05 de julho, de 2019 | 07:29

Paulo Guedes reforça mudanças estruturantes na economia

Ministro da Economia reafirma que previdência será migrada para o sistema de capitalização e além de vender estatais, União vai se desfazer de imóveis e iniciativa privada comandará investimentos, no lugar do estado

O ministro da Economia, Paulo Guedes diz que confia no Congresso para aprovação da reforma da Previdência - José Cruz/Agência Brasil/ArquivoO ministro da Economia, Paulo Guedes diz que confia no Congresso para aprovação da reforma da Previdência - José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

Numa eleição sem debates entre candidatos, para confrontar propostas, somente agora o plano do governo de Jair Bolsonaro é esclarecido, aos poucos, para a população. É o exemplo que se tira de um palestra do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (4), em evento em São Paulo, voltado para empresários.

Primeiramente, Paulo Guedes disse acreditar que o texto da reforma da Previdência será aprovado na Câmara dos Deputados ainda antes do recesso parlamentar. Na palestra o ministro detalhou mudanças radicais que vêm pela frente na área econômica brasileira.

“Estamos tendo apoio. Apesar de tudo o que se diz por aí, a grande verdade é que [há apoio do] o presidente da Comissão Especial [Marcelo Ramos], o relator [Samuel Moreira], o presidente da Câmara dos deputados [Rodrigo Maia] e, principalmente da Câmara. Acredito que a Câmara vai aprovar ainda antes das férias. Acho que semana que vem isso vai ao Congresso”, falou ele, arrancando aplausos do público presente ao evento.

Em palestra a empresários, o ministro repetiu várias vezes que confia no Congresso brasileiro. Ele também voltou a defender o regime de capitalização, em que cada pessoa é responsável pela própria aposentadoria, dizendo que o regime de repartição, no qual os contribuintes rateiam o pagamento das alíquotas da previdência e as despesas com o pagamento dos benefícios, que é adotado no Brasil atualmente, “é insustentável”. “É uma bomba demográfica, ele vai explodir”, disse ele.

Para o ministro, a proposta que foi encaminhada pelo governo ao Congresso é potente para cobrir o rombo da previdência e levar ao próximo passo, que é a migração para o sistema de capitalização. “Esta reforma que mandamos é potente o suficiente para viabilizar o segundo passo que seria a transição para o regime de capitalização. Mas é uma coisa de cada vez. Primeiro movimento agora é conseguir uma potência fiscal, suficiente para tentarmos, lá na frente, fazer um esforço de migrar para o regime de capitalização”, disse.

O ministro da Economia, Paulo Guedes anuncia medidas para reduzir burocracia, custos e tempo em processos de marcas e patentes.

Segundo Guedes, a crise no Brasil é resultado do excesso de gastos públicos que “causou todas as disfunções financeiras que o país atravessou, corrompeu a democracia brasileira e estagnou a economia”.

Próximos passos

Segundo o ministro, o maior gasto do governo era com a previdência, seguido pelos juros e as despesas. “Vamos reestruturar o balanço”, falou. Por isso, disse ele, após a aprovação da reforma, o ministério vai se debruçar sobre o a diminuição dos investimentos do Estado.

“Vamos desinvestir para diminuir o endividamento do governo”, disse ele. “Primeiro a Previdência. Vamos aprovar a reforma da Previdência. Segunda grande despesa: o estado, os juros. Vamos então reestruturar o balanço. Vamos começar o ensaio das privatizações”, falou ele, ressaltando que o movimento de privatizações deve ser iniciado já no segundo semestre.

Além das privatizações, Guedes disse que o governo pretende também se desfazer de alguns imóveis. “O governo é a maior imobiliária do mundo”. O terceiro movimento, acrescentou, será a reforma do estado. “Mais Brasil e menos Brasília”, ressaltou.

Entre os planos do governo, está também desalavancar os bancos públicos, encolhendo o crédito público e aumentando o privado. Os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) vão entrar nas privatizações e na reestruturação financeira de estados e municípios, além de acelerar os investimentos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPPIs) e saneamento. "Essa é a função do banco público que a gente quer", disse o ministro.

Outra medida é informatizar e digitalizar o serviço público, sem repor os servidores públicos que estão se aposentando nos próximos anos. “Vamos acabar com o buraco da previdência, vamos reduzir subsídios, vamos controlar gastos”, completa Paulo Guedes.

O ministro disse ainda que também pretende reduzir o custo de infraestrutura no país. “O setor público parou de investir porque quebrou e o setor privado foi expulso pelos juros altos do mercado de infraestrutura. O que vamos fazer agora é abrir esses mercados, juntamente com as concessões, as privatizações e os contratos de infraestrutura que vamos fazer. Nos próximos anos, é o investimento privado que vai construir a infraestrutura brasileira. O setor privado brasileiro está pronto para decolar”.

Outra ação importante, destacou o ministro, será simplificar os impostos do país. “Vamos fazer uma simplificação importante, profunda. Não vamos fazer nenhuma aventura. A reforma dos impostos é iminente”, falou. “Vamos entrar no segundo semestre com dois grandes eixos. Um é a reforma tributária, assunto que tem tudo a ver com modernização, redução de impostos, a simplificação e botar a economia brasileira para crescer de novo”, falou.

A outra ideia, acrescentou, será mudar o pacto federativo. “Na versão mais radical do pacto federativo, a versão será a seguinte: todas as despesas estão desobrigadas, desvinculadas, desindexadas. Todas as despesas de todos os entes federativos. Isso é devolver à classe política o controle sobre orçamentos públicos. Orçamentos e responsabilidades. O dinheiro não pode ser todo carimbado pela Constituição”, falou.

Sobre o acordo do Mercosul com a União Europeia, ele prevê que levará cerca de 2,5 anos para ser consolidado. Ele também falou sobre a entrada do país na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) , dizendo que o governo dos Estados Unidos garantiu que faria a recomendação para que isso ocorra rapidamente. "Está assegurada a abertura gradual da economia brasileira”, disse.

“Na hora em que se escolhe estradas corretas, governos futuros terão que seguir nesse caminho. Fazendo a coisa certa, você começa a andar e ninguém mexe com aquilo. Estou muito confiante no Brasil”, finalizou. (Com informações de Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil São Paulo)
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Comentários

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Nelia Vieira

25 de julho, 2019 | 15:48

“Sugiro que ele poderia dar o rendimento correto, de acordo com a poupança , para o Fgts e as pessoas pudessem resgatar os. Lucros e a multa poderia ser menor, sugiro 10 a 15 ?/,. O governo não perderia nada, quem paga o rendimento é o bco , que o trabalhador poderia escolher. Isso causaria uma disputa entre eles para o melhor rendimento. Alguém manda essa ideia para o GUEDES. O gov teria uma credibilidade absurda.”

Carla Gomes

05 de julho, 2019 | 09:39

“O que esse homem propõe é muito sério, uma mudança radical. O que é bom e o que é ruim nessa proposta? E onde está a oposição nesse momento? Ao invés de fazer analises conjunturais sobre todas as propostas apresentadas e mostrar os pros e contras para a população, está dispersa viajando na batatinha. Pode isso?
É preciso entender que nem tudo proposto por Paulo Guedes é tão bom assim - afinal esse homem representa o interesse do setor bancário/financeiro - e nem tudo é tão ruim que não possa melhorar. Mas em vez de ajudar no entendimento e na solução a oposição fica nesse mantra de Lula Livre. Gente, acorda, lula já era, já passou o seu tempo, "Rei morto, Rei posto". O que interessa agora é o que vai ser o Brasil para os brasileiros. Pronto, falei. Agora vem o mimimi.”

Marcos Souza

05 de julho, 2019 | 08:05

“O que O sr. Paulo Guedes está querendo fazer é beneficiar a iniciativa privada, vendendo as empresas e os bens do país a preço de banana para bancos e empreiteiras que na verdade ele representa. Quem sobreviver verá.”

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