14 de outubro, de 2019 | 15:21

Fase horrível

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
O Atlético foi dominado o jogo todo e acabou goleado pelo Grêmio, 4 x 1, o que causou a demissão do técnico Rodrigo Santana. Na impossibilidade de demitir a leva de jogadores ruins ou medianos que contratou, pagando altos salários e com duração extensa dos contratos, a diretoria optou pela demissão do treinador, que tem culpa, sim, pela queda de produção da equipe, mas não é o grande responsável.

O maior problema do Atlético é o elenco montado para esta temporada, que é muito fraco, agravado pela renovação de contratos com veteranos cujos prazos de validade estão vencidos, o que diminui as opções para o treinador, seja lá quem for ele, de tentar melhorar o rendimento da equipe.

O Cruzeiro lutou muito novamente, fez 1 x 0 com Dedé, de cabeça, aos 4 minutos do 1º tempo, e parecia que, finalmente, daria um alento à sua torcida, mas recuou demais na etapa final cedendo à pressão da Chapecoense, que empatou no último lance da partida.

Com este empate, os celestes continuam em 18º lugar, na zona de rebaixamento, e mesmo se vencerem o São Paulo nesta quarta-feira (16), vai terminar a 25ª rodada no mesmo lugar. De fato, esta é uma fase horrível do futebol mineiro, mas a luta continua.

Uma aberração
Criadas logo após a Copa nos Estados Unidos, em 1994, as chamadas Datas FIFA voltam a gerar polêmica no futebol brasileiro, por conta de convocações para amistosos inúteis ou irrelevantes da maioria das seleções, que só servem para engordar os cofres das confederações, no nosso caso, a CBF, que é a dona da Seleção Brasileira.

Enquanto na Europa o problema não existe há bastante tempo, porque os campeonatos nacionais de lá param quando as seleções jogam, e vice-versa, aqui o festival de aberrações da CBF nas convocações da seleção só aumenta.
As maiores vítimas são os clubes, e os mais achincalhados os técnicos das seleções, que apanham como mulher de malandro, seja quando convocam ou não os jogadores de suas preferências.

Aqui, de um modo geral, a torcida gosta da ideia de ter jogador do seu clube convocado para defender a seleção de seu país, até que ele é finalmente chamado e vira desfalque em jogos do Brasileirão.
Nesta última chamada para enfrentar as ‘poderosíssimas’ seleções de Senegal e Nigéria, a Seleção Brasileira teve oito convocados de clubes brasileiros, o que não acontecia desde novembro de 2015, para os jogos contra Argentina e Peru pelas eliminatórias.

FIM DE PAPO
• A estes oito chamados por Tite somaram-se dez convocados para a seleção olímpica, sendo um deles apenas jogador de Série B, o goleiro Ivan, da Ponte Preta. Destes, quase todos são titulares nos seus clubes. E então, nada menos do que nove desfalques foram provocados nesta Data FIFA pela CBF em clubes da Série A. O Atlético foi um dos mais prejudicados, perdendo, além do goleiro Cleiton e o lateral Guga, que ficaram de fora dos confrontos diante do Flamengo e, hoje, diante do Grêmio, também o meia Otero, reserva na Seleção da Venezuela, que jogou amistosamente contra as ‘fortíssimas’ Bolívia e Trinidad Tobago.

• E não para por aí. Se olharmos em todas as categorias, tem ainda o atacante Marcos Paulo, joia da base do Fluminense, que tem dupla cidadania e foi convocado para defender a seleção sub-19 de Portugal. Os prejuízos aos nossos clubes só aumentam, pois houve, além disso, 11 atletas chamados por seis seleções sul-americanas.

O discurso empolado do técnico Tite defendendo estes amistosos contra seleções do que chama de “escola africana”, não convence, por falta de argumentos consistentes. A Seleção Brasileira vai passar os próximos dois anos enfrentando apenas seleções do nosso continente. Só vamos deparar com os africanos na Copa do Qatar, em 2022, e mesmo assim se alguma seleção deste continente for sorteada para fazer parte do grupo onde estiver a Seleção Brasileira.

• Só Chile, Bolívia e Uruguai, neste caso por causa da lesão de Arrascaeta, não convocaram ou tiveram jogadores que atuam no Campeonato Brasileiro nesta Data FIFA. Se somarmos todas as convocações, chegaremos à incrível conclusão de que dois times e meio, ou seja, 29 jogadores, sem contar o zagueiro do Santos, Porozo, que não é usado por Jorge Sampaoli, deixaram na mão os seus ‘donos’, ou seja, os clubes que pagam seus salários, nas últimas três rodadas do Brasileirão.

• O pior de tudo isso é que nenhum dirigente veio a público protestar contra essas aberrações que sempre trazem prejuízos aos seus clubes. Desorganizados, desunidos, os dirigentes são facilmente manipulados pela CBF, aceitando como cordeirinhos o domínio da entidade, que, ao invés de cuidar apenas da Seleção Brasileira, se beneficia em todos os sentidos administrando as principais competições nacionais, o que deveria ser tarefa e privilégio dos clubes. (Fecha o pano!)
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