28 de março, de 2020 | 10:00

''Gripezinha'', não: é o letal e novo coronavírus

Margarida Drumond de Assis *

O mundo se curva diante de um inimigo invisível: o novo Coronavírus, uma síndrome respiratória aguda grave, doença infecciosa batizada de Covid-19. Era 31 de dezembro de 2019, quando a China informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre um vírus desconhecido que se espalhava por lá, tendo como epicentro a cidade de Wuhan. Não demorou e ele atravessou fronteiras, silenciosamente, sem que o impedissem. Também, como fazê-lo se, ardiloso, ele não se manifestava e quem o portava não sentia mal algum, nenhum sintoma? Assim, em pouco tempo ele alcançou todos os continentes, à exceção da Antártida. O número dos infectados já passa dos 100 mil, com milhares de mortos. No entanto, na terça-feira (24), em rede nacional de TV e rádio, desqualificando todas as iniciativas da OMS, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e organismos correlatos, o presidente Bolsonaro disse tratar-se de uma ‘gripezinha’ e criticou o isolamento social, ao qual chamou de ‘confinamento em massa’.

É preocupante a situação que o mundo vive, e para vencermos o impacto causado pelo novo Coronavírus, só mesmo todos nós, juntos, não apenas nós brasileiros, mas os povos de todas as nações. Já são milhares as mortes ocorridas, devido à contaminação por meio de pessoas sem os sintomas da febre, tosse seca ou coriza em tão poucos dias, e a barreira para nos protegermos deve ser forte. E olhe que, conforme especialistas, cerca de 80% dos infectados apresenta sintomas leves.

Com o número de casos confirmados ao redor do mundo passando dos 100 mil, estejamos atentos ao isolamento social, à quarentena individual se ela for recomendada; mantenhamos distância uns dos outros, se nos aproximarmos para uma conversa ou quando formos às unidades essenciais, como farmácia e supermercado.

É uma pandemia, conforme declarou a OMS em 11 de março, e o termo, quando usado, mostra que se trata de uma doença infecciosa que ameaça pessoas do mundo inteiro, simultaneamente. Quando falamos de pandemia, perguntamo-nos assustados por que tudo isso e, naturalmente, nos apavoram com o que vemos: a mudança drástica na vida das pessoas, sem nada poder fazer fora de casa; as cidades sem ninguém nas ruas; as portas de empresas fechadas; hospitais de campanha sendo montados para atender os doentes menos graves, deixando os leitos dos hospitais para os mais graves e moribundos.

O número de infectados na Espanha já extrapolam os leitos hospitalares e eles estão sendo levados para hospitais de campanha; a Itália já confinada há 17 dias é agora epicentro da Covid-19, com a polícia atuando se alguém é pego na rua; e também lá veem-se os drones fiscalizando, mandando as pessoas de volta para suas casas; as cenas dilacerantes em Bergamo, a nordeste de Milão; em Brescia e Cremona, na Lombardia, os mortos sendo levados em comboios para sepultamento fora de sua terra, pois hospitais e cemitérios estão cheios.

E pensar que o primeiro caso ali foi há menos de  dois meses, no dia 31 de janeiro. Constatamos quão grave é o coronavírus, quando vemos que há apenas 25 dias, na Itália, eram 17 mortes; um mês depois, 7.500; quando a  Espanha hoje supera a China em número de mortos pela doença - 738 pessoas nas últimas 24 horas - indo para um total de vitimas de 3.434, segundo informou o Ministério da Saúde.

Temos visto cidades isoladas; presos liberados para evitar aglomerações; e como a China e a Itália, Irã e a Coreia do Sul também são grandemente afetados pela pandemia. São inúmeros os fatos a arrolar.

Uma pandemia normalmente ocorre quando não temos as defesas naturais contra o vírus, nem medicamentos ou vacina para nos proteger. Pesquisas apontam que bactérias, vírus e outros microrganismos já foram causadores de incontáveis mortes à humanidade. Então, o vírus infecta-nos e passamos
a transmiti-lo, às vezes sem saber por estarmos assintomáticos.

Antes desta pandemia do coronavírus, outras já assolaram a humanidade e levaram muitas vidas, como a Cólera, a peste negra; a tuberculose, a Gripe Espanhola, o vírus influenza, com milhões de pessoas mortas, o vírus H1N1, uma pandemia variante da gripe suína, quando foram infectadas milhões de pessoas e mortas centenas de milhares.

Portanto, quando vemos o Ministério da Saúde comunicando milhares de casos da Covid-19 confirmando centenas de mortes, sabemos que devemos acompanhar aa orientações da OMS, do Ministério da Saúde, de médicos e sanitaristas e dos governos de estado. Devemos nos sentir seguros, pois o Brasil está alinhado com as grandes autoridades do mundo, e a normalidade voltará. E, claro, depois de tudo isso, o mundo perceberá, ainda mais claramente, quanto estamos conectados, devendo ter preocupação e cuidados para com o outro: não estamos sozinhos no planeta, e sim, ligados globalmente. Enquanto nos detemos entre as paredes de nossa casa, percebamos que temos, oportunidade de uma vida mais fraterna, estreitar laços.

É preciso maior identificação dos valores morais, éticos, sociais e espirituais para uma vida com mais humanidade, como pede o Papa.

Francisco, que, como nós, está enclausurado e em oração constante, em especial pelos que estão na linha de frente: os profissionais da saúde.

* Jornalista, professora, escritora, diretora teatral, poetisa, romancista, cronista e redatora. Autora de 20 livros publicados. Presidente coordenadora da AJEB – DF. [email protected] - www.margaridadrumond.com.
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Comentários

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Amir José de Melo

28 de março, 2020 | 14:52

“Muito bem minha amiga Margarida. A manifestação de hoje é a prova da sua perseverança em favor do bem. Você sempre marca presença em temas da atualidade, desde seus tempos de radialista, com especial preocupação em ajudar o coletivo, com informações reflexão. Tal como presente nos livros que escreveu, vincula de forma coerente os valores espirituais que você trouxe de berço. Parabéns.

Seu amigo Amir J. de Melo”

Tião Aranha

28 de março, 2020 | 13:47

“Pois é, Margarida. Qualquer pessoa antes de falar ou de fazer Deus já sabe da intenção da mesma. O momento é de união e reflexão. Um poeta sempre procura morar num lugar de verdade e viver uma vida de verdade. Seria até muito bom se cada um pudesse viver apenas das coisas visíveis deste mundo. Mais uma vez os homens sendo derrotados pelas coisas 'invisíveis' deste mundo. Isso é sério, ou é brincadeira? Pra muitos, fichinha ainda não caiu.”

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