.
O senhor entende que jamais dormirá em paz novamente porque o peso de muitas dessas mortes já recai sobre as suas costas e essa sua insistência em negar a importância do isolamento social, da quarentena, e que tem levado à desobediência da que ainda é a única medida possível hoje para ao menos conter o avanço da contaminação?
Não é capaz nem de ao menos perceber que a cada dia as medidas precisarão ficar ainda mais rigorosas, ao invés de serem relaxadas, e por sua causa? Os governadores e prefeitos um pouco mais sensatos obrigados a diariamente atropelar seus desfeitos e desmandos.
Por que o senhor, essa equipe e gente desconectada da realidade que o segue como zumbis, não veem o que acontece à cada medida improvisada, a cada crise institucional?
Repito: o senhor não está nada bem. E tudo que faz está sendo escrito, filmado, registrado, bastante comentado.
Eu não me calo. E sei que não nos calará. Nem adianta tentar, porque a cada dia somos mais e mais, contando agora com muitos dos que um dia até o apoiaram, e se sentem traídos. E que estão muito bravos, senhor. E desilusão não tem volta.
* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo.
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Tião Aranha
09 de maio, 2020 | 20:10Pelo Fetichismo de Marx, quando uma quadrilha já está instalada no governo o
universo conhecido começa a desmoronar-se e a vida a desintegrar-se tal qual um
organismo tomado por bactérias ou doença viral; daí a necessidade de combater o
inimigo à distância e não no corpo-a-corpo porque a tecnologia atual assim recomenda.
Não é fácil recuperar de forma oficial, através da Justiça, todo o prejuízo
material.
O fato é que a base toda é que tomamos como verdade ou mentira tudo que o
governo diz; pois triste é saber que toda ordem democrática é acompanhada da
corrupção sendo o capitalismo vivido pela América Latina ser estritamente
fundamentalista ou terrorista e comandada sobejamente pela Direita.
Feliz são Os Estados Unidos que dão mais primazia à Economia do que a
Democracia.
Pela teoria judia do Holocausto: quando se combatia um agressor da sociedade
estava se preservando a Humanidade já que Cristo preservando a unidade da pessoa em
oposição ao egoísmo, poderia trazer a paz em nome do amor, ao invés de pensar
somente em Dividir.
Os pequenos dividem - enquanto os grandes - unem-se, sempre; para evitarem a
derrota.”
Marcos Oliveira
09 de maio, 2020 | 16:53O presidente já era o que é, desde os tempos idos. Não enganou ninguém. As entrevistas diversas que dera ao logno de sua carreira como deputado e como pre-candidato a presidência, já indicava qual era sua personalidade.
Mas os Sofismas e fake news prevaleceram numa sociedade que não tem o hábito de pesquisar, ler história, conferir a veracidade de informações. A Cultura do ódio despertou o que existe pior dentro do ser humano. A falta de Empatia e Compaixão, e a violência.
Para resumir todo o brilhante texto, basta este trecho:
"...a sua visível loucura, destempero, incapacidade de liderança.
Suas marchas insanas. Suas aparições assombrosas. O terror das milícias que o apoiam,
incentivando grupos, violência, agressões e ataques, as carreatas da morte e agora, nessa
última versão, suas passeatas com engravatados contra a democracia, invadindo os
guardiões da ordem constitucional."”