20 de julho, de 2019 | 10:24

Ainda não

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
Em 2013, em uma entrevista concedida à ESPN/Brasil, logo após a conquista da Copa Libertadores pelo Atlético, o ex-presidente Alexandre Kalil, atual prefeito de Belo Horizonte, disse: “A continuar assim, quando tiver uma administração séria, competente, o Flamengo vai ganhar tudo o que disputar”.

Kalil não tinha nenhuma dúvida disso, caso continuasse o atual modelo de divisão de verbas da TV patrocinadora das competições nacionais, que privilegia o rubro-negro carioca e o Corinthians paulista, além de outros clubes do eixo Rio-SP, agora com uma ênfase maior para o Palmeiras, que possui ainda um patrocinador de alto calibre que irriga fortemente seus cofres possibilitando-lhe fazer altos investimentos.

Na última semana, em meio aos jogos decisivos das quartas de final da Copa do Brasil, um destes beneficiados, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, curiosamente disparou sua metralhadora verbal contra o Flamengo, mas com o objetivo claro de atingir seu maior rival, o Palmeiras, como “candidatos a tudo”, prevendo também que, nos próximos anos, a dupla terá hegemonia no futebol nacional, em razão da disparidade financeira hoje existente em relação aos demais concorrentes.

Mas dentro de campo, o que ninguém esperava acabou acontecendo: Flamengo e Palmeiras, as duas maiores potências econômicas do futebol atual no nosso continente, foram eliminados precocemente nas quartas de final por Athletico-PR e Internacional, respectivamente, clubes com orçamentos bem inferiores aos seus, evidenciando que a propalada “espanholização” do nosso futebol, pelo menos por enquanto, ainda não aconteceu.

Sul-Minas
A polarização entre dois, no máximo, três clubes, na disputa pelos títulos das principais competições nacionais, está de fato a caminho, caso não sejam tomadas providências para democratizar a distribuição das verbas publicitárias, sobretudo as vindas da TV, no sentido de estabelecer um equilíbrio maior entre os concorrentes.
Felizmente, até este momento, por uma série de motivos entre os quais a enorme complexidade que envolve os jogos e competições de futebol, a ‘espanholização’ não virou realidade aqui nos nossos grotões.

A espiral começa lá em baixo, nos estaduais, onde, no nosso caso, Atlético, Cruzeiro e América atropelam os clubes chamados ‘pequenos’ do interior, para se tornarem em seguida vítimas do mesmo sistema, tendo como algozes os chamados ‘grandes’ do eixo Rio/SP.

Que seja bem-vinda a semifinal “Sul-Minas” da Copa do Brasil deste ano, que reunirá numa ponta o gaúcho Grêmio, que já levantou a taça cinco vezes, contra o paranaense Athlético, que busca o seu primeiro título.
Do outro lado, o maior ganhador da Copa do Brasil, com seis títulos, o Cruzeiro vai jogar contra o gaúcho Internacional, que tem apenas uma conquista, em 1992.

FIM DE PAPO
O clássico da última quarta-feira, com mais de 22 mil pessoas presentes, capacidade máxima do Estádio Independência, vencido pelo Galo por 2 x 0, foi um dos melhores dos últimos anos. O Cruzeiro, depois da vitória de 3 x 0 no Mineirão, jogou com o regulamento debaixo do braço e se deu bem ao final. Os jogadores do Atlético, ao contrário da partida anterior, mostraram raça e vontade, se impondo sobre o maior rival desde o começo, mas pecaram nas finalizações e por isso foram eliminados, já que poderiam ter vencido por um placar maior.

Agora, restam ao Atlético apenas duas competições para tentar salvar a temporada, com maiores chances de êxito na Copa Sul-Americana, onde fará outro mata-mata, desta vez contra o perigoso Botafogo. Se conseguir passar pelo alvinegro carioca, o Galo terá adversários de menor tradição e pior qualidade técnica até a final.

Já o Cruzeiro precisa melhorar o seu desempenho, que é pífio no Campeonato Brasileiro, onde ocupa o 17º lugar, com apenas nove pontos ganhos e na zona de rebaixamento. Paralelamente, terá que administrar os confrontos importantes e decisivos contra o atual campeão, River Plate, pela Copa Libertadores. A situação é complicada, pois se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Muito triste e comovente a morte do torcedor atleticano Luciano Oliveira Palhares, ainda jovem, com apenas 34 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco quando assistia, ao lado do filho de cinco anos, no Estádio Independência, o clássico Atlético x Cruzeiro. Ele chegou a ser socorrido e reanimado pelos médicos do estádio, mas quando era transportado para o hospital, sofreu outro infarto e não resistiu.

Já vivenciei uma situação semelhante, em novembro de 2002, quando era administrador do Ipatingão. O Ipatinga perdia no primeiro tempo de 2 x 0 para o Marília (SP), em jogo válido pelo Brasileiro/Série C. Na segunda etapa, empurrado pela torcida presente em bom número ao estádio, o Tigre reagiu, empatou e virou o placar para 3 x 2.

Após a marcação do gol da vitória quadricolor, um aposentado da Usiminas, o Sr. Rosalino, torcedor assíduo do Tigre nos jogos do Ipatingão, sofreu um ataque cardíaco fulminante. Apesar de todos os esforços da equipe médica de plantão naquele dia, ele acabou não resistindo e faleceu a caminho do Hospital Márcio Cunha. “Se tiver que amar, ame hoje. Se tiver que sorrir, sorria hoje. Se tiver que chorar, chore hoje. Pois o importante é viver hoje. O ontem já foi e o amanhã talvez não venha”. Chico Xavier. (Fecha o pano!)
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