29 de abril, de 2019 | 10:54

Superação em meio ao caos financeiro

Entrevista com o prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha

No cargo de prefeito desde 21 de junho de 2018, Nardyello Rocha de Oliveira, 53 anos, conduz a administração municipal de Ipatinga em meio a um contexto de crises, política, administrativa e financeira. Rocha é o primeiro político realmente nascido no município a chegar ao posto. Menos de um ano depois de sair vitorioso em uma eleição extemporânea, realizada em função da cassação do prefeito anterior, Nardyello explica como estão as principais ações do governo.

Como é governar Ipatinga, no momento em que o município chega aos 55 anos?

• Nardyello - A cidade está amadurecendo enquanto passa pela pior situação financeira da história, que é a falta de repasses por parte do governo estadual, além da queda de receita, fruto de uma crise nacional. E isso tem gerado desafios que têm sido combustíveis para trabalharmos cada dia mais. Então, a cidade completa 55 anos enquanto o nosso governo está para completar um ano, e isso nos enche de orgulho, pois tenho convicção – e os números mostram isso – de que a cidade melhora a cada dia.

Do alto de sua experiência parlamentar e executiva, Ipatinga tem conserto?

• Nardyello – Eu não tenho dúvida que Ipatinga está sendo passada a limpo. Assumi a cidade mergulhada em uma crise financeira, com os aposentados há três anos sem receber, e eles custam R$ 5 milhões na folha de pagamento. Retornamos com eles para a folha, o que ajudou a injetar recursos na economia da cidade. Desburocratizamos o processo para que novas empresas venham para o município e Ipatinga é hoje uma das cidades que mais abre empresas no estado (dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais - Jucemg). Ipatinga é uma cidade limpa, bonita, as pessoas vão readquirindo o prazer de morar aqui. Estamos agora na segunda fase da implantação do e-facilita e a nossa meta é a desburocratizar também a liberação de alvarás para que novas obras sejam iniciadas na cidade. Então, é alcançar a integridade do nosso lema, que é “amor e orgulho de viver aqui”.

Quais foram os principais desafios vencidos após a eleição?

Nardyello – O principal desafio é lidar com a situação de saber quanto temos direito de receber do estado semanalmente em verbas constitucionais para fazer a gestão, mas não ter a certeza de que receberemos os recursos integralmente. Todos somos desagradavelmente surpreendidos com as retenções feitas ilegalmente pelo estado. Ninguém sabe quanto a cidade vai receber de acordo com o montante previsto. Isto nos impõe a condição de não poder errar. É preciso ser um ‘atirador de elite’, sem margem de erro, dentro das metas traçadas. Administrar um cofre vazio é um desafio. Mas gestão é isso. Com dinheiro em caixa qualquer um toca, e estamos fazendo a cidade andar mesmo com todas essas dificuldades. Primeiro catamos as pratinhas para fazer o pagamento de quem tem CPF, ou seja, os servidores públicos, os aposentados, as creches e entidades, e só depois disso nós agimos no custeio da máquina pública e pagamos os fornecedores. Em segmentos como o da saúde, já temos um déficit de mais de R$ 90 milhões do estado com a cidade de Ipatinga, mas vamos vencer todos os desafios.

um setor que o senhor tem investido muito é a Educação, mas o povo reclama também do atendimento na rede pública de Saúde e da precariedade no sistema viário. Numa hora dessas, como definir prioridades?

• Nardyello – Todos esses itens são prioritários no nosso governo. Na saúde, passamos um momento financeiro difícil. Os médicos não querem trabalhar na prefeitura – no programa Estratégia Saúde da Família (ESF) - porque têm que cumprir jornada de 8h diárias, e isso não interessa a eles. O governo federal não repôs os profissionais do ‘Mais Médicos’ e a prefeitura não pode contratar para suprir as vagas, o que cria outro gargalo. Ainda assim, inauguramos duas novas Unidades Básicas de Saúde (Bom Jardim e Nova Esperança) e contratamos 200 profissionais da saúde, entre técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. Tínhamos 80 pessoas recebendo remédios em casa, agora são 300. A vacinação atendia em torno de 70% da população e os últimos números já mostram 98%, inclusive com atendimento em casa, para pacientes acamados. Praticamente zeramos a fila de Raio-X, e a partir de maio a tomografia eletiva vai passar de 126 para 260.

A educação deu um salto. Retomamos a construção de duas creches paradas desde o governo anterior, reformamos o 7 de Outubro, revitalizamos o Parque das Ciências e reformamos o Cepae. Ipatinga tinha 980 alunos em escola de tempo integral e hoje tem 5.500. Além disso, implantamos um piloto do Sistema Positivo para crianças de quatro e cinco anos e acabamos de entregar 2.750 Chromebooks, com a plataforma do Google for Education, para alunos do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Hoje, o aluno da rede pública terá algo que na rede particular não tem. Também inauguramos a Escola Ary Malta, no bairro Iguaçu, uma referência em unidade educacional.
O sistema viário é outra prioridade. Conseguimos uma linha de crédito do Finisa, recém-aprovada pela Caixa Econômica Federal. Só dependemos da autorização da Câmara Municipal agora, e temos convicção que o legislativo entenderá a importância desta operação para a cidade. Com estes recursos, vamos realizar várias obras que a cidade necessita, como o recapeamento de quase 60 km de ruas e avenidas em uma malha viária que foi asfaltada há 45 anos. Também vamos recuperar as ciclovias na cidade e construir mais de 100 muros de arrimo, em diversos bairros, além de fazer a tão aguardada reforma do prédio sede da administração municipal, que está para ser interditado pelo Ministério Público devido à precariedade de suas instalações.

Sobre projetos futuros, quais são considerados essenciais para Ipatinga?

• Nardyello – Além do recapeamento da malha viária municipal e recuperação das ciclovias, a construção de duas novas Unidades Básicas de Saúde e mais de 100 muros de arrimo em vias de diversos bairros de município. Ainda este ano vamos iniciar obras de revitalização do sistema de saneamento básico em vários bairros, como o Horto, o Forquilha, o Vila Celeste e as Chácaras Madalena. Enfim, queremos transformar a cidade em um canteiro de obras, que irão gerar grandes benefícios para a população.

Nesse fim de semana temos várias comemorações, festividades, no contexto de crise financeira, como foi montar essa programação para marcar a data?

• Nardyello – Neste momento que a gente vê com mais nitidez a credibilidade que o governo tem adquirido junto à comunidade. Para essas comemorações, são 36 parceiros de grande, médio e pequeno porte. A cidade de Ipatinga praticamente não está gastando recursos com a festa. Seria insano, diante de toda a dificuldade financeira que o município enfrenta, gastar rios de dinheiro com uma festa de aniversário. Mas ela é fundamental e está sendo feita por meio de parceria entre o público e a iniciativa privada.

Para concluir, o que mais gostaria de ressaltar aos ipatinguenses?

• Nardyello – Eu agradeço ao povo de Ipatinga por acreditar, por permitir que - pela primeira vez - um filho de Ipatinga administre a cidade. Eu agradeço a Deus, e digo por onde eu passo que Ipatinga é uma cidade de milagres. Se parar para ver os números, ninguém acreditaria que pudéssemos chegar aonde chegamos até agora. Mas quero mesmo é chamar toda a população para vencer junto comigo todos os desafios. Agradeço ao servidor público municipal, a mola mestre de qualquer gestão, por seu empenho e dedicação, e tenho absoluta convicção de que Ipatinga vai crescer cada dia mais, com esta união de forças que estamos conseguindo.