07 de abril, de 2019 | 07:05

Legista: Uma profissão que lida com a ciência e a morte

Instituto Médico-Legal de Ipatinga realiza entre 15 e 20 necropsias por mês, afirma legista

Nesse domingo (7) é comemorado o Dia do Médico Legista, profissional que tem entre suas responsabilidades a realização de necropsias para investigar a causa da morte das pessoas. Essa data foi escolhida porque em 1886 o conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, então presidente da Província de São Paulo, assinou a Lei nº 18 que oficializou a perícia médico-legal no Brasil.

Em entrevista ao Diário do Aço, o diretor do Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga, Daniel Alvares Carvalho, que atua como médico legista, explicou detalhes da profissão que usa a ciência para investigar a causa da morte de pessoas. "O trabalho de um médico legista é peculiar, porque a gente lida com uma das maiores preocupações do ser humano, que é a morte. Mas ao mesmo tempo é um trabalho gratificante, porque é uma oportunidade de fazer um bem para a sociedade e ser solidário com as pessoas que estão em um momento de sofrimento. Vale lembrar que o serviço de médico legal recebe, em sua maioria, morte de origem violenta, como vítimas de acidentes ou homicídios", explicou.

Além da necropsia, Daniel Carvalho acrescentou que outros serviços são realizados no IML, que atualmente conta com cinco médicos legistas trabalhando em escala de plantão. "É importante enfatizar que o médico legista também faz exame de corpo de delito, ou seja, pessoas que sofrem agressão física são encaminhadas pela Delegacia Regional para que seja feito o exame, no qual o médico legista vai constatar se houve agressão e qual seu tipo. Além disso, fazemos os exames do DPVAT e perícias indiretas baseadas em prontuário médico de atendimento, quando o periciado não pode comparecer ao IML", acrescenta.

Preparação

Daniel Carvalho explica que, antes do profissional ingressar no ramo da medicina-legal, ele passa por uma preparação na faculdade, na qual tem contatos com corpos. "Nos primeiros anos do curso de medicina, temos aulas de anatomia, que nos preparam para trabalhar nesse ramo. Eu, particularmente, despertei interesse nessa área quando estava na faculdade e quando entrei na carreira não tive dificuldade para trabalhar com cadáver".

Média alta

O médico legista informa que o IML de Ipatinga possui um número alto de necropsias ao longo do mês. "Em média, são de 15 a 20 necropsias mensais, mas varia muito, tem mês que chega a 30. Nos meses mais calmos são cerca de 10. Entretanto, considero essa média alta, infelizmente, a região do Vale do Aço é bastante violenta", contou Daniel.

Ele ainda destacou que o prédio do IML de Ipatinga recebeu melhorias ao longo desses últimos anos, que contribuem para a execução dos serviços dos profissionais. "O titular da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga (DRPC), delegado Thiago Alves Henriques, tem nos ajudado bastante. Nós contamos também com o apoio da Prefeitura de Ipatinga, Ministério Público Estadual, Copasa, Vital Engenharia e o Ministério Público Federal, que recentemente fez concessões de alguns materiais que não estavam utilizando. Então todos esses citados têm nos ajudado bastante", ressaltou Daniel.

Novo IML

O prédio do IML, junto ao Cemitério Nossa Senhora da Paz, existe há quatro décadas e apresenta trincas, infiltrações, além de outros problemas estruturais graves. Em novembro do ano passado, a administração de Ipatinga liberou a escritura do terreno que deverá abrigar, no município, um novo IML. O terreno doado pela municipalidade ao estado é desmembrado de uma área verde e tem aproximadamente três mil metros quadrados. Fica localizado próximo ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), nas imediações do Distrito Industrial.

Vinculado à Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais, o IML é um órgão de responsabilidade do estado. Na região da DRPC do Vale do Aço, atende a 16 cidades. Com a escritura do terreno liberada, a próxima etapa é a construção da sede, que foi orçada em aproximadamente R$ 500 mil. No entanto, até o momento, não há previsão de orçamento para as obras.

Procurada pelo Diário do Aço, Polícia Civil de Minas Gerais informou que "o processo de doação do terreno para a Polícia Civil aguarda complemento no laudo de avaliação".

Tiago Araújo