02 de maio, de 2020 | 20:00
Quando a pandemia passar
Ricardo Viveiros *
Em meio à prioritária luta pela preservação da vida, travada na linha de frente da ciência médica, buscam-se soluções para a sobrevivência da economia. Além de vidas é preciso salvar empresas, empregos, investimentos, tributos, retomar o nível de atividade após o domínio da Covid-19. Na pandemia, a única certeza é de que tudo é incerto.Depois que o furacão passar, o mundo não será o mesmo. Algumas transformações, que estavam em andamento, deverão ser aceleradas, incluindo o uso de meios digitais, a intensificação do e-commerce e de tecnologias voltadas ao aprimoramento da qualidade e produtividade. No setor de serviços, entre outros, comprovou-se a viabilidade do home office, até com mais resultados.
Na agricultura de precisão, que contribui para racionalizar o uso seguro de fertilizantes e defensivos, tais mudanças não serão na mesma velocidade em todas as nações e, até mesmo, dentro de países como o Brasil, com assimetrias regionais. Deve-se levar em conta a questão da governança, distinta entre as empresas de maior porte e o grande número de produtores familiares. Em muitos casos, o tipo de gestão e os que comandam seguem modelos tradicionais. Aos poucos, vão sendo influenciados e aprendendo com os jovens, que agregam conhecimento acadêmico e expertise em tecnologias e práticas modernas.
Na área da saúde, há um ponto muito importante que a pandemia provou necessário: o prontuário digital. Esse avanço possibilita ao paciente e a qualquer médico que o esteja atendendo, terem acesso aos dados clínicos em qualquer lugar do País ou do Planeta. É fundamental que os profissionais que assistem um paciente possam acessar todas suas informações de saúde, incluindo eventuais comorbidades que podem agravar a Covid-19. O prontuário digital facilita e direciona o tratamento desde o início, ajuda a salvar vidas.
Por outro lado, como a humanidade está enfrentando um "inimigo" desconhecido, que a ataca há pouco mais de seis meses, é cedo para análises conclusivas do que vá acontecer após a pandemia. Algumas tendências de mudanças parecem adequadas e começam a ser levadas em conta. A digitalização, antes opcional e importante, torna-se irreversível e decisiva.
Algo muito visível está nas empresas de todos os segmentos que estão conseguindo atender bem neste momento. Elas deverão sair fortalecidas desta crise, com boas perspectivas de crescer, fidelizar clientes e conquistar novos. A Covid-19 está mostrando com mais clareza, também o caráter das organizações.
Algumas lutam para manter colaboradores, investir em qualidade, preservar o bom atendimento e a prestação de serviços de alto nível. Estas veem a pandemia como um momento de empenho coletivo e oportunidade de crescer na produtividade pela sinergia e liderança agregadora, participar de uma corrente ampla em prol do interesse coletivo.
Outras, veem a crise como chance para ajustar o quadro atual à demanda reduzida, diminuir qualidade, aumentar preços, menosprezar a entrega de bons produtos e serviços e exigir mais resultados como ação unilateral, descolocada do interesse geral na luta pela sobrevivência. Estas, por miopia empreendedora, estão se descapitalizando de algo em que investiram por anos: os recursos humanos, seu mais valioso patrimônio. Terão mais dificuldades para se recompor depois da crise.
O momento é de muita sensibilidade, ou seja, de extrema valorização de quem está ao lado da sociedade, do cliente, do fornecedor, dos parceiros e de seus próprios colaboradores. Empresas que souberem entender o momento e atender ao que se espera de organizações éticas, sairão fortalecidas da pandemia.
Outro aspecto que parece caminhar para mudança mais profunda é a horizontalização da produção. Tal conceito, difundido e desenvolvido desde que a Era Digital intensificou a globalização nos anos 1980, deverá ser revisto. A crise mostrou que a dependência de insumos, matérias-primas e produtos e/ou componentes de outros países coloca várias cadeias de suprimentos em risco. É provável, assim, que as indústrias busquem um reposicionamento, com uma estrutura de produção mais autossuficiente no contexto de cada país e menos dependente de fornecedores externos. Surgem aí numerosas oportunidades para segmentos fornecedores de matéria-prima, peças, componentes e serviços para fábricas de bens de consumo e de capital, bem como na agroindústria.
A história demonstra que a civilização aprende pouco e esquece com rapidez os problemas depois das crises. Portanto, é preciso estar atento, quando a ciência solucionar o desafio biológico do novo coronavírus, o que certamente ocorrerá, a como as pessoas e as empresas emergirão: será aprendida a dura lição, ou retornarão à "normalidade" como se nada tivesse ocorrido? Se a maioria do setor produtivo vislumbrar um mundo com mais competição e liberalismo, em um momento em que a maior parte da população parece esperar mais cooperação e solidariedade dos donos do capital, teremos perdido a histórica oportunidade de evoluir para melhor.
* Jornalista, escritor e professor, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Membro Honorário da Academia Paulista de Educação (APE) e autor, entre outros, dos livros: "A vila que descobriu o Brasil" (Geração), "Justiça seja feita" (Sesi), "Educação S/A" (Pearson).
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Tião Aranha
03 de maio, 2020 | 11:23"O desafio biológico do novo coronavírus" é o mais complexo e importante - por dois motivos. Se você soubesse como o asiático come porcaria, era mesmo necessário só você indo lá pra verificar. Sem falar que o morcego pica animais, dentre outros; o cachorro é prato predileto do chinês . Logo, doenças ingeridas por carnes contaminadas são transmitidas às pessoas que se infestam diretamente umas às outras numa mesma comunidade. (Daí se espalha). O outro desafio está na fabricação da vacina pra bilhões de pessoas em curto espaço de tempo - por se tratar da combinação de vírus diferentes de animais que sofreram mutações genéticas - sendo única saída o uso da engenharia genética. O assunto é complexo demais: são vírus saindo do seu habitat natural, o corpo dos animais, e vindo morar definitivamente no corpo do homem levando-o à morte. Todo esse otimismo em saber que o ser humano é realmente limitado e sempre uma é possibilidade à mais (até da ignorância pra transmitir doenças pros seus semelhantes) nisso, realmente, sempre faltarão argumentos necessários pra solucionarmos problemas complicados do deleite que nos garante a certeza definitiva da regularidade dos julgamentos de valor; mesmo sem saber, que, tudo é possível quando se tem Fé em Deus como nosso Salvador?
Parece mesmo que a Razão que sempre age sobre nossa consciência é a mesma que age sobre a nossa ignorância. Pro outro lado, existe toda uma Paz universal no mundo e todo ser humano tem a obrigação de
buscá-la para si e para os seus semelhantes. Não adianta dominar as novas tecnologias, como as indicadas pelo nobre colunista, se não temos conhecimento nem para respeitar ao menos as leis da Natureza. Com certeza, um demônio qualquer fez com que se esquecessem dos sonhos fundamentais da humanidade. (Os exemplos vêm lá de cima). Quem não conhece o poema de Cecília Meireles baseado no místico medieval Angelus Silésius: "Se, no teu centro um Paraíso não puderes encontrar, não existe
chance alguma de algum dia, nele entrar. Aí vem Ela:No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro: no canteiro, uma violeta, e, sobre ela, o dia
inteiro. E entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de uma borboleta?.
Conclusão: somos a borboleta. Nosso mundo, destino, um jardim.
Todo político deveria ser um jardineiro, todo jardineiro deveria ser um político.
Segundo Bachelard: ?O universo tem, para além de todas as misérias, um
destino de felicidade". O homem deve reencontrar o Paraíso perdido.”