19 de janeiro, de 2020 | 11:05
Buscando a liberdade poética
Escritora e artista plástica itabirana residente em Mariana cria a quinta
A poetisa, escritora, professora e artista plástica Andreia Donadon Leal, autora de 17 livros, membro efetivo da Academia Marianense de Letras, da Aldrava Letras e Artes e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, publicou em sua rede social, em dezembro passado, a proposta de uma forma poética de poema autônomo variante da quintilha, denominada quinta.E logo, dezenas de poetas passaram a produzir quintas e publicá-las, criando inclusive um grupo específico para fazer a sua divulgação -https://www.facebook.com/groups/561942247986354/?epa=SEARCH_BOX.
Mas afinal, o que é quinta?
De acordo com José Benedito Donadon Leal, doutor em Linguística pela USP, pós-doutor em Análise do Discurso pela UFMG, professor Emérito da UFOP e presidente do Conselho Editorial da Aldrava Letras e Artes, estrofes de cinco versos são encontradas na poesia, embora com pouca frequência.
A quintilha clássica caracteriza-se pela composição de estrofes de cinco versos metrificados, de redondilhas menores a maiores. Estrofes de cinco versos metrificados com mais de nove sílabas são denominadas quintetos, como o fez Álvaro de Campos no poema O menino da sua mãe”, composto de seis quintilhas hexassilábicas.
O professor lembra ainda Cecília Meireles, no poema A doce canção”, compôs cinco estrofes em quintilhas de redondilhas maiores, com jogos diferenciados de rimas. Decerto há poemas autônomos de cinco versos, mas a quintilha ou quinteto são denominações de estrofes componentes de poemas maiores, e não de poema autônomo e completo”, afirma ele.
A novidade é a apresentação formal de um acréscimo, modificação ou criação de algo, com uma denominação que lhe confere identidade, diferenciando-o do acaso. A quinta é resultado da reflexão aldravista de auferir à palavra o status de unidade básica da poesia.
A poesia clássica tem como unidade básica a sílaba, da qual resultam os jogos métricos e de rimas. Trilhando esse caminho, Andreia Donadon Leal propôs a quinta. Não importa o número de sílabas na composição métrica dos versos.
Cada verso deve ter o número de palavras determinado, que, no caso da quinta, é 2 / 2 / 2 / 2 e 1, o que alcança um outro espírito aldravista, o da liberdade.
A quinta também embute a obrigação de usar dois vocábulos nos primeiros quatro versos, e um único vocábulo no quinto, além do que o segundo verso deverá rimar com o quinto e os demais versos no estilo de versos livres, isto é, sem obrigação de métrica e sem jogos de rimas.
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Alexandre Ferreira
23 de abril, 2020 | 23:42A Quinta é uma nova forma de poesia, dando mais liberdade aos poetas, deixando-os livre para compor os poemas. Muito interessante!”