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09 de dezembro, de 2019 | 15:52

Fato consumado

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
O que já se desenhava há algum tempo foi consumado, e pela primeira vez o Cruzeiro irá jogar a Série B, em 2020. Para o torcedor de um gigante, como é o caso do clube, isso soa como a maior humilhação que possa existir.
Normalmente o clube grande cai, mas volta no ano seguinte mais forte, mais humilde, com os pés no chão, como se espera que aconteça com o Cruzeiro e como se viu nos casos do Internacional, Corinthians, Atlético, Palmeiras, até mesmo Botafogo e Vasco da Gama, que caíram mais de uma vez, mas vivem pendurados na brocha do rebaixamento.

A queda do Cruzeiro foi mais do que merecida após uma ridícula obra, embora parecesse improvável em razão da fragilidade de alguns concorrentes diretos, como Avaí, CSA, Chapecoense e Ceará. O time celeste mostrou-se incompetente de tal modo que não conseguiu derrotar os dois primeiros em casa, o que foi determinante para o seu fracasso.

Cenas lamentáveis como a quebradeira ocorrida do Mineirão, vandalizado por integrantes de torcidas organizadas e deixando pessoas feridas, vão trazer ainda mais problemas para o clube celeste, que deverá ser multado e perder vários mandos de campo na próxima temporada.

Culpa geral
Exceto pelo comportamento dos vândalos no último jogo no Mineirão, a torcida cruzeirense é a única que se salva do fracasso retumbante nesta temporada, culminando com o inédito rebaixamento à Série B.

A diretoria encabeça a lista dos culpados e protagonizou um verdadeiro teatro de horrores, causando a maior crise institucional e financeira da história quase centenária do clube. Além de efetuar contratações caras e acima de suas possibilidades, atrasar pagamentos com fornecedores e salários de jogadores e funcionários, é acusada de graves irregularidades na imprensa nacional, alvo de investigações na esfera policial e judicial. E permitiu que jogadores medalhões formassem panelinhas e dominassem o vestiário. Tanta incompetência só podia dar no que deu.

Agora é recuperar-se do fracasso, e isso não será uma tarefa simples, pois a situação financeira chega a ser desesperadora. Os números apontam que a dívida monstruosa supera R$ 600 milhões, e 10% desse total está pendurado no prego da FIFA e prestes a desabar no colo da diretoria.

Pela primeira vez um gigante caído não terá a mesma receita de televisão da Série A jogando a Série B, o que significa que a receita do Cruzeiro deverá ser em torno de R$ 70 milhões em 2020, o que mal dá para pagar os juros da dívida com bancos. Será preciso muita criatividade e competência para montar o time e voltar à primeira divisão no ano do centenário, em 2021.

FIM DE PAPO
• Agora, só os torcedores de três clubes entre os grandes - Flamengo, Santos e São Paulo - podem se vangloriar de nunca terem sido rebaixados. Eles já estiveram na tábua da beirada várias vezes e escaparam da degola. O América Mineiro teve três quedas desde que foi implantada a formula de pontos corridos - 2011, 2016 e 2018 -, não conseguiu o acesso este ano e vai disputar a Série B fazendo clássicos estaduais com o Cruzeiro na competição nacional em 2020.

• Em 2005, após o rebaixamento, a torcida do Atlético se mobilizou como nunca e carregou o time, que correspondeu em campo até o retorno à Série A no ano seguinte, pela porta da frente. O importante nessa hora é saber aceitar o tombo e fazer do limão uma limonada, pois o que a princípio é tratado como uma vergonha, pode se transformar em um grande motivo para a tão necessária correção de rumo que o clube necessita.

• Enquanto bombas explodiam, cadeiras voavam e vândalos se atracavam enfrentando até a polícia, dentro e fora do Mineirão, o diretor de futebol celeste, Zezé Perrela, além do ex-treinador em atividade, Adilson Batista, davam uma das entrevistas mais patéticas que já se viu de dirigentes do futebol nacional após o rebaixamento de seus clubes.

Sem fazer nenhum “mea culpa”, Perrela preferiu citar conquistas do passado em suas gestões, atacou ex-cartolas e até o atual presidente, do qual sempre foi aliado. Um fato surreal que ultrapassou as raias do ridículo. Já o aturdido “Professor Pardal” não tinha mesmo nada a falar, então sugeriu que o Cruzeiro daqui a dois anos “disputará até título mundial”. Um festival de bobagens que a torcida celeste não merecia.

• Também foi risível ver e ouvir Argel Fucks na TV, falando sem o mínimo pudor como se tivesse salvado o Ceará, sendo que o “Vovô” teria se livrado da degola mesmo se perdesse, em razão da derrota do Cruzeiro. Argel disputou nove pontos – seis em casa - no comando do Ceará e ganhou apenas dois, além de ter rebaixado o CSA, clube que abandonou de maneira covarde, com o barco prestes a afundar.

Outra dureza foi assistir o “pofexô” Vanderlei Luxemburgo tirar onda e se vangloriar de ter classificado o Vasco para a Copa Sul-Americana, como se o “Gigante da Colina” fosse um clube médio qualquer. Ainda teve o veteraníssimo Nenê dizendo que o Fluminense “cumpriu sua missão”, e o técnico do Galo, Vagner Mancini, elogiando o time do Atlético como se tivesse ganhado o jogo do Internacional, considerando “missão cumprida” ter conduzido o time apenas para se salvar do rebaixamento e conquistar uma vaga na Sul-Americana, competição que o clube desdenhou até pouco tempo atrás. (Fecha o pano!)
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