28 de fevereiro, de 2020 | 15:41

O impacto do coronavírus na economia e no mercado brasileiro

Marcelo Godke Veiga *


O anúncio do primeiro caso do coronavírus (Covid-19) no Brasil bagunçou ainda mais com o mercado financeiro, que já não andava bom. O dólar, que já havia batido a casa dos quatro reais, agora chega perto dos cinco, em cotação recorde desde a criação da moeda, com o Plano Real. E a tendência é que a situação ainda piore um pouco, enquanto a epidemia no mundo não é deflagrada com respostas médicas eficazes. No Brasil ainda pesa na crise cambial um forte componente político com uma disputa entre o Governo Federal e o Congresso Nacional, crise que leva na esteira também o STF.

Numa crise mundial, a tendência é que os operadores internacionais façam o movimento chamado flight-to-quality, isto é, vendem o que consideram investimentos de maior risco e compram investimentos mais seguros. Nesse sentido, o dólar costuma se valorizar em relação a todas as moedas e não somente em relação ao real.

As próximas semanas serão cruciais para avaliar maiores riscos do mercado financeiro como um todo, que já sofre consequências imediatas. O dólar ainda deve subir mais e os papéis irão se desvalorizar. Para quem atua no mercado, a queda pode ser uma boa oportunidade de compra, para aguardar uma revalorização. Mas tudo vai depender da resposta dos governos, e também do comportamento do vírus nas próximas semanas.

O momento também não é bom para quem estava planejando comprar dólar, devido à alta. Fora do mercado financeiro, a economia no Brasil também pode sofrer alguns baques, como o setor de turismo, devido à diminuição de viagens internacionais. E como a China é um grande produtor industrial, a diminuição de sua atividade econômica não é nada alvissareira para a economia mundial. E muito menos para o Brasil. Exportamos muitos commodities para a China, como alimentos. Esse setor pode ter um impacto grande, assim como o de turismo. Outro impacto direto para o Brasil deve ser a importação. Importamos muita farinha de trigo e muito aço, esse especialmente da China.

Com a disseminação do vírus pelo mundo, os negócios podem ser afetados e os preços, subirem. É um efeito cascata,
A maneira como os governos estão enfrentando a situação também influencia os mercados. A impressão é que o governo brasileiro passa segurança em suas medidas. Isso ajuda a diminuir a sensação de medo e acaba afetando os mercados. Na verdade, a maneira como os governos de todos os países estão lidando com a situação influencia muito os mercados. Dizem que teremos uma vacina daqui a um ano. Teremos que esperar outras respostas da medicina e aguardar para ver como o vírus se comporta.

* Professor do Insper e FAAP avalia possível fuga de investidores e retração econômica de alguns setores
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