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01 de maio, de 2020 | 20:00

Opinião: Moro X Bolsonaro

Bady Curi*

O pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça e da Segurança Pública mexeu com seus admiradores e com o presidente Jair Bolsonaro. Moro foi convidado pelo presidente a assumir importante função do executivo, chefiando um dos Ministérios de maior destaque, em vista da fama conquistada à frente dos processos da Lava-Jato, quando exercia a nobre e árdua função de Juiz Federal de Curitiba. Magistrado implacável contra a corrupção, independente de quem estava sentado no banco dos réus, condenara empresários, políticos e o ex-presidente Lula.
No exercício da judicatura, recebia o apoio e aplausos de quase toda sociedade Brasileira, o que lhe rendeu fama nacional e internacional, deixando sua biografia conhecida por todos.

A despeito de seu brilhantismo e preparo jurídico e o pulso firme em que conduzia os processos sob sua responsabilidade, foi alvo de críticas por operadores do direito por alguns excessos cometidos, a exemplo de condução coercitiva para prestar depoimento de réu/investigado que sequer tinha sido intimado pela Polícia Federal, excessos de prisões preventivas (fragilizando o ser humano, obrigando-o a fazer colaboração premiada), vazamento de conversas de grampos judiciais de autoridades da república em processos que deveriam correr sob sigilo de justiça, entre outros.   Estes excessos ficaram emudecidos diante dos aplausos da plateia.

Com a fama obtida, e com a possível indicação para Ministro do STF pelo Presidente eleito, quando surgisse a primeira vaga, deixara mais de 22 anos de carreira judicante para assumir o cargo de Ministro da Justiça e da Segurança Pública, firmando que iria continuar sua luta contra a corrupção, iniciada naquela 13º Vara Criminal Federal de Curitiba.

Ao assumir o cargo de confiança do novo Presidente da República, surgiu o primeiro problema, o The Intercept. O site jornalístico começou a vazar conversas que o então Juiz Sergio Moro mantinha com o Procurador da República, Deltan Dallagnol, grampeados ilegalmente, diga-se de passagem, mas que segundo o jornal mostrava “comportamentos proibidos e antiéticos entre o então juiz e o coordenador da Lava- Jato que botam (sic) em questão o trabalho e a credibilidade de ambos”.

Destaca-se que o Presidente da República, foi fiel a seu subordinado, nutrindo a mesma confiança ao seu Ministro Moro. Por diversas vezes, no meio do furacão provocado pelo vazamento dos grampos ilegais, críticas de magistrados do mais alto escalão da República, Jair Bolsonaro compareceu em eventos públicos com Moro, demostrando todo o seu apoio e fidedignidade.

Agora, por um desentendimento na nomeação do superintendente da Polícia Federal, Moro pede demissão convoca uma coletiva de imprensa, e sai atirando contra aquele que lhe nomeara, em meio a uma das crises de saúde mais sérias já vivenciadas pelo Brasil e pelo Mundo.  

O ex-Juiz e agora ex-ministro chega a enviar para importante veículo de comunicação mensagens particulares trocadas com sua afilhada e deputada Carla Zambelli (PSL-SP) que tentou demovê-lo da demissão, além de diálogos com o Presidente da República, todos pelo whatsapp.

Acaso Moro achasse que o presidente cometera alguma ilegalidade, deveria utilizar dos meios adequados e não fazer um carnaval televisivo. Sua vaidade em buscar os últimos aplausos ofuscou seu discernimento. Segundo Santo Agostinho “vaidade não é grandeza, é inchaço. E o que está inchado, nunca é sadio”.

* Advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário
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Comentários

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Eunicio

02 de maio, 2020 | 08:31

“O conluio entre juiz e procuradores na Lava Jato já mostrara a verdadeira face do ex juiz, nenhuma novidade.
O InterceptBrasil já escancarou o submundo da LJ. A vaidade e sede de poder levou ao fracasso. A tal ética midiática caiu por terra.”

Tião Aranha

01 de maio, 2020 | 22:59

“O ideal seria se todo homem simples e religioso pudesse aspirar a que os frutos da terra, as suas magníficas benesses, fossem realmente um bem comum, nunca um privilégio de uns poucos. "A verdadeira alegria é ficar feliz com a alegria dos outros". Os últimos acontecimentos neste país tem movimentado personagens desentranhadas do todo social, dos humildes, dos desprotegidos, dos desgarrados, dos pátrios do amor e da
fraternidade, dos abandonados à própria sorte. Enfim, tem colocado cada um em seu devido lugar. Prejulgamento é coisa séria; pois até ontem, nem Deus havia julgado ninguém. Uma coisa é certa: ninguém consegue estar nas alturas e no abismo ao mesmo tempo - nem que se estivesse acima do bem e do mal.”

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