13 de janeiro, de 2020 | 14:00

Mudanças à vista?

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
Como nos últimos anos, tenho aproveitado o período de férias dos jogadores e a ausência de competições oficiais para mergulhar nos fatos e acontecimentos que influenciam diretamente o futebol, mas que, por falta de tempo, e às vezes por falta de espaço, carecem de análises mais aprofundadas.

A questão dos direitos de transmissão dos jogos pela TV paga e aberta é um deles, sendo alvo de polêmicas e discussões o ano todo, até porque interfere diretamente no calendário de competições e se tornou a maior fonte de receita dos clubes, a maioria extremamente endividada ou falida.

A nova posição da Globo, que detém os direitos, cobra e paga caro por isso, seria a realização de um Campeonato Brasileiro em temporada "plena", o que traria, na sua opinião, mais igualdade financeira entre os clubes nacionais, evitando a chamada “espanholização”, que já caminha a passos largos consolidando a hegemonia do Flamengo e Palmeiras, os dois clubes com maior potencial econômico em relação aos demais concorrentes.

Para isso, a emissora propõe como opção para os anos vindouros uma fórmula onde os atuais e desvalorizados campeonatos estaduais seriam disputados de forma simultânea com o Brasileiro, dando as melhores datas para a competição mais importante, inspirando-se no modelo da Inglaterra.

A ideia é capitaneada pelo diretor de direitos esportivos da Globo, Fernando Manuel Pinto, em entrevista ao blog do Rodrigo Matos publicada no portal UOL. Pelo modelo vigente, com validade até o fim desta temporada, os campeonatos estaduais, entre eles o Mineiro, começam no dia 21 de janeiro e vão até o final de abril, deixando sete meses para o Brasileiro, de maio ao início de dezembro.

Overdose de futebol
Para o executivo global Fernando Manuel, o calendário deveria levar em conta a importância de cada competição, obviamente dando as datas mais nobres para as mais relevantes, como o Brasileiro.
Assim, o campeonato estadual, que o executivo não vê como sendo um vilão, poderia vir a ser aumentado se fosse encaixado em outras datas, como é feito com a Copa da Inglaterra. E admite que "jogo demais também traz transtornos".

Ufa! Achei que nunca ouviria isso de um dirigente da Globo, pois até agora não havia indicativo de mudança neste conceito que privilegia a overdose de futebol na telinha, o que só aumenta a cada temporada, sem a observância mínima do critério de qualidade.
O executivo global ainda defendeu o novo modelo de distribuição de recursos do contrato de televisão, implantado em 2019, como um fator de maior "equilíbrio" e "meritocracia" entre os clubes.

Quanto a este critério, tenho minhas restrições, pois se é fato que 2/3 do dinheiro são divididos levando em conta mérito e igualdade, em razão de ter 18,9% do número de assinantes, o Flamengo sempre irá levar a maior parte do bolo, contribuindo para aprofundar ainda mais a “espanholização” do nosso futebol, que consiste na hegemonia concentrada nas mãos de dois ou no máximo três clubes.

O executivo da Globo reconheceu, porém, que sempre podem ser feitos ajustes e nenhum sistema é perfeito. Citou, por exemplo, que os times rebaixados deveriam ganhar cotas por posição, o que ajudaria de certa forma o Cruzeiro, que caiu este ano e vai viver pela primeira vez a masmorra da Série B, sem receber da TV o mesmo valor do ano anterior na Série A, como aconteceu até 2019, o que representa uma queda de 70% nos recebíveis da TV.

FIM DE PAPO
• Todo dia surge uma bomba, uma notícia ruim no Cruzeiro. Pode ser que neste momento já sejam “pão dormido” outras notícias piores do que as saídas dos empresários Vítor Medioli e Pedro Lourenço do Conselho Gestor. Esta semana será decisiva no aspecto da formação do elenco para as disputas do Campeonato Mineiro e a estreia na Copa do Brasil. O goleiro Fábio, os atacantes Fred e Sassá vão dizer se aceitam ou não as condições propostas pelos novos dirigentes da Raposa, com uma drástica redução de salários, ou se vão preferir tomar novos rumos.

• Quanto a Fred e Sassá, não acho que seria uma boa para nenhum dos lados que eles continuem no Cruzeiro. Fica a dúvida em relação ao goleiro Fábio, o jogador que mais vestiu a camisa celeste em toda a sua história e deu muitas alegrias à torcida. Fábio também tem o seu lado negativo, que ficou bem claro nos momentos cruciais da crise que levou o Cruzeiro ao rebaixamento, onde foi omisso e não exerceu uma liderança positiva junto ao grupo, o que poderia ter evitado muitas situações ruins, sobretudo na saída do técnico Rogério Ceni por imposição dos medalhões do grupo. O goleiro e ídolo celeste mistura sua crença religiosa com futebol o tempo todo, portanto, vejamos agora até onde vai a sua fé, o amor pelo clube onde ele conquistou a independência econômica e os maiores títulos de sua longeva carreira.

• As especulações vazias diante da necessidade da contratação de um centroavante artilheiro levaram o torcedor atleticano a sonhar no fim de semana com a volta de Roger Guedes e a chegada do palmeirense brigão Deyverson. Guedes ganha R$1,3 milhão por mês na China e o segundo não atende os pré-requisitos dos investidores dispostos a bancar o negócio, pois conseguiu chegar aos 28 anos de irresponsabilidade, muita confusão e pouco futebol nos ombros. Felizmente, parece que a atual diretoria tomou este ano uma boa dose de ‘simancol’ e parou de cometer sandices só para fazer média com a torcida, o que só traz prejuízos e sangra ainda mais os cofres do clube.

• O técnico Rafael Dudamel teve a primeira semana cheia para trabalhar na Cidade do Galo e impressionou pelos métodos utilizados, bem diferentes dos nossos “professores”, em sua maioria desatualizados e parados no tempo. Vou repetir o que já escrevi a respeito da sua contratação: é uma aposta da atual diretoria, bem encaixada no contexto “pés no chão” que vem adotando nos últimos dois anos, mas desta vez com um componente que pode dar liga, pelo fato deste venezuelano gostar de trabalhar com jovens promessas da base, algo necessário não só para o Atlético, mas para todos os demais “grandes” do futebol nacional, a fim de evitar cair no fundo do poço como ocorre neste momento com o rival Cruzeiro. Mas de nada adianta acertar na escolha pura e simples se não fizer a sua parte, dando respaldo ao treinador para implantar um modelo de trabalho e exercitar a paciência, para não incorrer nos erros anteriores, de trocar o técnico diante dos primeiros maus resultados. (Fecha o pano!)
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