
03 de outubro, de 2019 | 06:50
Mobilidade urbana deve visar aos próximos 20 anos, diz especialista
O engenheiro pontua que as pessoas mais atentas ao assunto e, inclusive, pesquisas de opinião, apontam a mobilidade como sendo uma das questões principais
Wôlmer Ezequiel
Ricardo Mendanha é diretor do Instituto da Mobilidade Sustentável Ruaviva e falou sobre o tema na Câmara de Ipatinga

Em Seminário realizado na Câmara de Ipatinga nesta quarta-feira (2), o engenheiro Ricardo Mendanha, que é diretor do Instituto da Mobilidade Sustentável Ruaviva, falou sobre a importância do planejamento de uma cidade, voltado para a mobilidade urbana. Ele observa que até há algum tempo, o tema era preocupação apenas das grandes cidades, mas hoje, as de pequeno e médio porte já começam a pensar sobre o assunto.
A mobilidade tem que ser pensada no todo, não só as medidas a curto prazo têm que ser resolvidas para hoje, mas aquelas que precisam ser feitas para daqui a 10, 20 anos. À medida que já começa se pensar e a reservar um espaço numa área nova, em que não será permitido construir uma nova via, por exemplo, começamos a reduzir custos lá na frente. Enfim, é preciso refletir sobre a cidade que a gente quer”, avalia.
O engenheiro pontua que as pessoas mais atentas ao assunto e, inclusive, pesquisas de opinião, apontam a mobilidade como sendo uma das questões principais. Saúde, educação e segurança estão à frente, mas sempre o quarto ou quinto ponto é a mobilidade urbana, como as questões ligadas ao trânsito e principalmente ao transporte público. Agora, mobilidade não é só isso, tem que ser pensado na cidade inteira. De acordo com as pesquisas, 40% dos deslocamentos são feitos a pé, então é necessário tratar as calçadas, não só para o cidadão que tem problema de locomoção, mas para a população que está envelhecendo”, alerta.
Ele acrescenta que existem mães com carrinhos de bebê, carrinhos de supermercado e demais necessidades que apontam a necessidade de as calçadas serem bem cuidadas, para que as pessoas possam andar e trafegar com segurança. Temos a questão da ciclovia, entender como lidar com as pessoas que já andam de bicicleta e também atrair novas pessoas é importante. E tem o transporte público e o transporte coletivo, que é fundamental e a solução do problema. Não existe outra, e isso é aqui e em qualquer outra cidade do mundo. Todos vão apontar que a solução para o trânsito, para os congestionamentos, é o transporte coletivo de qualidade. Quando falamos em transporte coletivo, abrange tudo, transporte escolar, fretado, táxi, aplicativo de mobilidade. Eles dão opção para a pessoa se deslocar sem a necessidade de utilizar seu próprio meio de transporte e que hoje é tendência, tudo isso tem que ser pensado”, alerta.
Futuro
Para Ricardo Mendanha, a importância de um plano de mobilidade é de pensar o futuro. Ele reforça que a principal questão é a gestão, é necessário que seja forte, capacitada e em condições de gerir, não só pensar no futuro, mas sim o dia a dia. Tem que ter gente na rua para medir e para resolver os problemas, é preciso ter equipes para fazer projetos pequenos. Tem que ter gente para liberar as vias quando acontece alguma coisa, precisamos de pessoal para cuidar, para que o transporte coletivo funcione efetivamente e que se cumpram os horários, que tenha um padrão de qualidade e que a frota esteja de acordo”, frisa.
A gestão é fundamental e as prefeituras têm de se preparar para isso, na opinião do diretor do Instituto Ruaviva. Quando estamos falando de gestão, não só a do município, mas integrar essa gestão de quem mexe com mobilidade, com o uso do solo, regulação urbana, comunicação e com as outras esferas de governo, a exemplo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit e a Agência Metropolitana, para que tudo funcione com o tempo. De um modo geral, o plano é uma oportunidade para pensarmos a mobilidade de forma global e sustentável. A partir de sua elaboração é possível ter uma visão a longo prazo para as cidades”, detalhe.
Rodízios
Em Ipatinga, Ricardo Mendanha acredita que ainda não é necessário se pensar em rodízio de veículos nas ruas. Porém, a ideia do plano é exatamente essa, quantificar quantas pessoas rodam nos principais cruzamentos da cidade, fazer uma pesquisa para detectar qual o volume e de onde elas vêm, para onde irão, quais são as linhas de desejo e simular como isso estará daqui a 10 anos.
É preciso simular o crescimento da população e identificar medidas que possam solucionar. Agora, minha opinião pessoal, é que aqui em Ipatinga ainda está muito longe da necessidade de um rodízio, o trânsito daqui nem se compara com o das grandes cidades como, por exemplo, o de Belo Horizonte. Aqui, com praticamente 15 minutos, você vai de todo lugar para todo lugar”, conclui.
(Bruna Lage - Repórter)
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