06 de janeiro, de 2020 | 18:30
Economia caminha no rumo certo para 2020, afirma economista
Após flertar com o risco de recessão no segundo semestre de 2019, o Brasil dá sinais de um crescimento mais consistente em 2020
A palavra reforma se tornou habitual no noticiário em 2019. Ao longo do ano, a corrida pela aprovação da Reforma da Previdência, da Lei da Liberdade Econômica e da Lei do Cadastro Positivo deram o tom do atual governo. As medidas visaram simplificar a burocracia, facilitar a abertura de empresas e estimular a geração de mais empregos no país. Mas qual o impacto dessa política para 2020?
Após flertar com o risco de recessão no segundo semestre de 2019, o Brasil dá sinais de um crescimento mais consistente em 2020. A projeção da União é que o Produto Interno Bruto (PIB) expanda 2,32%, acima da média de 1,7% para os países desenvolvidos, prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A expectativa pelas reformas tributária e administrativa contribuem para essa projeção positiva.
O economista-chefe da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Guilherme Almeida, destaca a melhora dos indicadores macroeconômicos, mas faz uma ressalva. Em 2019, a taxa Selic atingiu o menor patamar da história (5% ao ano), a inflação se comportou abaixo do centro da meta (4,25%) e o país recuperou mais de 840 mil empregos formais até outubro. Mas, para que 2020 supere 2019, é preciso avançar nas reformas”, observa.
O economista-chefe da Fecomércio lista os indicadores macroeconômicos e as perspectivas para o setor de comércio e serviços em 2020.
Reformas
A agenda da equipe liderada por Paulo Guedes teve efeito positivo no mercado em 2019. Segundo Almeida, o governo deu um passo para reequilibrar as contas públicas ao propor a Reforma da Previdência. No entanto, ele ressalta que o Brasil precisa de outras reformas, como a Tributária. Só com a adequação de questões estruturais e a diminuição da carga tributária, o país terá um ambiente capaz de reverter o crescimento tímido e os desinvestimentos nos últimos anos.”
PIB
A diminuição da ociosidade na indústria, a agenda de reformas e o aumento do consumo familiar responsável por 60% do Produto Interno Bruto devem fazer com que a soma das riquezas produzidas no Brasil termine 2020 em 2,32%. Caso as projeções se confirmem, este será o melhor resultado registrado desde 2013, quando o PIB encerrou em 3%, um ano antes da crise”, compara.
Inflação
Em 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu o centro da meta da inflação em 4,25%. Entretanto, em virtude do consumo ainda fraco, o nível geral de preços tem se comportado abaixo desse patamar. Por isso, em 2020, o Banco Central ainda projeta uma inflação baixa: 3,6%. Se a política monetária continuar incentivando o consumo e a indústria voltar a crescer, demandando mais produção, os preços poderão pressionar a inflação para além do centro da meta”, explica.
Taxa de juros
A inflação baixa permite ao Copom reduzir ainda mais a Selic. A expectativa é que a taxa básica termine 2020 em 4,5%, meio ponto abaixo do menor patamar histórico atingido em 2019: 5%. Essa flexibilização dependerá de vários fatores, desde o comportamento dos preços em especial dos alimentos, responsáveis por 25% do gasto familiar à desvalorização do real frente ao dólar que pode encarecer itens de consumo cujos insumos são importados”, avalia.
Emprego
Um pacote de leis de incentivo à redução da burocracia, à expansão de novas empresas e ao acesso ao crédito foi lançado com grande expectativa em 2019. Não à toa, o FMI prevê que o desemprego caia de 11,6%, no 3º trimestre de 2019, para 10,8% em 2020. A informalidade tem contribuído, em parte, para a retomada do emprego. Apesar disso, a melhora na confiança do empresário e a recuperação do consumo devem impulsionar a demanda por mão de obra”.
Comércio e serviços
Diante dessas projeções, como fica o setor terciário em 2020? De acordo com a CNC, o varejo ampliado deve registrar alta de 5,6% no próximo ano. A demanda por produtos e serviços devem subir graças ao consumo familiar, que será estimulado pela inflação baixa, os juros em queda e a perspectiva de liberação de mais R$ 12 bilhões em recursos extras do FGTS”, conclui Almeida.
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