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09 de maio, de 2019 | 15:00

Um Manifesto – reforma da previdência já

Ana Paula Tozzi * e Jéssica Costa **

A nova previdência retira os desequilíbrios entre o público e privado, e some com diversas cláusulas de exceção para determinadas profissões”

Tudo tem uma primeira vez, assim diz o ditado popular. Não vamos fugir à regra: este será o primeiro Papo Jedi em 14 anos de AGR Consultores com conteúdo político. Por quê? Porque acreditamos que temos que nos posicionar. Todos nós. Empresários, colaboradores, profissionais liberais e todos os brasileiros que não fazem parte da pequena elite que se aposenta com benefícios exclusivos e inacessíveis à maioria.

Estive em Brasília na semana passada e o que eu vi por lá, logo ao passar pelas portas do desembargue, foram manifestações contrárias à reforma da Previdência. As faixas, disseminando mentiras deslavadas foram um gatilho para uma sensação de revolta crescente. Brasília, cidade tão distante do “Brasil Real”, onde os políticos se aposentam com “aposentadoria especial” (seriam eles mais especiais que nós?) de até 100% do salário, onde ministros comem lagosta com champanhe, liderando a discussão contra a previdência? Não. Temos que nos unir e começar um movimento de transparência e clareza de forma a sensibilizar o país inteiro desta urgência.

Grandes Números - A previdência e a seguridade social são deficitárias em mais de R$290 bilhões de reais. Os argumentos que grupos contrários usam normalmente são apenas para desviar da verdade: você e eu pagamos para que eles possam ganhar mais que nós. Não deveríamos ser todos iguais? - Para entendermos de onde vem o déficit, fiz uma matemática simples, com dados de dezembro de 2017, que apontam um total de 29 milhões de beneficiários que consomem um déficit anual total próximo de R$280 bilhões. No pódio, o funcionalismo público, representado por 737 mil beneficiários, 2,5% do total, consome 20% do déficit. Em segundo lugar, os militares representam 3% do total de pessoas e consomem 7% do déficit. Finalmente, o setor privado representa 94,5% dos beneficiários e consomem 74%. Deu para entender por que Brasília está unida contra o Brasil?

Quais os principais argumentos contra a reforma? - De forma simplista, uns falam que a rigidez da DRU (desvinculação das receitas da união) deveria ser revista, de forma a alocar para a conta da previdência a receita alocada em outras rubricas. Mas, não resolve. Simplesmente porque o bolso é o mesmo. A não existência da DRU deixaria o Tesouro com déficit pois a receita total não é suficiente.

Mas, e se não tivéssemos corrupção? E, se as empresas devedoras da previdência pagassem suas dívidas com a Previdência? Claro que ajuda no momento zero. Porém, ambos os valores somados são da ordem de R$ 600 bi (R$ 150 bi de corrupção + R$ 450 bilhões de dívidas). Ou seja, cobrem no máximo dois anos de déficit. Lembre-se que o déficit é gerado de forma recorrente e crescente e esses valores são valores acumulados de décadas e décadas.

Outros grupos de interesse (nome chique de quem tem mais a perder do que nós) afirmam que a reforma é contra os pobres e que a população vai morrer trabalhando para ter direito à aposentadoria. Duas grandes mentiras. Em primeiro lugar, a nova previdência, ao trazer todos os brasileiros do setor público e do setor privado às mesmas regras de aposentadoria traz na verdade mais justiça social. Hoje, os mais pobres mesmo atingindo a idade mínima, têm que continuar trabalhando, uma vez que a aposentadoria é pífia, quando comparada a do funcionalismo público. Como vimos no gráfico acima, a desigualdade hoje é brutal. Em segundo lugar, a expectativa de vida do brasileiro hoje é de 83 anos, com pequenas variações regionais. Ou seja, se nos aposentarmos com 60/65 anos ainda podemos curtir vários anos de ócio.

A reforma - O Brasil tem muitas elites com interesses próprios, mas dificilmente com interesses em melhorar o Brasil. Ficou muito claro na semana passada que, por exemplo, para os políticos o que está em jogo aqui é poder: as eleições de 2022. A sinceridade do Paulinho da Força ao afirmar que “se a reforma aprovada for de uma economia acima de R$800 bilhões, o governo terá dinheiro para investir no crescimento do país, logo o Bolsonaro será reeleito”, deixa claro que políticos contrários à reforma não querem ver o Brasil crescer. Não estão nem aí com o Brasil e muito menos com o brasileiro.

A nova previdência retira os desequilíbrios entre o público e privado, e some com diversas cláusulas de exceção para determinadas profissões. Portanto, é nosso entendimento que sim, deverá ser sucedida de ajustes em alguns salários e planos de carreira. Um bom exemplo, são os professores. A classe está reclamando com a mudança de idade para 60 anos (antes 25 anos de trabalho para mulheres e 30 para homens) quando no nosso ponto de vista deveriam estar lutando por salários melhores ou, por exemplo, por incluir em seus salários horas fora de sala de aula dedicadas ao preparo de conteúdo e a correção de provas. Entendemos que enquanto um professor demora anos de carreira para atingir um salário de R$ 5 mil, elites de “consultores” do senado, da câmara e outros departamentos têm salários inicias de R$ 12 mil, sem em muitos casos ao menos trabalharem tempo integral para servir o estado. Isso tem que ser corrigido, claro!

Corrente a favor do Brasil - Obviamente, nós da AGR não temos a capacidade de amplificar a campanha de forma tão brilhante quanto o Tutinha da Jovem Pan. Também, não temos o tamanho de uma B3, o charme do “Seu Silvio” ou a mídia do Luciano das lojas Havan. Mas, ao apoiarmos claramente a reforma da previdência, queremos criar uma bola de neve a favor do Brasil. Vamos todos lutar por um Brasil melhor. Reforma da Previdência já.

* CEO AGR Consultores / ** Sócia da AGR Consultores
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