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07 de dezembro, de 2019 | 00:01

Conjunto de erros

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
A torcida do Cruzeiro sabe que só mesmo um milagre poderá salvar o clube do maior vexame em seus 99 anos de fundação, que será o rebaixamento à Série B nacional, caso não vença hoje o Palmeiras, no Mineirão, e o Ceará não perca para o Botafogo, no Rio de Janeiro.

Em condições normais, dois resultados plenamente possíveis, mas que, nas atuais circunstâncias, sobretudo pela atual fase de penúria técnica do time, é bastante improvável de acontecer.

Como declarou o técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, antes do confronto da última quinta-feira no Sul, vencido pelos gaúchos por 2 x 0, “o rebaixamento de um clube não acontece numa única partida, mas sim, pelo trabalho feito ao longo da temporada, refletindo o conjunto dos erros cometidos por todos”.

Simples assim. Nada acontece por acaso e com o Cruzeiro não está sendo diferente, é tudo fruto de decisões e políticas irresponsáveis adotadas por suas diretorias, cujo lema tem sido gastar sem medir as consequências futuras. A situação vem se agravando desde a gestão no mínimo temerária do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, até chegar à atual diretoria presidida por Wagner Pires de Sá, comandada de fato por outros cartolas, como o atual gestor do futebol, Zezé Perrela, também presidente do Conselho Deliberativo.

Caminhos opostos
Para entender melhor o que levou o Cruzeiro a esta situação atual, totalmente desarticulado dentro e fora de campo, basta uma leve comparação com o passado recente do Flamengo, hoje modelo de administração e sucesso no futebol nacional.

Em 2013, o Flamengo era dirigido pelo presidente Antônio Bandeira de Melo e o Cruzeiro por Gilvan de Pinho Tavares, que ganharam os principais títulos de âmbito nacional. O rubro-negro, com um elenco fraco e barato, faturou a Copa do Brasil, enquanto o time celeste foi Campeão Brasileiro, repetindo o feito no ano seguinte com um elenco bom, porém, muito caro e acima das suas possibilidades financeiras.

Dois caminhos diametralmente opostos: em 2013, enquanto Bandeira de Melo punha um freio na gastança, renegociava dívidas, abria mão de jogadores que não tinha condições de pagar, o Cruzeiro pisava no acelerador fazendo contratações caras e dando passos além das pernas.

A conta chegou agora: o Flamengo, cuja receita é mais de dez vezes superior à do Cruzeiro, reduziu a sua dívida de R$ 628 milhões para abaixo de R$ 400 milhões; o Cruzeiro, que em 2013 devia R$ 147 milhões, saltou para uma dívida superior a R$ 600 milhões, sendo R$50 milhões deste total já apregoado na FIFA, com o clube sujeito a punições de ordem técnica, como a perda de pontos, proibição de contratações etc.

Mas o pior não anda desacompanhado, Se - ao que tudo indica - o Cruzeiro for rebaixado à Série B, deixará de receber a cota integral da TV no próximo ano, vendo sua receita cair dos atuais R$ 300 milhões para algo em torno de R$ 70 milhões, o que não dá sequer para quitar os juros bancários da sua dívida de curto e médio prazo.

FIM DE PAPO
• Atual modelo de gestão para o futebol, o Flamengo não só dominou o cenário nacional este ano, mas também do continente. Campeão brasileiro com o pé nas costas, batendo todos os recordes técnicos, arrecadações, melhor elenco etc, o rubro-negro também conquistou a Libertadores e vai ao Qatar daqui a alguns dias para, com muitas chances de sucesso, enfrentar o Liverpool, campeão europeu, no Mundial de clubes.

• Para quem reclama de pouca emoção nas competições de pontos corridos, a última rodada do Campeonato Brasileiro, com todos os jogos sendo disputados hoje às 16h, mostra exatamente o contrário.

o Mineirão, o Cruzeiro precisa ganhar do Palmeiras para sonhar em permanecer na Série A; no Nilton Santos-RJ, o Ceará precisa do empate para escapar do rebaixamento e o Botafogo quer a vitória para garantir vaga na Copa Sul-Americana; no Serra Dourada, o Goiás recebe o time de garotos do Grêmio e só a vitória interessa para obter algo até então improvável, a vaga na Pré-Libertadores; enquanto, no Estádio Beira-Rio, o Internacional promete atacar o time alternativo do Galo, em busca da vitória e da vaga consoladora na Pré-Libertadores.

• Outro detalhe é o comparecimento do público nos estádios, mesmo com o campeonato decidido há duas rodadas. A média foi de 29.250 pagantes por partida na antepenúltima rodada, com o registro de 64 mil pagantes no festivo Maracanã, que viu a goleada de 6 x 1 do Flamengo no lanterna Avaí; 47 mil no desesperado Castelão, que viu a derrota do Ceará de 1 x 0 para o Corinthians, o que complicou a luta do “Vovô” para fugir do rebaixamento.

• Mas se há um jogo que tem tudo para agradar aos que gostam do bom futebol, e não estão nem aí para os dramas vividos por outros clubes, será o jogo entre Santos x Flamengo na Vila Belmiro. Que vai colocar frente à frente os dois melhores times e será um tira-teima entre os dois melhores técnicos, o português Jesus e o argentino Sampaoli, a quem o torcedor brasileiro tem muito a agradecer pelo belo trabalho ao longo da temporada, que serviu para mostrar que os nossos “professores” ganham muito mais do que realmente merecem. E que, além disso, estão defasados e precisam urgentemente rever seus conceitos sobre futebol. (Fecha o pano!)
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