18 de fevereiro, de 2020 | 11:00

Ortopedista alerta que nova ''brincadeira'' nas escolas pode deixar graves sequelas

O ortopedista Evander Grossi afirmou que as crianças e adolescentes não devem praticar esse ato nas escolas, ou em qualquer outro lugar

Wôlmer Ezequiel
Evander Grossi afirmou que, dependendo do impacto, a pessoa pode sofrer um traumatismo cranianoEvander Grossi afirmou que, dependendo do impacto, a pessoa pode sofrer um traumatismo craniano
(Repórter - Tiago Araújo)
Pode parecer engraçada para alguns, mas a nova “brincadeira” que viralizou nas escolas, apelidada de “quebra-crânio”, não tem graça. Nas últimas semanas, vídeos de alunos sendo vítimas desse ato têm repercutido nas mídias sociais. Em entrevista ao Diário do Aço, o médico ortopedista Evander Azevedo Grossi alerta que essa “brincadeira” pode causar danos irreversíveis ou até a morte.

Para quem ainda não conhece, a prática ocorre entre três pessoas, que ficam uma do lado da outra. As duas da ponta pulam primeiro e pedem para que a do meio salte também, em seguida. Mas assim que ela faz o que é pedido, leva uma rasteira no ar em suas pernas, provocando sua queda, sem tempo para reação. Parece uma brincadeira sem noção, mas ganhou adesão.

O ortopedista Evander Grossi afirmou que as crianças e adolescentes não devem praticar esse ato nas escolas, ou em qualquer outro lugar. “Essa é uma brincadeira de extremo mau gosto. Quem faz isso não tem noção dos danos que podem ser causados. Aconselho a não participarem e também a não praticarem nos outros”, informou.

Altura

Conforme o ortopedista, a altura em que a pessoa cai pode parecer baixa, mas é suficiente para deixar graves sequelas. “Dependendo da maneira que ela cair, pode quebrar o braço, coluna ou cóccix. Devido ao impacto nessa região da lombar, pode até perder o movimento dos membros inferiores, provocando uma paraplegia, e ter que ficar em uma cadeira de rodas o resto da vida. Em muitos casos, não há possibilidade de recuperação. E se tiver uma fratura com lesão medular, a pessoa pode ficar até tetraplégica, dependendo do nível do trauma”, alertou.

Risco de morte

Evander Grossi também salientou que, devido à posição que a pessoa tende a cair nessa “brincadeira”, ela pode bater a cabeça no chão, o que seria mais grave ainda. “Com isso, pode ter um traumatismo craniano, o que é gravíssimo. E pior, a pessoa corre riso até de morrer se bater a cabeça muito forte no chão. Pode causar um Acidente Vascular Cerebral (AVC), hemorragia cerebral e até a morte do indivíduo. Por isso, os pais devem ficar atentos e alertar seus filhos para que não participem dessa prática”.

Em novembro do ano passado, uma adolescente de 16 anos, de Mossoró (RN), morreu após participar da brincadeira. Emanuela Medeiros foi levada a um hospital com traumatismo craniano, foi atendida, mas não resistiu.

Posicionamento

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) também se pronunciou, por meio de nota, acerca da nova “brincadeira”. “Vem, por meio deste, alertar aos pais e educadores sobre a necessidade de reforçar a atenção com crianças e adolescentes, diante do desafio ‘quebra-crânio’, que se alastra pelo ambiente doméstico, escolar e é reproduzido nas mídias sociais. Ele provoca uma queda brutal, em que um dos participantes bate a cabeça diretamente no chão, antes que possa estender os braços para se defender”.

A SBN ainda afirmou que esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo (Traumatismo Cranioencefálico - TCE), além de danos à coluna vertebral. “Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo prejudicado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito. O que parece ser uma brincadeira inofensiva é gravíssimo e pode terminar em óbito. Os responsáveis pela ‘brincadeira’ de mau gosto podem responder penalmente por lesão corporal grave e até mesmo homicídio culposo. Deste modo, como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas”, concluiu a nota.
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Comentários

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Ana

18 de fevereiro, 2020 | 11:37

“Se faz necessário palestras nas escolas sobre o assunto mostrando cientificamente os danos que a brincadeira pode causar e as sanções que os "agrassores" podem sofrer por esses danos causados á outrem.”

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