13 de maio, de 2019 | 15:45

Algo errado

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
É da peça Hamlet, de Shakespeare, escrita por volta de 1600, que foi extraída a famosa frase “há algo de podre no Reino da Dinamarca” e também outra não menos conhecida, “ser ou não ser, eis a questão”.
O texto do maior gênio da literatura de língua inglesa narra a história do príncipe Hamlet, da Dinamarca, e sua tentativa de vingar a morte de seu pai, o rei, assassinado pelo tio, irmão do seu pai, que, logo depois do crime, casou-se com a rainha e usurpou o trono do irmão.

Mas, onde quero chegar? Na situação do atual time do Cruzeiro, que inegavelmente tem um dos melhores elencos do futebol brasileiro - só perde para Palmeiras e Flamengo em qualidade e quantidade - e cuja diretoria tem feito sua parte pagando em dia os salários altíssimos dos jogadores.

Além disso, freta aviões com frequência para diminuir o desgaste de seus atletas, disponibiliza uma estrutura física invejável para treinamentos, conta com um dos mais competentes e vitoriosos treinadores do nosso futebol, e mesmo assim tem deixado a desejar quando depara com adversários do mesmo nível.

Parodiando a frase de Shakespeare, “há, sim, algo de errado no Reino Azul do Cruzeiro”, cujas causas precisam ser descobertas e resolvidas logo pelo técnico Mano Menezes e a diretoria, ou caso contrário a carruagem vai virar abóbora mais rápido do que se imagina.

Filme repetido
Considerando a qualidade superior do Palmeiras, a derrota de 2 x 0 do Atlético pode ser tratada como normal, no Mineirão que se transformou em campo neutro com apenas 24.368 torcedores presentes.
No entanto, o que causou mesmo indignação em uma parcela significativa da torcida do Galo foi a postura passiva de alguns jogadores e do técnico interino, Rodrigo Santana, nas entrevistas concedidas pós-jogo. Santana imitou um antecessor recente no Galo, Thiago Larghi, que mesmo após as derrotas e atuações ‘carambolescas’ da equipe, via estrelas e querubins angelicais bailando em campo, no lugar de seus bisonhos jogadores.

O pior entre eles foi, disparado, Ricardo Oliveira, que foi substituído no 2º tempo e vaiado pela torcida e que fizera elogios rasgados ao jovem treinador na véspera da partida, e que recebeu uma retribuição à altura na coletiva final do interino: “Não tenho adjetivos para falar dele, de tão bom como jogador, como líder, um líder positivo. (...) A minha opção de tirar foi no momento que ele levou uma pancada. A gente tem um jogo decisivo na quarta-feira, e ele é um jogador que a gente tem que preservar”.

Aqui nos nossos grotões banhados pelo Rio Doce, a gente costuma chamar gestos benevolentes assim de “uma mão lava a outra, as duas lavam o rosto”. E que se dane o clube, seus torcedores e os que mais sofrem com tudo isso.

FIM DE PAPO
• Resumo da patetada atleticana: com este time e esta postura, no máximo o Atlético vai conseguir brigar por uma vaga na Copa Libertadores, e olhe lá. O time tem que voltar logo a jogar no Estádio Independência, local que, se não garante as vitórias, ao menos coloca a torcida no jogo e melhora suas chances contra qualquer adversário. E que trate logo de contratar reforços de verdade, sobretudo um bom camisa 10, gente que possa chegar e ser titular, ou pelo menos fazer sombra aos medalhões acomodados, alguns claramente com prazos de validade vencidos.

• O Palmeiras, atual campeão brasileiro, assumiu no domingo (12) o protagonismo que dele se esperava, em razão do alto investimento feito no futebol. Chegou à liderança da maior competição nacional como dono do melhor ataque e a melhor defesa, e não só isso, tem a melhor defesa do Brasil no ano, o melhor ataque e a defesa menos vazada da Copa Libertadores e o menor número de derrotas no ano, agora invicto há 27 jogos no Brasileirão.

• A derrota para o Inter voltou a expor as deficiências do setor defensivo do Cruzeiro, onde até o goleiro e ídolo Fábio anda inseguro e falhando, em lances onde não costuma errar. Além disso, peças importantes, como Thiago Neves, não estão rendendo o esperado. Para piorar, o estabanado Edílson, depois de ter falhado em um dos gols do Inter, foi expulso outra vez de maneira infantil, aumentando a ira da torcida, já sem paciência com vários jogadores.

• A convocação para a Copa América será divulgada pelo técnico Tite na próxima sexta-feira, e quem esperava ver o nome do goleiro Fábio na lista pode tirar o cavalo da chuva. Se a preferência de Taffarel, atual preparador de goleiros da Seleção, sempre foi por Alisson, Éderson e Cássio, agora que Fábio andou falhando contra o Flamengo, Emelec e Internacional é que não será mesmo chamado, o que é uma grande injustiça com o ídolo da torcida celeste, que deveria ser considerado pelo conjunto da obra, e não por este momento ruim que não é só dele, mas de todo o time cruzeirense. (Fecha o pano!)
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