17 de julho, de 2019 | 12:35

Sob comoção, Fernando Silva assume Prefeitura de Naque

Solenidade foi realizada na manhã desta quarta-feira, na Câmara de Vereadores

Em solenidade realizada na manhã de quarta-feira (17/7), na Câmara de Vereadores de Naque, o vice-prefeito, Fernando da Costa Silva (Pros), assumiu o cargo de prefeito do município. Acompanhado de sua esposa, Ivanilda Soares, o agora chefe do Executivo fez um discurso emocionado e assegurou a continuidade dos trabalhos em prol da população.

Fernando estava em seu segundo mandato como vice-prefeito. Sua posse ocorreu em razão do assassinato do prefeito Hélio Pinto de Carvalho (PSDB), o Hélio da Fazendinha, morto a tiros pelo vereador Marcos Alves de Lima (PSDC), o Marquinho do Depósito, no sábado (13).

A posse inicialmente estava agendada para segunda-feira (15), mas não foi possível, porque Fernando sentiu-se mal. Remarcada para a quinta-feira (18), teve a data novamente alterada para esta quarta-feira (17). O plenário estava lotado de lideranças políticas, como o vice-prefeito de Ipatinga, Célio Aleixo e vereadores de cidades da região, além de moradores, alguns deles, às lagrimas. O recém-empossado prefeito disse que tem pedido forças a Deus, para dar continuidade ao mandato.

“Esperamos, com muita fé e muita força da comunidade, resgatar a autoestima da cidade depois dessa tragédia. Ninguém esperava, ninguém desejava isso. Vamos ter de promover ações para recuperar a autoestima de todos e também divulgar pra mídia que Naque não é essa cidade violenta, mas sim pacata e de pessoas humildes, onde tem muita coisa boa e uma das cidades do Colar Metropolitano que tem o menor índice de criminalidade e violência”, assegurou Fernando Silva.

Equipe deverá ser mantida

O prefeito adiantou que irá conversar com a equipe de governo. “A ideia é manter os profissionais que estão lá, claro que ele trabalhava de um jeito e eu tenho a minha forma, mas a ideia é mantê-los, não tem porque fazer caça às bruxas, isso ocorreria se tivesse algo ruim. Mas o município de Naque está com as dívidas sanadas, pagamento dos servidores em dia, o que é raridade hoje no Estado de Minas Gerais. Estamos no caminho certo e nossa ideia é tentar aprimorar e melhorar o que vinha sido feito e o que já foi feito pelo Hélio. É dar continuidade nesse legado dele, de amor, de paz, de uma política pra todos, sem perseguição, eu acho que é isso que tem de prevalecer”.

Fernando Silva acrescenta que o prefeito Hélio era uma pessoa fantástica e que colocava a mão na massa. “Vejo que as pessoas idolatrarem o prefeito de Colatina, Sérgio Meneguelli, como referência de homem trabalhador, eu acho que o Hélio era muito mais, mas não tinha o marketing que o Meneguelli tem. Todo dia ele estava em cima de máquina, trocava manilha, ele gostava de pegar o touro pelo chifre. Apesar de não estar no dia a dia da prefeitura, eu tinha um contato muito bom com ele e com o secretariado dele. Se Deus quiser, tenho certeza que vamos superar esse momento e dar alegrias para a comunidade de Naque, pra resgatar a confiança e alegria deles”, anseia.

Sobre a situação de Marquinho do Depósito, o prefeito preferiu não opinar, por não ter o conhecimento de causa para julgar. “O que posso dizer é que, pelo o que eu conheço do Hélio, ele era uma pessoa muito serena. Estranho tudo que está sendo veiculado na mídia, de ele ter agredido o vereador, para tirar ele do sério alguma coisa aconteceu. Ele não era um cara de estopim curto, era muito centrado, muito equilibrado, mas eu acho que com o tempo tudo vai se esclarecer. A Polícia Civil está fazendo um trabalho muito contundente, que é apurar os fatos com clareza. Fico triste pelas famílias, pois é tragédia”, lamenta.

Suplente irá requerer cassação

Desde o dia 1º de julho, a Câmara de Naque está em recesso, retomando os trabalhos em agosto, quando uma definição sobre a vaga de Marquinhos será definida. Conforme apurado pelo Diário do Aço, não há nenhuma movimentação sobre o afastamento do parlamentar do cargo. Ele tem como suplente Uanderson Basílio de Araújo Pereira (PSDC), o Kuanga, que tomará frente neste caso.

“Certamente irei requerer a cassação, acredito que irá fazer bem para o município também, mas vamos fazer o que está dentro da lei e o que tiver que ser feito, será feito. Não apenas por mim, mas pela Câmara e os demais vereadores. Vou esperar o fim do recesso para ver o que pode ser feito”, pontua Kuanga.

O procurador Geral do município de Naque, Delone Canedo, explica que o procedimento adotado pela Câmara será junto ao corpo jurídico, mas acredita-se que será pela cassação do mandato, após o retorno das atividades do Legislativo.

“Caso Kuanga ingresse com pedido para suprir a vaga, haverá o trabalho de uma comissão processante, conforme lei orgânica e regimento interno. Caso não requeira, após confirmação de três ausências em reuniões, poderá ser feito o pedido por meio de ofício, pela Mesa Diretora. Haverá um pedido, dentre outros, de quebra de decoro parlamentar, porém, como é preciso obedecer ao processo legal, enquanto não for condenado, presume-se a sua inocência”, contextualiza o advogado. Já o presidente da Câmara de Vereadores, José Fernandes de Oliveira, disse apenas que irá aguardar a avaliação jurídica do caso.

O Regimento Interno do Legislativo prevê a perda do mandato se: o procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar ou atentatório às instituições vigentes; Que deixar de comparecer a três reuniões ordinárias, salvo em caso de licença, doença comprovada, ou de missão oficial; Que perder seus direitos políticos; Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos em lei; Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado; Que fixar residência fora do município; Que deixar de tomar posse, sem motivo justificado; Que se utilizar do mandato para prática de atos de corrupção. Além disso, se infringir qualquer das proibições do artigo 23: a denúncia de falta de decoro parlamentar de qualquer parlamentar membro da Câmara poderá ser feita pela Mesa, de ofício, por vereador ou qualquer cidadão, em representação fundamentada. Toda denúncia será apreciada por uma comissão especial, que emitirá parecer para discussão e votação em plenário.

Moradores se dizem estarrecidos com o caso

Wilton Mendes conviveu com Hélio da Fazendinha por muitos anos e afirma estar em choque com a situação. “Vi pessoas desmaiando de tristeza e alguns ainda não entenderam o que aconteceu. A ficha não caiu. Alguns chegaram a dizer que Hélio deveria ser mais precavido e evitar andar sozinho, mas ninguém imaginava que seria morto. Era uma pessoa simples e fará falta”, afirma o morador.

Altamiro Leonardo Ferreira, também morador de Naque desde a juventude, disse que nunca viu um cenário como este. “A cidade está enlutada. Vai ser difícil esquecer o que houve. Hélio não tem substituto, uma pessoa boa e prestativa. Desejamos sorte ao Fernando e que tenha uma boa gestão. Naque precisa retomar seu rumo. Vamos somar forças para isso”, vislumbrou.

Prisão preventiva decretada

Embora tenha sido preso no dia do assassinato do prefeito de Naque, depois de fugir para Governador Valadares em uma caminhonete Ford Ranger, e liberado em uma Audiência de Custódia, no domingo, o autor confesso do homicídio, Marquinho do Depósito, voltou a ser preso terça-feira (16), por força de um mandado de prisão preventiva, expedido pela Justiça da Comarca de Açucena.

O mandado de prisão foi cumprido pela Polícia Civil do Espírito Santo a partir de comunicação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). O delegado responsável pelo inquérito, João Luiz Martins Barbosa, informou por meio de nota que nas próximas horas a equipe da Delegacia da Polícia Civil em Açucena buscará o suspeito.

Ele foi encontrado na casa de familiares em Vitória (ES), sob suspeita de planejar uma fuga. Inclusive, foi encontrado como o cabelo pintado. O advogado de defesa do vereador, Evaldo Braga da Silva nega: “Pintou o cabelo por uma decisão da esposa do vereador. Ele não estava com passaporte nem possui visto para entrar em qualquer outro país”, afirmou o advogado.

Entenda o crime

Conforme testemunhas relataram no sábado (13), prefeito e vereador, que já tinham “divergências políticas sérias”, brigaram por causa de uma situação considerada banal. O vereador possui um loteamento em Naque, ao lado de uma área de propriedade do município. O vereador queria instalar uma porteira no local, mas o prefeito determinou a deposição de entulho no mesmo lugar, o que atrapalhava os planos do vereador. Em entrevista à TV Alterosa, em Governador Valadares, Marquinho do Depósito contou detalhes do ocorrido, conforme [link https://www.youtube.com/watch?v=Y1Cn3HBfXz4|noticiado também pelo Diário do Aço.

No sábado pela manhã, o vereador, montado em um cavalo, foi ao local e lá encontrou o prefeito e outras pessoas, entre elas Jurandir Firmino Ramos e o presidente da Câmara de Vereadores, José Fernandes de Oliveira, o Fernandão. Houve uma discussão e os dois entraram em luta corporal. O prefeito tomou do vereador um relho e desferiu golpes no desafeto.

Marquinho do Depósito alega que chegou a gritar para que o prefeito parasse, pois estava armado. Como o prefeito não cessou os golpes, o vereador afirma que sacou o revólver que portava e o descarregou sobre Hélio. As marcas das chicotadas foram mostradas por Marquinho, nas costas e braços. Hélio tinha sete perfurações pelo corpo (entrada e saída de projéteis), das quais, uma no coração.

A arma usada no crime, um revólver calibre 38, novamente municiado com seis cápsulas intactas, foi apreendida no ato da prisão do vereador, Condomínio Retiro dos Lagos, em Governador Valadares. O delegado João Luiz Martins Barbosa informou ao Diário do Aço que o vereador tinha registro da arma e apenas licença para posse. Ele não poderia portar a arma pelas ruas. (Bruna Lage - repórter)



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Comentários

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Boneca

17 de julho, 2019 | 16:48

“A palavra correta e Deus.”

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