23 de junho, de 2019 | 12:00

Bruno Tabata celebra título pela seleção olímpica e trajetória no futebol

Jogador teve sua formação no Vale do Aço, atuou no Atlético, mas vive bom momento em Portugal

Wôlmer Ezequiel
Camisa 11 da seleção olímpica e do Portimonense, o jovem Tabata vive bom momento em sua carreiraCamisa 11 da seleção olímpica e do Portimonense, o jovem Tabata vive bom momento em sua carreira

Aos 22 anos, o ipatinguense Bruno Tabata é só alegria. Após ser campeão com a seleção olímpica no Torneio Maurice Revello (antigo Torneio de Toulon), na França, o meia-atacante do Portimonense, de Portugal, descansa ao lado da família e fala sobre os desafios, seus planos dentro do futebol e deixa um recado para os jovens que, assim como ele, querem seguir a carreira dentro das quatro linhas.

Na certidão de nascimento ele é Bruno Vinicius Souza Ramos, mas, aos 7 anos, em seu primeiro dia na escolinha do Ipatinga, recebeu o apelido que o acompanharia em sua carreira. Naquela época, o jogador Rodrigo Tabata atuava pelo Santos e um colega notou semelhança física entre eles. “Na hora deixei pra lá, pois dizem que se ficar bravo o apelido pega. Mas como era muito novo e não sabiam meu nome, me chamavam de Tabata. Conversei com meu pai e disse que adotaria o apelido. Hoje em dia só minha família e minha namorada me chamam pelo meu nome. Nunca tive contato com ele (Rodrigo), mas espero um dia poder agradecer. Uma brincadeira que acabou virando meu nome no futebol e isso é muito legal”, celebra.

Em uma conversa agradável na casa da família, em Ipatinga, Bruno Tabata recebeu o Diário do Aço e contou sobre a conquista com a camisa da seleção. “Foi uma emoção muito grande, acredito que todo garoto, desde que começa a jogar futebol, sonha com isso. Comigo não foi diferente. Mantive um sonho dentro de mim de defender a seleção. Ser campeão é muito gratificante e me faz pensar em tudo o que passei, apesar de ainda ser jovem, e ver que colhi os bons frutos do que plantei. Espero que seja o primeiro título de muitos”, vislumbra.

Sobre a experiência com a amarelinha, Tabata pontua que construiu amizades e viu o trabalho ser coroado com o título. “As recordações são as melhores possíveis, desde a pessoa que cuidava dos materiais, aos companheiros, conseguimos coroar nosso bom trabalho com um título e isso vai ficar na memória. Alguns podem nem voltar a vestir a camisa da seleção, outros ainda irão, mas para todo mundo essa foi uma emoção especial”, destaca.

Dificuldades
O camisa 11 revela que a maior parte dos jogadores nunca tinha jogado na mesma equipe. “O maior desafio pra nós era o treinador passar a ideia, seu esquema de jogo e absorvermos isso. Mas acredito que tiramos de letra, entendemos em poucos dias e demos uma boa resposta dentro de campo. O Japão foi um adversário difícil, um futebol que vem crescendo ao longo dos anos. No meu clube joguei com vários japoneses. O futebol mundial está equiparado. As seleções que antes eram consideradas como muito fracas têm jogado de igual para igual com as demais. Hoje, quem tiver mais jogadores fora de série é que vai sobressair, na individualidade”, analisa.

Sobre as dificuldades em morar fora do Brasil, Bruno Tabata, que antes jogava pelo Atlético, diz que a cultura é diferente, apesar do idioma ser o mesmo daqui. Apesar disso, ele avalia a mudança para Portugal como boa, por permitir seu amadurecimento. “Meus pais me visitam, mas tem a distância de casa, dos amigos e da família. Hoje moro com minha namorada. Apesar do período que passei de adaptação e de gostar muito do Brasil, hoje estou muito bem morando na Europa, num país sensacional como é Portugal. Não tenho vontade de voltar (para o Brasil), não nos próximos 10 anos. Claro que no futebol tudo pode acontecer, mas meu objetivo é esse”, revela.

Transferência
Conforme noticiado pelo jornal português "A Bola", o jogador do Portimonense é cobiçado pelo Benfica e também é um dos alvos do Porto para a nova temporada. Sobre uma possível transferência, Tabata assegura que deixa o assunto nas mãos de quem cuida de sua carreira: os pais e o empresário. “Tento ficar um pouco fora disso, mas é claro que a atenção de grandes clubes me deixa feliz, porque é o reconhecimento do trabalho. Mas não posso ficar apegado a isso, até porque nos dois anos anteriores, tive grandes sondagens e o presidente do meu clube conversou e pediu que eu ficasse. Mas estou tranquilo, se for pra ficar, darei o meu melhor, ou se for pra sair, vou em busca de um próximo nível, de buscar títulos, uma Europa League, Champions League. Todo jogador sonha com isso. Mas no período de férias vou descansar, para quando voltar, entender o que o clube quer de mim e dar o próximo passo”, garantiu.

Jogador tem Messi e Neymar como ídolos

Para Bruno Tabata, o argentino Lionel Messi é um ídolo. O brasileiro, que não viu Pelé jogar, avalia o camisa 10 da Argentina como o melhor. “Gosto muito e também sou fã do Neymar, até pelos problemas que tem enfrentado, e por eu ser do meio do futebol, entendo um pouco o que ele passa. O admiro e apesar do momento ruim, sou fã. Se fosse pra escolher alguém pra trabalhar, gostaria de jogar com um dos dois, sem dúvida”, anseia.

Questionado sobre a seleção principal, o meia-atacante diz que esse é um passo a passo a ser seguido. “Fui para a seleção olímpica, fui campeão e vou voltar para o meu clube, continuar minha evolução. Talvez daqui a um ou dois anos esteja preparado para a principal. Mas não é uma coisa que eu pense, não pensava agora, mas fui coroado com essa oportunidade. Vou me preparar para jogar num nível maior, para depois pensar no próximo passo”, planeja.

Para os pequenos jogadores de Ipatinga e do Vale do Aço, Tabata, que passou por Usipa, Aciaria e Ipatinga, deixa um recado. Em sua opinião, acima de tudo, é preciso desfrutar e ser feliz no futebol. “Foi o que eu fiz. Não tinha objetivo de ser jogador, mas soube me posicionar quando chegou o momento. Com 13 anos tive que tomar decisões que pessoas mais velhas talvez não saberiam, tenho consciência disso. Da minha época em Ipatinga, poucos estão no futebol, talvez só eu. Minha mensagem é: não fiquem obcecados com o futebol, desfrutem, tenham personalidade e saibam enfrentar os desafios, pois é um caminho muito difícil”, conclui o jogador.

(Bruna Lage)




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