15 de outubro, de 2019 | 15:00

''É bom pensar o Dia do Professor como um dia de luta'', diz Educadora do Ano

Joice Lamb, escolhida como educadora do ano no Prêmio Educador Nota 10, reflete sobre os desafios da profissão

Flávio Santana
Joice Lamb foi eleita Educadora do AnoJoice Lamb foi eleita Educadora do Ano

Muito antes de se tornar professora da rede municipal de Novo Hamburgo (RS), a aluna Joice Lamb já entendia que a profissão tinha, entre tanto outros, o significado do verbo lutar. Com 47 anos, sendo 28 deles dedicados à docência, a coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Diefenthäler, trabalha diariamente para melhorar a realidade dos alunos por meio da educação pública. Em 2019, além de estar entre os dez vencedores da 22º edição do Prêmio Educador Nota 10, Joice foi escolhida pelo júri da premiação como a Educadora do Ano.

Refletindo sobre o Dia do Professor, comemorado no Brasil todo 15 de outubro, Joice prefere para além de felicitações, a concretude de ações que melhorem a atuação profissional de todos os docentes espalhados pelo país. “Eu não acho que não receber felicitações nesse dia signifique que os professores são mais ou menos desvalorizados. Acredito que a valorização do professor tem outras facetas a serem pensadas. Precisa ser não só valorizada com abraços e felicitações, como também com recursos”, defende.

A maturidade que adquiriu com as vivências em sala de aula hoje lhe serve para reforçar que o professor não pode ser bom trabalhando sozinho ou em condições que prejudiquem a sua atuação. “Às vezes, a sociedade joga toda questão da educação para cima do professor. Um bom professor não se constitui só porque ele quer ou tem vocação de ser bom. Tem vários aspectos que fazem um bom professor: a formação continuada, um espaço escolar adequado, os recursos didáticos e outros”, avalia.

Com os alunos, a relação para Joice deve ser de compartilhamento de conhecimentos. É isso que norteia todos os projetos pensados por ela e sua equipe. “O aluno na minha sala de aula vai ter um espaço de falar, de estar bem e de ser ele mesmo. Em todos os projetos que desenvolvi, meu intuito sempre foi o de colocar o aluno na frente, para aparecer e demonstrar o seu potencial”, conta a professora.

Aprender e Compartilhar

No a dia a dia, coordenando os trabalhos na escola em que trabalha, Joice acredita que os conhecimentos passados e adquiridos pelos alunos devem ser construídos de modo compartilhado. Essa é a raiz do projeto #aprenderecompartilhar – Escola inovadora, vencedor do Prêmio Educador Nota 10, pensado por Joice com coautoria das educadoras Lea Borges, Andrea Zimmer, Daniela Flor e Daiana Lahm.

Na Escola Profª Adolfina, as inovações pedagógicas são realizadas em variados projetos, como os que instigam a aprendizagem da Matemática e a produção de poemas. No #foradacaixa, os alunos, independente de idade ou turma, participam de atividades juntos, sob o acompanhamento de professores. Já no projeto de Iniciação Científica, estudantes do Ensino Fundamental escolhem temas de pesquisa, colegas de equipe e professores orientadores para realizar um estudo que é apresentado em uma feira anual.

Joice explica que o projeto #aprenderecompartilhar é a culminância da articulação de todas as iniciativas da escola junto com a comunidade, que também pode para avaliar as atividades pedagógicas e propor encaminhamentos, correções de rota e melhorias. Tudo isso traduz o jeito de ser Adolfina, como a escola é chamada.

Sobre o Prêmio Educador Nota 10

O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998 pela Fundação Victor Civita que, desde 2014, realiza a premiação em parceria com Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho. Reconhece e valoriza professores da Educação Infantil ao Ensino Médio e também coordenadores pedagógicos e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país. O Prêmio tem o apoio da Nova Escola, Instituto Rodrigo Mendes e Unicef, e o patrocínio da Fundação Lemann e SOMOS Educação. Desde 2018, o Prêmio Educador Nota 10 é associado ao Global Teacher Prize, prêmio global de Educação. https://premioeducadornota10.org/

(Fonte: Roberto Paim – Agência Educa Mais Brasil)
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Comentários

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Tião Aranha

15 de outubro, 2019 | 19:37

“Compartilhar as boas experiências deveria ser regra geral da pedagogia educacional brasileira. Quando se muda o ambiente escolar, o espaço de aprendizagem tb muda - tornando se adequado a transmissão exata do conhecimento básico necessário, além da reciprocidade ao saber de alunos versus professores. Diante dum quadro social complexo, de todas as agressões físicas sofridas pela pessoa do professor - está ficando cada vez mais difícil exercer a missão do Ensinar, isto se não for totalmente mudado. Caso contrário, não vai demorar muito os verbos mandelizar, banalizar e apanhar terem os mesmos significados. Aliás, Mandelizar já faz parte do cenário político atual. Parece que a escolha do tipo de Educação está inevitavelmente enraizada no quadro cultural decadente desta sociedade. Desde à colonização por parte de Portugal, toda a cultura que temos ora fora importada. Não temos uma cultura própria. É a Sociedade que irá definir o futuro de qual tipo de educação pragmática será implantada. Até por uma questão, não só de soberania; mas, sobretudo, de cidadania.”

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