02 de junho, de 2019 | 08:03
102 anos de muita alegria e história para contar
Dona Isabel de Amorim Lopes, moradora do bairro Novo Cruzeiro, em Ipatinga, celebra neste mês de junho, 102 anos
Wôlmer Ezequiel
Ao lado de parte da família, Isabel (sentada), celebra a vida e almeja viver muitos anos

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a expectativa de vida do brasileiro ao nascer, é de alcançar 80 anos, no caso da mulheres e 73 anos, para os homens. Mas, como toda regra tem exceção, dona Isabel de Amorim Lopes, moradora do bairro Novo Cruzeiro, em Ipatinga, celebra neste mês de junho, 102 anos, com muita saúde e claro, muitos filhos, netos e tataranetos.
A casa de dona Isabel está sempre cheia: são 10 filhos, 31 netos, 54 bisnetos e nove tataranetos. O marido, José Ferreira Pedra, que morreu aos 84 anos. Caber não cabe todo mundo, mas a gente se ajeita da melhor forma possível. Quando alguém não aparece, a vó diz: cadê as fia do Juca Pedra?”, conta aos risos uma das netas, Graciela Pedra. Do alto de seus 102 anos, celebrados no dia 1º de junho, a simpática centenária diz não ter um segredo para a longevidade.
Estou feliz por chegar até aqui, tive filhos, várias mulheres e três homens. Sou grata pela família que tenho”, pontua dona Isabel, com um sorriso. Em reside na rua São Marcos há alguns anos, mas é natural de Santo Antônio do Grama, Zona da Mata mineira. Mas morei bastante tempo em São Geraldo, morava e trabalhava na roça do meu avô. Até hoje gosto muito de ir pra roça. Outro dia estava debulhando milho e comi várias coisas, carne, ovo frito, muita coisa gostosa. Eu nunca fumei e também não bebo nada alcoólico. Aqui em casa só essas cachaceiras das minhas filhas que bebem de tudo”, entrega, às gargalhadas.
Experiente, a matriarca já presenciou muitos fatos históricos e se lembra de alguns governos. Teve o Getúlio (Vargas, de 1930 a 1945) e o JK (Juscelino Kubistchek, de 1956 a 1961). Lembro deles na política. Mas o que guardo com carinho são as lembranças de minha mãe, que costurava e cozinhava pra todo mundo”, recorda.
Mesmo saudável, dona Isabel tem certa dificuldade para pontuar alguns momentos, mas conta com o suporte de seus familiares para apoiá-la, a todo tempo. A neta Graciela explica que a avó não tem doença alguma, toma dois ou três comprimidos diários. Não tem pressão alta e nada do tipo. Come churrasco, feijoada, refrigerante e o que a gente não dá, ela pega escondido na cozinha. Faz tudo sozinha, totalmente ativa, anda pela casa o dia inteiro. Ela é muito católica, gosta muito de igreja, a família inteira é católica por causa dela”, salienta.
Para Graciela, Isabel foi pai e mãe e com ela aprendeu a rezar o terço, ir à igreja e a respeitar o próximo. Depois que o vô morreu, passei a fazer companhia, pois minhas tias se casaram e eu fiquei aqui. Sempre fomos uma pela outra. Até pouco tempo ela gostava de passear de ônibus pela cidade, sempre foi independente. A visão dela é excelente, em razão de uma cirurgia de catarata, aos 80 anos. A senhora lembra, vó, que andava pra lá e pra cá?. Mas hoje isso é mais difícil. Mesmo com uma saúde de ferro”, aponta.
Alicerce
Dona Isabel contou com o auxílio da neta em toda a entrevista, em razão de sua audição. Graciela tem na avó, assim como todos, uma figura essencial, um alicerce. Nós vivemos em função dela, 24 horas, tudo que fazemos pensamos nela. A meta de vida é 150 anos, mas se chegar a 125 estamos felizes”, brinca. A centenária pregou uma peça na família aos 100 anos. Com a festa já preparada, teve de ser internada por causa de um problema no coração. Ficou dois meses no hospital, passou pela Unidade de Terapia Intensiva, mas superou a fase e está melhor do que antes.
Ela ficou muito ruim, mas ainda assim teve umas cinco ou seis festas, ninguém mais aguentava ver bolo. Depois disso, nunca mais ela foi para o hospital. O grande susto foi aos 100 anos mesmo. Ela sempre teve uma vida saudável, acredito que seja por isso que ela ainda está entre nós. Hoje ela mora sozinha, mas a família tem uma escala de revezamento. Ela não realiza nenhum tipo de trabalho doméstico, se alimenta sozinha e também toma banho, ficamos observando para evitar qualquer tipo de acidente”, frisa.
Ao fim da entrevista, dona Isabel e parte de sua numerosa família, convidaram a reportagem do Diário do Aço para um cafezinho, acompanhado de bolo de iogurte. O retrato perfeito de uma casa cercada por costumes, amor e carinho. Aqui é sempre uma festa, sempre com muita gente comendo e batendo papo. Desejamos que ela viva muitos anos, pois ela é a alegria da casa. Com ela, somos muito felizes. Parabéns, vó”, concluiu a neta, em nome dos demais familiares.
(Bruna Lage - Repórter)
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