24 de janeiro, de 2020 | 15:00

Distribuição de renda e a desigualdade social prejudicam o crescimento do país

Rosalvi Monteagudo *

“O que faz a renda aumentar é a produtividade e não a doação do mais rico para o mais pobre”

“A desigualdade é consequência da má administração da distribuição de renda”

O Brasil tem a segunda maior concentração de renda, atrás do Catar. A parcela de 10% dos mais ricos concentra 41,9% da renda no País, enquanto, 1% fica com 28,3% da renda. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) o desemprego é o maior fator para a desigualdade social.

O relatório do índice de desenvolvimento humano (IDH) da ONU destaca a queda do Brasil na lista de classificação da posição de 78 em 2017 para a de 79 em 2018, tendo como principal causa a desigualdade de renda; esse é um dos fatores mais influentes para a desestabilização.

Alguns acham que na desigualdade social, a distribuição de renda seria a solução, mas renda precisa ser gerada como consequência do trabalho. O que faz a renda aumentar é a produtividade e não a doação do mais rico para o mais pobre. Os mais produtivos não devem ser prejudicados e os menos produtivos recompensados, isso não é distribuir renda.

A desigualdade é consequência da má administração da distribuição de renda. As desordens sociais estão em alta no mundo, com a crescente desigualdade social e econômica, demonstra o índice da Organização Internacional do Trabalho, tendo como base os protestos e as greves.

Em relatório sobre emprego e questões sociais que apresentou na abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, para a OIT, a desigualdade vem também da remuneração do trabalhador que tem sido baixa, com as desigualdades profissionais que tem prejudicado a sobrevida do trabalhador.

Algumas das causas da desigualdade social: Má distribuição de renda e concentração do poder; má administração dos recursos- principalmente público; lógica de mercado do sistema capitalista - quanto mais lucros para as empresas e os donos da empresa, melhor; falta de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência à população carente, saúde, educação e falta de oportunidades de trabalho.

No Brasil a política econômica visa concentrar a renda na classe rica para elevar o investimento e aumentar a produção para depois repartir. Isso cria a desigualdade, pois este critério já foi experimentado antes e não deu certo. Esse é um dos problemas cruciais no planeta.

A desigualdade é resultado de políticas errôneas. E a educação é uma forma de reduzir a pobreza e a desigualdade social. Se o País tivesse uma política justa de renda não seria necessário criar o “Bolsa Família”, mas oferecer um bom salário e investimento em educação, saúde e lazer. Entretanto procura-se fazer uma reformulação no “Bolsa Familia” e mudança do nome, com previsão de aumentar a renda de 10 milhões de beneficiários, como forma de administração dos recursos públicos.

A redução da pobreza pode ser também, pela valorização do salário mínimo e transferência de renda. Um exemplo de desigualdade é citado por Pedro Ferreira de Souza em seu livro “Uma história de desigualdade, A concentração de renda entre os ricos no Brasil 1926-2013”, em que o autor usa dados históricos do imposto de renda de pessoas físicas para analisar a desigualdade no Brasil ao longo de nove décadas.

Entre outros fatores da desigualmente estão o modelo de tributação em que os mais ricos pagam menos impostos do que os mais pobres, os salários do funcionalismo público do alto escalação, a especulação no mercado imobiliário, a especulação no mercado acionário e até as políticas que privilegiam empresas específicas e diminuem o grau de competição em alguns setores.

A desigualdade social é presente no mundo todo, apesar que em alguns países é maior. E um dos contrapontos é a economia solidária, também um movimento global. A economia solidária pode ajudar a minimizar a desigualdade social, pela geração de trabalho, distribuição de renda e educação. Nela, cria-se uma empresa virtual, para aplicar as regras dos princípios cooperativistas que organiza o capital particular do cooperador/dono e pelo trabalho distribui a renda, de acordo com o valor obtido na avaliação da produção final.


* Contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária, funcionária pública aposentada e articulista na internet.
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Comentários

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Silvio Mendes

28 de julho, 2020 | 22:45

“Texto tendencioso esse!! Afinal, de onde a nobre redatora do artigo tirou a informação de que a política econômica no Brasil, visa concentrar a renda na classe rica para elevar o investimento e aumentar a produção e só depois repartir? Ora, o empresário também tem despesas e, para gerar emprego necessita sim de renda, afinal, se a empresa não dá lucro, pra que ter empresa? Diferente do que pensa a redatora do artigo, a realidade é que, sem empresa próspera, seja de grande ou pequeno porte, há de ter lucro para poder gerar emprego e proporcionar uma distribuição de renda mais justa, porém, renda justa não significa renda igual para todos. É cediço que o sucesso pessoal depende do esforço e do interesse de cada um. Se a pessoa se acomoda e deixa de agir para chegar onde deseja, isso não é culpa do empresário. É fato que, muitos ganham muito e a maioria do povo ganha pouco, também é fato que, a educação é precária no Brasil, mas nem tudo é culpa da política, todos têm a sua parcela de responsabilidade na situação da educação brasileira. Ora, se o problema fosse somente salarial, então as escolas privadas que pagam bem seus professores, teriam os melhores índices de aprovação e, não é o caso. Portanto, com toda a certeza, falta vontade popular também, não só política, por óbvio que um erro não justifica o outro, mas como explicar os inúmeros casos de sucesso de moradores de rua, garis, domésticas que atingiram seus objetivos, mesmo com a desigualdade social?”

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