22 de abril, de 2019 | 15:49

Méritos próprios

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Um detalhe interessante, que talvez explique de forma simplificada o título de bicampeão estadual conquistado pelo Cruzeiro no último sábado: neste período de três anos do técnico Mano Menezes à frente do time celeste, o Atlético trocou de treinador sete vezes.

Basta olhar com um pouco atenção e boa vontade, para constatar que não se trata de mera coincidência o fato de clubes com trabalhos mais longos, no exterior e, sobretudo, aqui no Brasil, conseguirem resultados mais expressivos do que os seus adversários.

Sob o comando de Mano Menezes o Cruzeiro é bicampeão (2017/2018) na Copa do Brasil e, agora, também bicampeão mineiro, tornando-se um caso raro no Brasil de equipe com um estilo de jogo bem definido.

Existem outros times igualmente fortes no futebol brasileiro? Claro que sim, pela ordem: Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Athlético-PR, o Galo, Corinthians, mas todos situados um degrau abaixo de Cruzeiro e Grêmio, os únicos times cujos treinadores não sofrem a todo momento ameaças de perder o emprego.

Sem abrir mão de suas convicções, Mano Menezes e Renato Gaúcho deram às suas equipes um padrão de jogo, a bem da verdade sem muito brilho e ousadia, sofrendo às vezes de um pragmatismo excessivo, mas inegavelmente com ótimos resultados.

Passou no teste
Tem um ditado popular aqui nos nossos grotões que explica muitas coisas da vida e o que ocorre às vezes no futebol: “Se o cavalo passar arreado, monte nele”.

O jovem Rodrigo Santana, 37 anos, estava quase no ostracismo dirigindo o time Sub-20 do Atlético, quando o cavalo passou arreado, após a demissão de Levir Culpi.

Santana não conseguiu operar o milagre de conquistar o título, pois encontrou pela frente um adversário muito superior, mas deu conta do recado, ao dar em pouco mais de dez dias um padrão tático mínimo ao time, o que o seu antecessor não conseguiu em sete meses de trabalho.

Na decisão, o Atlético foi melhor no primeiro tempo, usando um 4-1-4-1, surpreendeu com Geuvânio na direita e saiu na frente do marcador com Elias, mas o Cruzeiro é uma equipe, tem um melhor elenco, tanto que Pedro Rocha, recém-contratado, saiu do banco de reservas para fazer a jogada que resultou no pênalti de Léo Silva e o gol de Fred, que deu o bicampeonato ao time azul.

Com VAR ou sem ele, o Cruzeiro mereceu o título e basta ver os números da sua campanha: 11 vitórias, cinco empates, nenhuma derrota, não à toa o único invicto do Brasil em 2019, entre todas as demais equipes da Série A.

FIM DE PAPO
• Se persistir a tendência natural do futebol mineiro, coisa que predomina há anos, a diretoria do Atlético não irá valorizar e apostar numa sequência de trabalho do interino Rodrigo Santana, optando por contratar um técnico mais renomado e caro, vindo de outro estado.

Não há paciência com os novatos prata-da-casa, e por isso não revelamos mais profissionais nesta área há bastante tempo. Na arbitragem também ocorre o mesmo, pois os nossos clubes não confiam no trabalho dos nossos apitadores.

• Parece que finalmente alguma coisa vai acontecer com a fórmula dos desgastados campeonatos estaduais, e eles deverão mudar a partir de 2020. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. A CBF e as obsoletas e cabulosas federações espalhadas pelo país tiveram que dar o braço a torcer, após a rede Globo exigir que mudanças sejam feitas, caso contrário irá fechar a torneira de dinheiro que irriga os cofres dessas entidades.

• O saudoso radialista Ulisses Nascimento, um dos fundadores do Grupo Vanguarda, dizia que ‘o nosso patrão é o cliente’. A TV Globo sabe disso e pratica essa máxima como ninguém, daí ter detectado, em inúmeras pesquisas, o que todos já sabíamos: o público telespectador, seu ‘patrão’, se cansou e não quer mais comprar os pacotes de ‘pay per wiew’ dos campeonatos estaduais, enquanto na TV aberta os números da audiência caíram de forma assustadora.

• O Ipatinga escapou do rebaixamento à 3ª Divisão estadual ao derrotar o Serranense por 4 a 2, no sábado (20), na Arena do Calçado, em Nova Serrana. Menos mal que, em 2020, a equipe continue no Módulo II, se é que ele vai mesmo existir com todas as mudanças previstas no calendário. Dizem que o presidente Cristiano Araújo renunciou ao cargo e vários nomes já aparecem como prováveis substitutos. Que dias melhores venham para o Tigre, devolvendo-lhe o protagonismo que já teve um dia no âmbito do futebol estadual. (Fecha o pano!)
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