30 de abril, de 2020 | 18:30

Secretaria de saúde monitora jovem atestado positivo para Covid-19

Jovem de 26 anos responderá na Justiça por ter quebrado quarentena enquanto estava na condição de suspeito de ser portador do coronavírus

Já está em Ipatinga, acompanhado pelo Serviço de Vigilância Sanitária, o jovem de 26 anos que no começo da semana teve atestado positivo para Covid-19 e acabou no meio de uma polêmica. Morador de Ipatinga, ele deveria ter cumprido quarentena por suspeita de infecção com o coronavírus, mas decidiu ir para a casa da namorada no município vizinho. Por ter cometido uma infração prevista no código penal, responderá criminalmente pelo seu ato.

Ele foi “deportado” de Caratinga na quarta-feira (29) e veio dirigindo o seu carro, escoltado por uma viatura da Vigilância Sanitária daquele município e outra viatura da Polícia Militar, porque além do problema de saúde também estava com sua integridade física em risco, ameaçado por populares enfurecidos.

A secretária de Saúde de Caratinga, Jacqueline Marli, informou que ainda na segunda-feira, quando a situação veio à tona foi iniciada a investigação acerca do caso e a conclusão foi a seguinte:

No dia 21 de abril, feriado de Tiradentes, o ipatinguense viajou a Caratinga para ficar com a namorada, que é Agente Comunitária de Saúde (ACS). Ele retornou para Ipatinga na quarta-feira (22) e, na quinta-feira (23) começou a sentir-se mal, com tosse e dor peito.

A empresa onde ele trabalha, e cujo nome não foi divulgado, encaminhou o funcionário para consulta e ele foi para o Hospital Márcio Cunha, onde entrou na lista de suspeitos da Covid-19 e teve coletado material, ainda no dia 23.

Na condição de suspeito da doença, o jovem foi orientado a ficar em quarentena domiciliar e, para isso, assinou um termo de responsabilidade, conforme prevê o protocolo do Ministério da Saúde par esse tipo de situação.

Entretanto, ele pegou ou seu carro, retornou para Caratinga novamente e foi para a casa da namorada, no bairro Anápolis. “Ele não tinha o resultado do exame, mas estava em quarentena domiciliar, não obedeceu a quarentena e veio para cá. No fim da tarde de segunda-feira, a servidora pública, muito nervosa, procurou a Secretaria de Saúde e informou toda a situação".

"O namorado estava em Caratinga e com diagnóstico positivo para Covid-19. Imediatamente cercamos as pessoas no entorno dela, identificamos outras quatro colegas de trabalho que estiveram em contato com a jovem, que passaram a ser monitoradas. Quanto a ela, por estar inclusive ameaçada por vizinhos, tivemos que colocar em internação social em um hospital, para a própria segurança dela”, detalhou Jacqueline Marli.

A secretária de Saúde também confirma que conversou, por telefone, com o ipatinguense contaminado. Na conversa ele alegou que, quando foi para Caratinga, não sabia que estava positivo para Covid-19. “Reafirmei que a atitude dele foi irresponsável, ao sair da quarentena na cidade dele e vir para Caratinga. Ele reconheceu os transtornos que causou, mas não deixará de responder criminalmente por ter colocado outras pessoas em risco sanitário”, acrescentou.

“O retorno dele à cidade de origem foi acompanhado pela Vigilância Sanitária até a entrada dele em Ipatinga. A partir do retorno, passou a ser responsabilidade da Secretaria de Saúde de Ipatinga”, enfatizou a secretária.



Novo teste em namorada

A secretária também informou que houve um levantamento dos locais por onde o jovem contaminado passou. A namorada dele já foi submetida a um teste rápido, deu negativo, e outro teste está agendado para essa sexta-feira (1), quando completa sete dias do novo contato entre os dois.

Jacqueline também informou que a investigação procurou identificar todas as pessoas com as quais o ipatinguense teve contato em Caratinga, no feriado de Tiradentes e depois, a partir do dia 23, quando retornou à cidade.

O tenente PM Lessa, que atuou na ocorrência da PM, registrada ainda na terça-feira (28), acrescentou que “as pessoas precisam entender que podem responder criminalmente em caso de quebra de quarentena domiciliar. A infração é tipificada no código penal. Foi elaborado um Boletim de Ocorrência e ele assinou um termo circunstanciado de ocorrência. Posteriormente terá que comparecer em Juízo, para responder pelos seus atos”, concluiu.