08 de setembro, de 2019 | 12:00

Dificuldade para engravidar? Especialista aponta as possíveis causas e tratamentos

As doenças mais comuns que dificultam a gravidez são a endometriose, hipotireoidismo, hipertireoidismo e ovário policístico



Doze meses é o tempo médio que um casal fértil leva para engravidar naturalmente. Quando o período de tentativas ultrapassa esse intervalo de tempo sem sucesso, é possível que alguma função do organismo esteja desregulada e interferindo negativamente nos planos de se ter um bebê. Para a ginecologista e obstetra da Clínica Penchel, Thaylise Martins, o principal a ser esclarecido é que a dificuldade de engravidar não precisa ser necessariamente um ponto final no sonho de gestar uma vida. “Cada caso deve ser tratado de forma individualizada, e muitos desses problemas podem ser resolvidos com um acompanhamento médico eficiente", aponta.

As doenças mais comuns que dificultam a gravidez são a endometriose, hipotireoidismo, hipertireoidismo e ovário policístico. Segundo dados da Associação Brasileira de Endometriose, 6,5 milhões de mulheres possuem a doença no Brasil, sendo que entre 10% e 15% desse grupo está em idade fértil e possuem 30% de chance de ficar infértil. "A endometriose é uma inflamação do tecido interno do útero. Embora a doença não impossibilite a gravidez, ela pode fazer com que o ambiente uterino se torne hostil para o embrião, assim dificultando a chegada do espermatozoide até o óvulo”, explica a médica.

Ela lembra o recente caso da atriz Tatá Werneck, que possui o problema e está esperando a chegada de sua primeira filha. “Nem toda mulher que possui endometriose fica infértil ou necessita ser submetida à cirurgia. É preciso analisar cada caso e seus sintomas. O que podemos dizer é que essa doença pode sim causar a infertilidade e aumentar o risco de aborto, mas não é impossível que uma mulher nestas condições possa engravidar espontaneamente e levar a gestação até o final”, ressalta Thaylise.

Além do tratamento medicamentoso, a cirurgia também pode ser utilizada como recurso. Ela é indicada em casos mais graves, onde a paciente sente muita dor, fica infértil ou possui obstrução intestinal e renal. O objetivo do procedimento é a retirada de todos os focos da doença. A cirurgia pode ser realizada de duas formas minimamente invasivas, a laparoscópica ou robótica. Dependendo do caso, a operação também pode ser feita de forma tradicional com a barriga aberta.

Distúrbios da tireoide e o ovário policístico (SOP) também podem afetar a fertilidade da mulher. No caso do hipertireoidismo, o metabolismo da paciente ganha uma celeridade anormal e sua menstruação pode ficar desregulada, o que irá prejudicar a ovulação. Quanto ao hipotireoidismo, as chances de abortamento ficam altas, pois a condição pode provocar o descolamento da placenta, estresse fetal e parto prematuro. Em relação ao SOP, que se caracteriza pela presença de diversos cistos nos ovários, a ovulação também fica comprometida, já que os hormônios estão em desequilíbrio. No entanto, segundo Thaylise Martins, a gravidez pode acontecer naturalmente, mesmo com a existência deste cenário.

“Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo possuem cura, dependendo de suas causas. Assim, se faz mais do que necessário que as pessoas procurem pela ajuda médica adequada e deem início ao tratamento. No que se refere ao ovário policístico, o quadro pode ser revertido facilmente com a utilização de medicamentos e a adoção de hábitos mais saudáveis”, conta a ginecologista.

A médica ainda chama a atenção para outros fatores, como a diminuição da reserva ovariana, em casos de idade mais avançada, e a infertilidade masculina, causada por alterações ou ausência de espermatozoides. “Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelaram que em 40% dos casos em que há a demora na concretização de uma gravidez, é o homem que possui alguma disfunção ou compartilha de uma condição, que o impede de efetivar o processo de fecundação. Então, quando o período de tentativa ultrapassa o que é definido como normal na medicina, devemos investigar o que pode estar acontecendo, e essa verificação deve ser feita tanto na mulher quanto no homem”, destaca.

Identificado o problema, o tratamento será traçado de acordo com cada caso. Uma possibilidade que vem crescendo muito no Brasil, mas deve ser adotada como último recurso é a fertilização in vitro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária apontou um crescimento de 168,4% entre 2011 e 2017. “Falamos que esse é o último recurso, porque a infertilidade pode ser revertida por meio de outros tratamentos. Na minha opinião, o mais importante a ser ressaltado é que hoje em dia já existe uma gama imensa de recursos terapêuticos que podem tornar real o sonho de gestar uma vida”, conclui.

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