26 de maio, de 2019 | 08:00

"Nosso objetivo é zerar o número de desaparecidos em Brumadinho"

No último balanço divulgado, mais de 390 pessoas foram localizadas até o momento, mas ainda há dezenas de desaparecidos após a catástrofe

Tiago Araújo
O comandante-geral Edgard Estevo afirmou que há um plano de contingência para um possível rompimento da barragem em Barão de Cocais  O comandante-geral Edgard Estevo afirmou que há um plano de contingência para um possível rompimento da barragem em Barão de Cocais

Após cinco meses de trabalho, completados nesse sábado (25), as equipes de resgate ainda atuam na busca das vítimas desaparecidas em Brumadinho depois do rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro desse ano. No último balanço divulgado, mais de 390 pessoas foram localizadas até o momento, mas ainda há dezenas de desaparecidos após a catástrofe. Já o número de óbitos confirmados em Brumadinho pelo Instituto Médico-Legal (IML) é de 240.

Em entrevista à imprensa essa semana no auditório da Fiemg, em Ipatinga, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Edgard Estevo, informou que o objetivo é zerar o número de desaparecidos e que não há previsão para encerrar os trabalhos em Brumadinho. “Nós continuamos com essa enorme operação em Brumadinho, que é a maior operação de buscas no Brasil. São, aproximadamente, 150 bombeiros por dia e mais de 100 máquinas pesadas. Temos cães farejadores de outros estados que nos ajudam. Então é uma operação que não tem data para encerrar. Nosso objetivo é zerar o número de desaparecidos e temos ainda 29 para serem encontrados, por isso que estamos trabalhando incansavelmente”, destacou.

Gongo Soco

O comandante-geral Edgard Estevo acrescentou que em relação às barragens que apresentam, nesse momento, algum tipo de suspeita ou não receberam atestado de segurança, estão sendo acompanhadas por uma força-tarefa, envolvendo a Defesa Civil estadual, equipes da Defesa Civil dos municípios, a Secretaria de Meio Ambiente e o Corpo de Bombeiros. Entre as barragens em estado de alerta, o coronel Edgard Estevo citou que o caso mais grave é a Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, que pode se romper a qualquer momento. A população da área de risco teve que ser evacuada.

“Nós estamos acompanhando desde fevereiro, quando houve as primeiras suspeitas de que a barragem estava sem a segurança atestada. Enviamos uma equipe de trabalho junto a Defesa Civil Municipal, que fizeram toda análise. A partir daí, começamos a trabalhar com a evacuação, no sentido de garantir, que caso aconteça o rompimento, o que não é garantido, nós não tenhamos qualquer vítima, o que é mais importante”, salientou.

Nada garantido

Segundo o comandante-geral dos bombeiros, o possível rompimento do talude norte da cava na Mina de Gongo Soco, não significa que a barragem da mina vai se romper. “O primeiro aspecto é esse, inclusive, existe aí um percentual abaixo de 20% que havendo o rompimento do talude vai romper a barragem. Outro ponto é que, se romper a barragem, a gente não sabe a extensão que a lama vai alcançar. Até porque, algumas obras estão sendo feitas com o objetivo de reter pelo menos um terço desse volume de rejeitos em um remanso e diminuir a velocidade dessa lama.

Plano de contingência

Conforme o comandante-geral, mesmo sem ter como mensurar a área danificada, é preparado um plano de contingência para evitar uma tragédia humana. “Não tem como dizer quantas cidades serão atingidas, não é possível calcular isso agora. Mas estamos trabalhando com um plano de contingência, que inclui a evacuação, desenho da extensão da tragédia, cálculo de como será isso e como poderia atingir as proximidades no pior cenário possível. Mas vale ressaltar, que não significa que vai isso acontecer, mas se a barragem romper, estamos todos preparados da melhor forma possível”, pontuou.

Entenda

Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), que interditou o complexo no dia 17 deste mês, o talude norte da cava de Gongo Soco estava se deslocando 10 centímetros por ano desde 2012, um deslocamento aceitável dado a dimensão da estrutura.

De acordo com a assessoria da ANM, dados da agência já indicam que, desde o dia 19, a velocidade de deslocamento do talude já havia chegado a 7 cm por dia.

A ANM já havia notificado a Vale e determinado que a empresa tomasse uma série de providências emergenciais, entre elas, a suspensão imediata do tráfego do trem de passageiros no trecho do viaduto localizado a jusante (fluxo normal da água de um ponto mais alto para um ponto mais baixo) da cava; monitoramento por vídeo em tempo real das barragens e também a apresentação de estudo de comportamento da possível onda gerada pelo rompimento do talude norte.

Desde 2016, a cava e todas as obras já estavam paralisadas. Segundo a ANM, o risco de rompimento é do talude da cava e não da barragem, que fica a 1,5 quilômetro de distância da cava. A agência disse que a preocupação é que a vibração gerada pelo rompimento do talude influencie na segurança da barragem Sul Superior, que é uma das mais de 30 estruturas da Vale que foram interditadas após a tragédia de Brumadinho.

(Tiago Araújo)

Já publicado

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