21 de julho, de 2019 | 08:30
Voleibol: amor ao esporte e esperança por um futuro nas quadras
Superação. A palavra é comum quando se fala em esporte e muito presente na vida dos atletas do voleibol, dentro do projeto Ecomov, desenvolvido nas quadras da Associação Esportiva e Recreativa Usipa, em Ipatinga. Graças à renúncia fiscal da Usiminas, os jovens têm a oportunidade de transformar sua realidade e sonhar com um futuro, seja sob a rede ou em qualquer outra profissão, amparados pela disciplina e conhecimento técnico conquistados nos treinamentos e competições.O coordenador dos projetos da Usipa e do Ecomov, Josias Alves da Silva, explica que Ecomov vem do Instituto Ecomovimento, criado especificamente para este fim. Nele, temos três esportes: futebol, natação e voleibol. Cada esporte tem seu projeto. Na Usipa, começou exatamente em 2014 e a Usiminas vem, desde então, fazendo o aporte integral. Ao longo dos anos, tivemos destaques interessantes. No ano 1, um atleta conseguiu uma bolsa de 100% para estudar em Uberlândia. Nos anos 2 e 3, os principais destaques foram técnicos e atletas convocados para a seleção mineira. Além disso, vimos alguns indo jogar fora. Todos os anos, estamos encaminhando meninos e meninas para equipes como Varginha, Uberlândia, Minas, entre outros. No ano passado, tivemos a Manu (Manuella Barbosa Passos Santos), que foi para o Sada Cruzeiro. Ela foi bicampeã pela seleção mineira enquanto fazia parte do projeto”, relata Josias.


Outra revelação do Projeto Ecomov Voleibol foi Amanda Santos, que atualmente defende as cores do CRES/Varginha-MG (Clube dos Servidores Públicos de Varginha). Ela foi campeã brasileira escolar e tem se destacado em projetos em nível estadual e nacional. O Ecomov me proporcionou oportunidades enormes, de poder aprender a jogar voleibol e participar de grandes campeonatos, sem qualquer custo. Tive de superar o medo para estar em quadra, que não é algo fácil. Sigo disputando torneios e vejo no vôlei uma oportunidade de conseguir algo maior, de me tornar alguém bem sucedido. O esporte me ensinou a valorizar todos os momentos, amizades e o esforço dos meus pais. Quero que os jovens que vislumbram um futuro no esporte se lembrem de nunca desistir e que tentem até o fim, porque um dia vai dar certo, basta você acreditar, se esforçar e ter fé que tudo vai se realizar”, incentiva.
No projeto, participam atletas de 12 a 15 anos, feminino e masculino e, segundo Josias Alves, tem rendido bons frutos na parte técnica e humana do processo. Alguns tiveram rendimento escolar melhorado, porque os técnicos fazem essa cobrança.
Uma coisa é a Usipa com o projeto e outra sem. Ele permite o acesso de crianças em situação financeira precária e algumas vezes em vulnerabilidade social, que os dá um olhar diferente para a sociedade, por meio do esporte. Temos relatos de pessoas que não teriam como pagar e o esporte está permitindo isso. E por meio desses valores que são trabalhados no esporte, como disciplina, respeito, companheirismo, vemos uma mudança na vida do beneficiário. Ele entra de um jeito e sai de outro e isso para a gente é muito importante, gratificante e temos isso como principal fator, à frente até do detalhe técnico, que é consequência do bom trabalho”, salienta Josias.
Inspiração para os mais novos
Pedro Lucas Santos Araújo de 17 anos é líbero e pratica vôlei há dois anos. Para ele, Serginho, Bruninho e Wallace são inspirações no esporte e trabalha, diariamente, em busca deste nível de atuação. O vôlei proporciona muita coisa, permite uma evolução tanto como atleta, quanto como pessoa. Se Deus quiser, pretendo ser jogador profissional um dia, mesmo que não seja nos melhores times, mas todo suor é válido. O diferencial de cada atleta é a força de vontade e treinamento diário, e procuro me empenhar também. Vejo com dificuldade conciliar o vôlei com os estudos, porque o esporte requer muita dedicação e fica apertado dividir o tempo, mas não tenho dúvidas de que vale a pena”, assegura.
Aos 13 anos, a central Hevelyn Venâncio Amorim Silva revela que a mãe sente muito orgulho de vê-la em quadra e está sempre na torcida. O esporte para mim foi um resgate, estava desanimada devido ao falecimento do meu pai e minha família resolveu me colocar no vôlei. De início fui matriculada na capoeira, mas como sou muito alta, resolveram me trazer pra cá e deu super certo. Pratico esporte aqui na Usipa há aproximadamente um ano, entrei pela divulgação do projeto, sem ter a mínima noção de como funcionava o jogo, mas fui incentivada e hoje estou feliz com o resultado. Se eu tiver oportunidade de ter duas profissões, pretendo ser jogadora profissional e pediatra, pois gosto muito de crianças”, vislumbra.

Do alto dos seus 1,80m, Eloise Camile de Assis Silva, de 13 anos, vê no projeto e nas ações da Usipa uma oportunidade de ser alguém no futuro. Quero chegar à seleção brasileira. Aqui no clube tenho como inspiração o Deivid, que é técnico e me ajuda demais. Gosto muito da Fernanda Garay, que é ponteira. No dia a dia, a dificuldade que enfrento é conviver com a saudade da minha mãe, que mora em Portugal. Mas com o tempo a gente aprende a lidar. Hoje moro com meus avós e meus tios. Além disso, também enfrento o desafio dos estudos/treinos, mas tudo sob controle. Para os que têm o sonho de seguir no esporte, eu digo para se espelharem em alguém, traçarem um objetivo, ter foco e se esforçar muito, que o resultado aparece. Reconheço que a ajuda da Usipa para formação do atleta é imprescindível, mas também depende do atleta se esforçar e dar o seu melhor, sem sombra de dúvidas”, aconselha.
Renúncia fiscal e manutenção de sonhos
O gerente geral da Usipa, Sérgio Luiz Fasseheber, ressalta que a renúncia fiscal feita pela Usiminas dá condições de manter o projeto e proporcionar aos atletas dias melhores, por meio do esporte. É a oportunidade de se tornarem profissionais, podendo representar sua cidade, estado e país. É a realização de sonhos de crianças e adolescentes. Não fosse a Usiminas, não haveria projeto, porque temos custo elevado para manutenção. Por meio desse recurso financeiro, podemos cobrir gastos com pessoal, materiais e toda estrutura para dar andamento ao Ecomov. Essa parceria permite a sociabilização do jovem e dá a ele condições de ter uma vida mais saudável e isso é extremamente positivo”, afirma.
Josias Santos acrescenta que, todos os anos, o projeto é renovado e é aberto um processo de seleção. Fazemos a divulgação e convidamos a sociedade para os testes. Esse ano foi em junho, mas varia. O vôlei, ano 4, é um projeto de rendimento e o candidato tem que saber algo sobre, ao menos, o básico. Ele faz o teste e, caso seja selecionado, passa a compor o time. Hoje disputamos o campeonato AR-4, que é o regional do Vale do Aço e o AR-6, que é da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além desses, vamos disputar o estadual, que é considerado o principal do estado. No fim de semana passado, estivemos na capital mineira disputando e, até dezembro, estaremos em quadra por esses três campeonatos”, conclui.
(Bruna Lage - Repórter)
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