19 de novembro, de 2019 | 15:00

A oportunidade Rota 2030

Rogério Jorge Amorim *

“O Rota 2030 impulsionará a indústria brasileira, que está intimamente ligada à tecnologia de materiais”

A nova legislação para o desenvolvimento da tecnologia do setor automotivo do Brasil, o Programa Rota 2030, acaba de ser lançada. Ao substituir o Inovar-Auto, o novo programa corrige alguns pontos do antigo condenado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), principalmente por incentivos desiguais a produtos nacionais frente aos importados.

Neste momento atual do Brasil em meio à crise econômica, a incerteza política e cortes de recursos federais do MEC para as universidades e para a pesquisa, o Rota 2030 é uma oportunidade ímpar, de proporções sem iguais na história do País, para que empresas ligadas ao setor automotivo comecem a se planejar e participar do desenvolvimento local de tecnologias junto aos ICT’s (Instituições de Ciência e Tecnologia) e à academia em geral.

Seus enfoques principais nas áreas de eficiência energética, desempenho estrutural e novas tecnologias assistivas da mobilidade visam a atacar problemas recorrentes de nossa indústria e que, no patamar atual da globalização, nos enfraquecem no mercado mundial. Entre eles se destacam a nossa competitividade reduzida em termos de custo produtivo, a defasagem tecnológica do produto final e de autopeças produzidas no País, o risco de que as P&Ds que poderiam ser desenvolvidas no País sejam exportadas e perda de investimentos.

Também o desenvolvimento da tecnologia capaz de fazer com que o produto brasileiro aumente sua competitividade frente aos demais reduziria a capacidade ociosa de nosso parque industrial. Ainda evitaríamos a perda do conhecimento e da liderança do Brasil no desenvolvimento de soluções para o aumento da produção e uso de biocombustíveis.

Com a implantação do programa estima-se que, nos próximos cinco anos, o Brasil investirá aproximadamente R$ 1 bilhão nos programas de P&D, o que não somente ajudará no desenvolvimento de produtos, mas impulsionará o País na direção de novos, modernos e mais equipados centros de pesquisas no meio acadêmico e nos ICT’s, gerando novas tecnologias e patentes nacionais e internacionais.

Sendo, então, uma iniciativa bastante conectada aos conceitos de sustentabilidade, o Rota 2030 impulsionará a indústria brasileira, que está intimamente ligada à tecnologia de materiais, para que apresente soluções e busque inovações para se obter:
• materiais mais leves, para se reduzir o consumo de combustível;
• materiais de alta resistência mecânica, para redução de peso e aumento da segurança ativa e passiva do veículo;
• melhores trabalhabilidade e conformabilidade para redução do tempo de gasto energético na produção, melhoria da qualidade final do produto e redução de perdas.

Ao encontro destas propostas o 10° Simpósio SAE BRASIL de Materiais, que ocorrerá no dia 21 de novembro em Belo Horizonte, vem apresentar o que há de novo na e para a indústria automotiva em termos de materiais, e discutir as oportunidades que podem criar o novo caminho disruptivo para o Brasil.

* Ph.D., professor de Engenharia Mecânica na PUC Minas, é chairperson do 10º Simpósio SAE BRASIL de Materiais da Seção Regional Minas Gerais

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Comentários

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Tião Aranha

28 de novembro, 2019 | 20:38

“Foi o Collor quem falou que nossas carroças estão dez anos atrasadas em relação aos automóveis do mundo civilizado. Parece que as montadoras ao investirem na modernização de seus veículos, /pensam em primeiro lugar no consumo do mercado interno , mas se considerar um país de recessão econômica devido à crise política-, fica difícil de trazer novas tecnologias pois isso tem um custo, mesmo porque lá fora, os governantes já investem tentando implantar os veículos elétricos - menos poluentes - e com menos mão de obra.”

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