15 de fevereiro, de 2020 | 09:20

Faltam orientação e valorização do jovem

Bernardo Eleuterio Gomes *

“Há uma grande lacuna que precisa ser urgentemente preenchida, que é a valorização do jovem”

Ipatinga, um importante centro administrativo do Vale do Aço, que visa sempre o desenvolvimento ordenado e o conforto de sua população, sofre com um grave problema social que atinge principalmente os jovens, que, quando se deparam com a vida adulta não sabem qual caminho seguir. E isso pode levar à imaturidade prolongada. Esse quadro é causado por uma triste negligência do Estado que deixa pessoas imaturas à mercê da sorte.

A maioria dos jovens entre 18 e 24 anos, por questões de estabilidade financeira, almejam um trabalho de carteira assinada, e se vincula com a primeira oportunidade de emprego que lhe aparece. Porém, muitas das vezes esse primeiro serviço não é o desejado, levando o jovem à frustração e o descontentamento. Em breve já quer sair deste primeiro emprego e ir para outro e nesse outro também descobre que não é o que quer para seu futuro, e assim sucessivamente. Também é a realidade que atinge aquelas pessoas jovens que preferiram cursar uma universidade, mas não tem certeza qual carreira quer seguir.

Essa constante indecisão e preocupação mediante o futuro, pode levar a um quadro clínico de ansiedade e até mesmo depressão. Mas onde o problema pode interferir na sociedade?

Sabendo que os jovens da atualidade serão os adultos futuramente, e o que sentem pelo seus serviços e estudos é descontentamento e até desprezo, acarretará numa geração de adultos que verão os estudos como obrigação, e o trabalho como um fardo, e só terão prazer e alegria na igreja, na balada ou outros entretenimentos; e em casos extremos, mas não obstantes, o tráfico de drogas e a prostituição se torna uma opção viável.

Destarte, há uma grande lacuna que precisa ser urgentemente preenchida, que é a "valorização do jovem", cujo sentido diz respeito à integração da juventude no meio social adulto, orientando, mostrando caminhos e traçando um plano para o futuro.

Em Ipatinga há algumas oficinas como a do bairro Esperança, a qual, oferece cursos em diversas áreas, desde auxiliar de contabilidade, esteticista, à elétrica residencial. Entretanto, há poucas iniciativas dessa natureza na cidade, poucas pessoas ficam sabendo do pouco que existe e, mesmo assim, infelizmente, não é suficiente para suprir a demanda de vagas dos interessados. Além de tudo, a base destes programas, quem idealiza e realiza, são grupos de professores que não ganham quase nada, nem sequer um auxílio do governo, estes heróis se contentam com algumas doações e a enorme satisfação por ajudar o próximo.

Infere-se, portanto, que o governo deve investir, em programas que visem a orientação e o desenvolvimento do jovem, para que escolha uma ocupação com a qual se identifique, e faça por prazer, e não apenas negligenciar o jovem após o término do período escolar.

O Estado vem tapando os olhos para tal problema, ou sequer conhece as consequências dessa má gestão, mesmo sendo um problema que vem atingindo geração após geração, e que com o crescimento exponencial da população aumentará ainda mais o número de descontentes e delinquentes. Algo tem que ser feito antes dessa ferida se infeccionar.

* Estudante de pedagogia
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