06 de setembro, de 2019 | 13:30

Sistema S do Brasil

Flávio Roscoe *

A superação da crise e a consequente retomada do processo de crescimento econômico e de avanços sociais em nosso país, passa, necessariamente, pela união dos diversos segmentos da sociedade em um pacto no qual o único e exclusivo compromisso é com o Brasil - e todos devem oferecer a sua cota de sacrifícios. É neste contexto que vemos o acordo firmado entre o governo federal e as entidades que compõem o Sistema S, no qual se incluem o Sesi e Senai, ambos vinculados à Fiemg no plano estadual e à Confederação Nacional da Indústria (CNI) no plano nacional.

É, de fato, um entendimento que merece comemoração, na medida em que explicita o grau de amadurecimento das lideranças do setor produtivo brasileiro e das próprias autoridades governamentais, no âmbito do Ministério da Economia. Dentro do que propôs a Fiemg, desde antes da posse do presidente Bolsonaro, o Sistema S arcará com a redução de 20% na contribuição compulsória que hoje recebe das empresas dos diversos segmentos do setor produtivo - agricultura, comércio, transportes e indústria. De sua parte, o governo compreendeu o sacrifício que será feito pelas entidades e concordou em escaloná-lo, para o setor industrial, ao longo dos próximos três anos.

É um acordo que atende as necessidades de redução do chamado "Custo Brasil", buscando tornar as empresas brasileiras mais competitivas em relação às suas concorrentes nos grandes mercados globais e até mesmo no nosso mercado interno que, cada vez mais, vai sendo invadido e dominado pelos produtos importados. Se queremos ampliar a competitividade da economia brasileira e de nossas empresas, é absolutamente justo e necessário que, em vez de apenas cobrar do governo, também ofereçamos a nossa contribuição. É isso, exatamente, o que representa a redução de 20% nos recursos recolhidos pelas empresas ao Sistema S.

Também na forma como será implementado, o acordo alinha-se à posição proposta pela Fiemg de concentrá-lo exclusivamente no Sesi, preservando-se integralmente os recursos destinados ao Senai. Programas, projetos e ações do Sesi não serão prejudicados, pois a entidade recebe hoje uma contribuição (1,5% sobre a folha de salários) maior do que a destinada ao Senai (1%).

A vantagem, para a indústria e para a sociedade, é que o Senai continuará investindo o mesmo volume de recursos no cumprimento de sua missão de oferecer ensino profissionalizante nos níveis de aprendizagem industrial (totalmente gratuito), técnico, aperfeiçoamento e superior. São serviços fundamentais e estratégicos para as empresas industriais na medida em que profissionais qualificados em nível de excelência são e serão sempre diferencial competitivo da mais alta relevância.

Ao subscrever o acordo em que voluntariamente abre mão de 20% dos recursos que recebe hoje, as entidades gestoras do Sistema S assumem, adicionalmente, o compromisso de aprimorar o seu modelo de gestão, desafio que encaramos com entusiasmo. Com o corte, como tornou-se comum dizer nos dias de escassez que vivemos hoje, teremos que fazer mais com menos, pois não podemos diminuir nem a quantidade e muito menos a qualidade dos serviços prestados à sociedade por Sesi e Senai, entidades consideradas modelo e referência em Minas Gerais, no Brasil e, sim, também no mundo.

De fato, os resultados de Sesi e Senai, presentes em quase 100 municípios mineiros, são realmente expressivos. No Enem, a média das escolas Sesi, de 658,34, supera a média das redes pública e privada do país, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.

Na rede Sesi-Brasil, das 20 escolas melhor colocadas, todas são do Sesi de Minas Gerais. No Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (IDEB) das 22 escolas Sesi-MG, 14 são as melhores de seus respectivos municípios; e 19 estão entre as melhores de suas cidades. Nossa aluna Ana Luiza Cássia de Bragança, um honroso exemplo, do Sesi de Pouso Alegre, foi aprovada em seis vestibulares de Engenharia - uma em segundo lugar, duas em terceiro e uma em 5º lugar.

O Senai está presente em 60 municípios mineiros, com desempenho expressivo. A entidade forma e entrega para a indústria brasileira profissionais prontos para construir a competitividade necessária para termos um país desenvolvido. Trata-se, sem dúvida, de um serviço da mais alta qualidade, com resultados para toda a sociedade. Sem o Senai, não há trabalhadores capacitados. Formamos mão de obra preparada para forjar o Brasil do futuro.

Todos esses excelentes resultados são oferecidos de forma democrática e aberta para os jovens de Minas Gerais. Já fazendo mais com menos, otimizamos investimentos e ampliamos em aproximadamente 10% o número de vagas em nossas unidades Sesi e Senai no estado. Somente neste ano, são mais de 100 mil alunos matriculados.

Este, em essência, é o patrimônio construído pelo Sistema S no setor industrial. Nosso principal compromisso é mantê-lo e ampliá-lo cada vez mais. Com o corte, necessário para ajudar o Brasil a vencer a crise e fazer a reforma tributária, nossa responsabilidade aumenta ainda mais. Felizmente, estamos preparados para fazer mais com menos. O compromisso do Sistema S é com o Brasil.

* Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)
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