04 de junho, de 2019 | 16:00
Anvisa atesta segurança do consumo do pescado do rio Doce
Agência aponta que limite diário de 200 gramas de peixe para adultos e 50 gramas para crianças não representa risco à saúde humana
Divulgação
Conforme pesquisa, pescados na região atingida por resíduos da mineração ainda apresentam índice de metais acima do normal, mas sem risco à saúde
Conforme pesquisa, pescados na região atingida por resíduos da mineração ainda apresentam índice de metais acima do normal, mas sem risco à saúde
Em nota técnica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu parecer favorável ao consumo de peixes e crustáceos provenientes da Bacia do Rio Doce e da região costeira, desde que respeitados os limites diários de até 200 gramas de peixe para adultos e jovens acima de 10 anos (ou 1,4 kg por semana) e de até 50 gramas para crianças até 10 anos e gestantes (ou 350 gramas semanais). Esses foram os parâmetros considerados seguros para o consumo, por representarem risco mínimo à saúde.
A análise partiu de uma solicitação do Grupo de Trabalho da Pesca e Aquicultura (GT - Pesca), que integra o Comitê Interfederativo (CIF) e tem como objetivo saber como está a qualidade dos pescados na área do rio Doce, atingida pelos resíduos da mineração, resultados do estouro da barragem do Fundão, em 5 de novembro de 2015, na área da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP.
Composto por integrantes do meio acadêmico, do poder público das esferas federal e estaduais, o comitê acompanha as ações da Fundação Renova, responsável por reparar e compensar os danos do rompimento.
Para subsidiar a análise, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Renova e universidades (como a Universidade Federal do Rio Grande - FURG) enviaram dados brutos e analisados de amostras coletadas de Mariana até a foz do rio Doce e ao longo da região costeira, de Guarapari (ES) a Abrolhos (BA), incluindo afluentes e trechos não atingidos pelo rejeito da barragem de Fundão.
Entre novembro e dezembro de 2018, a Anvisa recebeu 11 mil resultados analisados, abrangendo 76 espécies diferentes de peixes, quatro de camarões e uma de lagosta. As análises investigaram a presença de 12 elementos (entre metais e metaloides) nos pescados da região atingida: cádmio, cromo, cobre, chumbo, ferro, manganês, mercúrio, arsênio, alumínio, níquel, prata e zinco.
Com base nos resultados, a Anvisa reconhece que os pescados da região de estudo apresentam médias maiores de concentração de cádmio (em peixes de água salgada), mercúrio e chumbo, quando comparados com pescados comercializados mundialmente. A agência ressalta, no entanto, que apenas as presenças de chumbo e de mercúrio merecem atenção. As concentrações dos demais metais não representariam risco à saúde humana.
A nota técnica da Anvisa também ressalta a importância do controle e da fiscalização para assegurar que não haja o consumo de pescados com concentração de metais acima daqueles definidos pela legislação vigente.
A recomendação da Anvisa não somente oferece maior segurança em termos de saúde, mas representa também um importante passo para a retomada da economia da região afetada, uma das missões da Fundação Renova, que atua para recompor as condições socioeconômicas e ambientais das atividades aquícolas e pesqueiras”, divulga a fundação Renova, entidade constituída com o propósito de gerir e executar os programas e ações de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão.
De acordo com o líder do programa de Biodiversidade da Fundação Renova, Bruno Pimenta, este é um importante passo para a continuidade dos estudos. O pescado continua sendo monitorado. Outras análises serão acrescentadas para que ocorra a verificação da possibilidade de modificar a quantidade de consumo”, afirma Pimenta.
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