23 de março, de 2020 | 16:00

Outra tentativa

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
A bola está parada, e a grande preocupação dos dirigentes é como o futebol, leia-se os clubes grandes, médios ou pequenos, vão voltar depois que a crise do coronavírus passar. Várias reuniões estão sendo anunciadas para esta semana, e uma delas chama a atenção por não ter a chancela da CBF ou de alguma das federações estaduais.

O movimento, segundo o blog do jornalista Paulo Vinicius Coelho (PVC), que já ganhou até o pomposo nome de “Aliança Brasileira de Clubes”, envolveria representantes do Atlético Mineiro, Athletico Paranaense, Corinthians, Santos, Bahia, Sport e Cruzeiro, que, mesmo tendo sido rebaixado à Série B este ano, participaria como convidado especial.

Trata-se de uma tentativa para aumentar os ganhos financeiros, sem a participação da CBF, negociando diretamente as transmissões internacionais dos jogos e a loteria chamada Big Data, dois nichos ainda inexplorados.

Agora vai?
A dúvida é se “agora vai”, mesmo porque, ao longo das últimas décadas, vários movimentos semelhantes foram ensaiados e nunca dão certo, pois falta união entre os dirigentes dos nossos clubes de futebol.
No final a história se repete, e quem deita e rola é a CBF e as tais federações estaduais, que monopolizam a administração do futebol e fazem o que bem entendem, à revelia dos interesses dos clubes, cuja maioria pensa ‘pequeno’ e só sabe puxar a brasa para sua sardinha.

Nessa linha, conforme revela PVC, o Flamengo já avisou que não vai participar desse movimento, preferindo agir sozinho. Outros, como Fluminense, Vasco, Palmeiras e São Paulo, estão debaixo do balaio da CBF, contando sempre com as migalhas que ela lhes dá em ajuda financeira, agora mais ainda, diante da promessa de intermediar um perdão de suas dívidas com o governo federal.

FIM DE PAPO
• Há duas semanas, bem antes da crise do coronavírus explodir no país, havíamos alertado aqui na coluna para os prejuízos que a iminente parada das competições traria ao futebol. Na Europa, aonde a paralisação dos jogos nas principais ligas vieram mais cedo, calcula-se que os prejuízos alcancem algo em torno de R$ 20 bilhões.

• Aqui no Brasil não há ainda nenhum indicativo de quando as competições serão retomadas. Inicialmente, a CBF e as federações contavam com o reinício dos estaduais e da Copa do Brasil no próximo mês, mas o cenário neste momento é de pessimismo, devido ao iminente avanço da doença a níveis cada vez mais elevados.

• Até agora houve apenas uma tímida manifestação da CBF, através do secretário da entidade, Walter Feldman, figura nada confiável, de se estabelecer contatos com autoridades governamentais, no sentido de obter algum alívio nas finanças dos clubes, através da suspensão de suas dívidas no chamado Profut. Além disso, a entidade poderia propor antecipação das férias dos jogadores e até negociar uma redução de salários neste período de perdas, devido à pandemia do coronavírus.

• Mas, como lembrou o PVC, “a desunião dos dirigentes, que nunca conseguem implantar uma agenda comum de interesses”, impede qualquer avanço maior. A CBF, que lucrou quase R$1 bilhão no último ano, deveria abrir o seu recheado cofre e oferecer ajuda direta aos clubes neste momento de dificuldades, sem sangrar os cofres governamentais. Mas sai sempre pela tangente quando alguém toca neste assunto, contando em seu favor com a desunião dos clubes, que no fim caminham para morrerem abraçados.

• De concreto mesmo é que a roda gigante do futebol não será a mesma após a pandemia do coronavírus. Se nossos dirigentes, cabeças-duras, não vão por amor, agora terão de ir pela dor. Mudanças serão forçosamente que ser tomadas, algumas inclusive que já se fazem necessárias há algum tempo, a exemplo das alterações no calendário para torná-lo compatível com o europeu, além de rever as relações atuais com a CBF e federações, as entidades que mais lucram com o futebol, sem ter um único torcedor ou jogador registrado. (Fecha o pano!)
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