04 de outubro, de 2019 | 14:04

Ministro do Turismo é indiciado por candidaturas-laranja do PSL

Marcelo Álvaro Antônio e mais dez pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por crime eleitoral

Valter Campanato/Agência Brasil
Ministro foi indiciado por crime eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de associação criminosaMinistro foi indiciado por crime eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de associação criminosa
Atualizada às 18:07
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais dez pessoas no inquérito sobre o uso de candidaturas-laranja no PSL em Minas Gerais, foram indiciados pela Polícia Federal. O ministro foi indiciado por crime eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de associação criminosa.

Marcelo Álvaro Antônio é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de mulheres na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral em Minas. À época dos crimes apontados, o ministro era o presidente estadual do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

A suspeita da PF é que o partido inscreveu essas candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato, eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que pelo menos 30% dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.

Confiança na justiça
Por meio de nota, Marcelo Álvaro Antônio declarou que ainda não foi notificado, mas que confia na Justiça e que sua inocência será comprovada. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade na campanha eleitoral de 2018.

Ao blog de Valdo Cruz, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro vai manter o ministro no cargo até o desenrolar do processo.

Inquérito
O indiciamento faz parte da conclusão do inquérito da Polícia Federal. De acordo com o delegado Marinho Rezende, o inquérito foi entregue ao Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais - órgão dentro do Ministério Público de Minas Gerais -, nesta quinta-feira (3). Agora, cabe ao MPE decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça.

O indiciamento das dez pessoas, excluindo o ministro, já havia sido feito pela PF em junho deste ano. O processo está em segredo de Justiça.

A advogada Fernanda Lage Martins da Costa, que defende as quatro mulheres suspeitas, disse que já entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e aguarda o julgamento deste recurso.

Entenda o caso
No começo da apuração do caso, o jornal Folha de São Paulo noticiou que foram repassados R$279 mil a quatro candidatas - Lilian Bernardino, Mila Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar - que conseguiram poucos votos no pleito. As "laranjas" fazem parte da cota feminina da bancada e estão entre as 20 candidaturas do partido que mais receberam dinheiro do fundo partidário. Do valor total, R$85 mil foram depositados na conta de empresas que são de assessores, parentes ou sócios do atual ministro do governo de Jair Bolsonaro.

A denúncia citava que, entre os destinatários do dinheiro está Haissander Souza de Paula, ex-assessor do gabinete parlamentar de Álvaro Antônio, e duas empresas de comunicação de um irmão de Roberto Silva Soares, o Robertinho, ex-assessor e responsável por coordenar a campanha do atual ministro. Além disso, cerca de R$ 10 mil foram entregues a uma gráfica de uma sócia do irmão de Soares, em Ipatinga.

Entre os serviços contratados com o valor está o disparo de mensagens para apoio a candidatos por meio do WhatsApp. A repercussão do caso resultou na demissão do coordenador de campanha de Bolsonaro, Gustavo Bebianno, que na ocasião ocupava o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
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