09 de setembro, de 2019 | 16:00

Perebas

Rodrigo Alves de Carvalho *

Praticamente todo mundo já teve aftas nos lábios, o que costumamos chamar de perebas. Dizem que as perebas quando aparecem estão relacionadas com algum problema no sistema imunológico como gripes, febre ou falta de alguma vitamina no organismo. Mas para mim, a pereba não tem nada a ver com sistemas imunológicos e sim com expectativa.

Sempre quando se aproxima algum evento ou acontecimento especial no qual poderei curtir com amigos e que promete grandes emoções, surgem as malditas perebas na boca.

Combinamos de ir para a praia no final de semana, curtir o sol, conhecer pessoas e quem sabe umas paqueras e lá pela quarta-feira estouram as perebas nos lábios para acabar com todas as expectativas de um sorriso conquistador nos quiosques junto as garotas do litoral. Outro exemplo é quando já estamos preparados para uma balada num clube noturno onde curtiremos muito som do momento e poderemos colocar em pratica todas as artimanhas de um conquistador para com as meninas da nigth e as perebas chegam avassaladoras e estouram por toda a boca. Se ainda arriscamos ir na balada é preciso deixar a barba e o bigode por fazer para tentar esconder um pouco e as artimanhas de conquistador se transformam em artimanhas de perebento para disfarçar e esconder as feridas dos lábios.

Agora, o pior de tudo é quando a gente consegue depois de inúmeras tentativas marcar um encontro com a garota de nossos sonhos, uma árdua conquista após muitas curtidas e corações no Facebook com conversas engraçadinhas no WhatsApp. Marca-se o encontro no sábado à noite num barzinho badalado da cidade com direito a música ao vivo. Cria-se toda expectativa de uma noite maravilhosa, quem sabe alguns chopes, umas porções, conversas legais, risadas, um momento de trocas de olhares e finalmente um belo e demorado primeiro beijo de amor.

Mas no meio de semana você acorda com os lábios coçando, sensíveis e já a noite percebe aquele vermelhão característico das perebas que estão arrebentando.

Seu mundo vai ao chão. Não adianta pomada, Merthiolate, ácido sulfúrico... nada vai fazer as perebas irem embora e você é obrigado a encarar seu primeiro encontro como quem foi picado por abelhas africanas. O copo do chope fica manchado pelas secreções das perebas, o sal das porções faz a pereba arder, as trocas de olhares se transformam na garota encarando sua pereba. E se com tudo isso você conseguir que a menina te dê um primeiro beijo de amor. Pelo amor de Deus... case-se com ela.

* Nascido em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores
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