30 de março, de 2019 | 10:07

Reta final

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
São muitos os questionamentos que recebemos diariamente dos leitores desta coluna e de ouvintes do nosso bate-papo diário ao meio-dia na Rádio Vanguarda, pois o futebol é assim mesmo, apaixonante, exerce sobre nós brasileiros um fascínio, um interesse infelizmente não visto quando se trata do dia a dia na política, economia, cidadania etc.

Um dos assuntos mais comentados é o nosso desgastado Campeonato Mineiro, que entra na fase decisiva com jogos da semifinal disputados neste fim de semana, cabendo ao Atlético, ontem à noite, abrir a disputa contra o Boa Esporte, em Varginha, enquanto o Cruzeiro, hoje à tarde, encara o América, no Independência, invertendo-se o mando de campo no próximo fim de semana.

Manga madura
O Campeonato Mineiro há tempos perdeu espaço e importância no calendário nacional, devido ao fortalecimento de outras competições mais rentáveis, como o Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e Sul Americana, que despertam maior interesse do público.

Tornou-se há pelo menos duas décadas um incômodo, com jogos pouco ou nada atraentes pela estrutura semiamadora dos clubes do interior, baixa média de público, serve apenas para perpetuar a estrutura de poder da CBF, que se sustenta das obsoletas federações, que por sua vez lhe dá apoio político em troca de garantir o seu ganha pão.
Para os clubes chamados ‘grandes’, sobretudo Atlético e Cruzeiro, aqui nos nossos grotões, o Estadual não tem nenhum valor ou importância, sendo encarado como ‘obrigação’ por suas torcidas.

Mas ai daquele que o perde, pois costuma ver o mundo desabar, entra em crise, cai o treinador, dispensa jogadores, até o presidente costuma ser deposto e escorraçado, interferindo diretamente no planejamento do restante da temporada.
O Campeonato Mineiro pode ser comparado à manga madura no quintal do vizinho, sempre desejada, sempre a mais gostosa, até que você a experimenta e sinta que é igualzinha a todas as outras.

FIM DE PAPO
Desde antes da primeira rodada, como de costume, Atlético e Cruzeiro são os grandes favoritos e candidatos a decidirem o título no Campeonato Mineiro. O América corre por fora, e lá uma vez ou outra, quando os dois ‘grandes’ vacilam, consegue ganhar a competição. Os clubes do interior, por diversas razões e razões diversas, não servem senão para cumprir tabela.

O Cruzeiro está atravessando um melhor momento, tem uma equipe mais entrosada, embora não tenha feito a melhor campanha na fase de classificação, tem 100% de aproveitamento na Libertadores, competição paralela e mais importante. O rival Atlético, ao contrário, vai mal, acumulando duas derrotas em dois jogos na Libertadores, mas terminou em primeiro lugar na fase de classificação do Estadual, utilizando na maioria das vezes um time reserva, o que lhe garante jogar por dois resultados iguais e ter o mando de campo da final. Coisas do futebol.

Por força de contrato, a Rede Globo, que paga caro pelos direitos de transmissão dos Estaduais, poderia exigir que os clubes escalassem seus times principais nas competições regionais. Mas a emissora tem aberto mão desse direito e não notificou nenhuma equipe até agora pela prática.

Internamente, vem pressionando a CBF, que por sua vez tenta convencer as federações de que o calendário do futebol brasileiro precisa ser repensado, o que poderia implicar na redução dos Estaduais, que têm representado uma perda de receita relacionado ao pay-per-view. Boa parte dos torcedores abandona o pacote no final do ano e só retoma no início do Brasileiro. A estratégia da Globo tem sido colocar jogos mais atraentes no PPV, o que deixa os clubes mais à vontade para escalar times reservas nos Estaduais.

‘A vida é um sopro. Muitas vezes nos esquecemos de viver por causa do nosso trabalho, das nossas obrigações. Só que isso não é viver, mas sim, sobreviver. Viver é outra coisa. Sobreviver é o que a gente faz todos os dias, sem nos darmos conta. Viver é um pouco diferente. Ter vida é diferente. Quem sabe com um pouco de tranquilidade e reflexão possamos viver, ter uma vida plena, e não apenas sobreviver.

Se não pararmos com esse ciclo vicioso, continuaremos apenas sobrevivendo’. Rafael Henzel,45 anos, jornalista e narrador de futebol da Rádio Oeste/SC, um dos cinco sobreviventes na queda do avião com a delegação da Chapecoense em novembro/2016, que foi vitimado por um infarto, morrendo após jogar uma partida de futebol com amigos na quarta-feira passada. (Fecha o pano!)
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