25 de março, de 2019 | 15:28
Deu o esperado
Fernando Rocha
O fim de semana foi de disputas nos enfadonhos e desgastados campeonatos estaduais pelo país afora, que, aqui no Sudeste, em sua maioria entraram nas quartas de final.No Mineiro deu o esperado: 5 a 0 do Cruzeiro pra cima do modesto Patrocinense, no sábado; 3 a 1 do Galo no aguerrido Tupinambás, garantindo também presença na semifinal, que teve os confrontos definidos após o jogo de ontem à noite, entre América x Caldense, no Independência.
A vitória do Cruzeiro foi tão fácil que, se quisesse, poderia ter feito um placar bem maior, com destaque de novo para as atuações individuais de Rodriguinho e Marquinhos Gabriel, autores de dois gols cada um, cabendo ao artilheiro Fred completar a goleada.
Se o futebol do time em campo ainda não foi o que se esperava, ao menos a torcida do Galo - 46.924 pessoas foram ao Mineirão, novo recorde do estádio este ano - fez uma bonita festa e aproveitou para comemorar de véspera os 111 anos de fundação do clube.
A pressão para obter uma vitória a qualquer custo pode ter influenciado o rendimento dos jogadores do Atlético, mas salta aos olhos a falta de padrão de jogo e de velocidade da equipe, tem um algo mais que ainda não veio, sobretudo nos confrontos mais importantes da Libertadores, onde a equipe vai muito mal.
Muita histeria
O técnico Levir Culpi está sendo muito cobrado por não conseguir fazer a equipe se encaixar, como dizem a maioria dos seus críticos. Ao contrário de alguns dias atrás, quando a turbulência o fez mudar radicalmente seu perfil de calmo e brincalhão para outro com respostas mais duras, desta vez o treinador alvinegro demonstrou tranquilidade na entrevista pós-jogo.
Perguntado se tinha alguma garantia de permanência no cargo, caso o Atlético perca o título estadual ou acabe eliminado na Libertadores, Levir Culpi disse que não tinha segurança alguma, e voltou a criticar a chamada cultura do nosso futebol, onde a exigência de resultados imediatos impede que treinadores executem trabalhos consistentes a médio e longo prazo.
E ele tem razão. Há uma histeria na imprensa, que se reflete na torcida e vice-versa, não pela construção, mas pela desconstrução de trabalhos, pela desqualificação de quem antes diziam ter credenciais elogiáveis.
O torcedor de futebol no Brasil não crê em processos, construção, planejamento, quer, isto sim, times prontos para ontem, não se importando com as finanças do seu clube.
FIM DE PAPO
Turbulência ainda maior está passando o técnico Tite na Seleção Brasileira, que só empatou com o fraquíssimo Panamá, 1 x 1, sábado, em Portugal. De endeusado e elogiado, até a sua linguagem professoral está sendo questionada agora, com uma histeria meio que incompreensível, por quem até então só jogava confetes. Tite está tentando fazer uma renovação visando a Copa de 2022, no Qatar, mas ninguém que saber disso, exigindo resultados imediatos.
Claro que empatar com o Panamá é osso, mas este é o preço que se paga quando se pretende a reconstrução do time de futebol. No caso do Atlético, a diretoria atual priorizou pagar as contas herdadas e vencidas, que poderiam levar o clube a um total colapso financeiro. Os jogadores que conseguiu contratar são estes que aí estão, e não há como melhorar muita coisa. Há, porém, quem entenda que o técnico Levir Culpi não seja o comandante ideal para tirar o máximo deste elenco, pois já estaria utilizando métodos ultrapassados etc, com o que eu não concordo.
Tite vive seu momento mais instável à frente da Seleção Brasileira, mas ao contrário de outras épocas, a pressão em cima do seu trabalho é menor do que sobre os treinadores dos clubes grandes no país, onde é improvável, diante de maus resultados, achar uma saída com continuidade. A impaciência do torcedor acaba sendo o gatilho que põe a cabeça do treinador a prêmio.
Não há até o momento nenhum time brasileiro jogando um futebol empolgante. Palmeiras e Flamengo, os dois mais endinheirados, estão oscilando e não conseguiram ainda praticar um futebol que encha os olhos dos torcedores. As únicas novidades mais interessantes de se ver jogar neste início de temporada têm sido o Santos, de Jorge Sampaoli, e o Fluminense, dirigido por Fernando Diniz, treinadores reconhecidamente ofensivos e inovadores, mesmo tendo à disposição material humano mais limitado.
E a primeira vitória do Tigre no Módulo II do Mineiro foi com fortes emoções no Ipatingão. Dois jogadores expulsos, pênalti defendido pelo goleiro Elisson, aos 42 do 2º tempo, e logo em seguida saiu o gol da vitória, 1 a 0, marcado por Eric, derrotando o Athletic de São João Del Rei. Quem sabe agora vai... (Fecha o pano!)
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