16 de março, de 2019 | 09:47

Sob pressão

Fernando Rocha

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Fernando RochaFernando Rocha
Ainda repercute muito mal na torcida atleticana a derrota para o Nacional do Uruguai, por 1 a 0, em Montevidéu, que complicou a vida do time na Copa Libertadores. Com duas derrotas em dois jogos, o Galo neste momento ocupa a lanterna do Grupo E.

Claro, os questionamentos ao trabalho do técnico Levir Culpi aumentaram por parte da torcida e na imprensa, mas nada que justifique de uma hora para outra a sua mudança de comportamento, passando de tranquilo e bem-humorado para irritadiço e mal-educado com todo mundo.

Apesar dos desmentidos, o resultado no clássico de hoje diante do América, no Mineirão, onde o Galo vai defender a liderança do estadual, poderá, em caso de uma vitória, amenizar a crise. Mas se vier uma derrota ou empate, a situação do treinador poderá se tornar insustentável.

Continuo achando Levir um dos melhores treinadores no atual futebol brasileiro, mas sua teimosia já passou dos limites. Um exemplo é a manutenção de um esquema defensivo demais, previsível, que não vem dando certo, além de insistir em manter alguns jogadores como titulares, entre eles o medonho lateral Patric.

No esquecimento
No Brasil do “jeitinho”, há leis que pegam e outras que não. Fatos graves caem no esquecimento ou são varridos para debaixo do tapete sem que providências concretas sejam tomadas para evitar que se repitam.
Exemplos recentes estão aí, como nos episódios dos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho, resultando na morte de centenas de pessoas e danos irreparáveis ao meio ambiente.

No futebol, o incêndio que deixou 10 garotos mortos em um alojamento improvisado no Centro de Treinamentos do Flamengo – o Ninho do Urubu -, dia 8 de fevereiro, parece estar tomando o mesmo caminho do esquecimento. Ninguém foi preso, o clube não foi punido, não se sabe nada sobre indenizações às famílias das vítimas, a vida continua lampeira e os culpados seguem pimpões.

No calor dos acontecimentos, descobriu-se que a maioria dos ditos ‘grandes’ clubes do país, - 14 dos 20 que disputam a Série A, de acordo com os Bombeiros -, tinham sérias irregularidades nos seus alojamentos para categorias de base, casos do Cruzeiro e América, aqui nos nossos grotões.

Ninguém sabe ao certo o que foi ou está sendo feito pelos clubes citados a fim de solucionar as pendências, mas se no topo da pirâmide os meninos viviam em local cheio de irregularidades, imaginem o que esperar de times com estrutura mais modesta?

FIM DE PAPO
• Foi digna e respeitosa a atitude da diretoria do Cruzeiro, que teve toda paciência e boa vontade com o clube Deportivo Lara, da Venezuela, nesse ‘imblóglio’ que resultou no adiamento do jogo pela Copa Libertadores. De fato, é necessária toda e qualquer solidariedade ao povo do país vizinho, envolto na mais grave crise política e econômica de sua história.

• Agora, como se trata de um jogo de futebol, tudo tem limites. Então, fez certo também a diretoria celeste, ao solicitar da Conmebol garantias no que tange à segurança da delegação, para o jogo de volta na Venezuela, marcado para o próximo mês, indicando o Chile como possível local da partida, caso a instabilidade naquele país continue e não haja condições de segurança para sua realização por lá.

• Acho ótimo que a CBF cuide melhor do Campeonato Brasileiro, como no caso da adoção do árbitro de vídeo em todos os 380 jogos. Mas uma medida fundamental ainda não foi tomada pela entidade: diminuir o tamanho dos campeonatos estaduais para viabilizar a suspensão da disputa nacional nas datas FIFA, para não desfalcar os clubes dos seus melhores jogadores em atividade no país. Este ano, a situação do calendário ficou ainda pior, pois este mês a Conmebol também marcou uma semana inteira de jogos da Libertadores na data Fifa.

• A semana foi de tragédia e dor, com a morte de inocentes no massacre ocorrido em uma escola do interior paulista. No futebol, os torcedores do Vasco choraram a morte do ex-presidente Eurico Miranda, seu dirigente mais polêmico, cuja importância para o clube foi inegável, para o bem e para o mal, durante os últimos 50 anos, em que sua história se confundiu com a da instituição. Fez de tudo nesse período: montou esquadrões inesquecíveis e times lamentáveis, deu grandes dribles nos cartolas rivais e afundou o Vasco em crises. Foi ele o homem que levou o Vasco a conquistar a América e o mesmo que levou o clube ao terceiro rebaixamento. Eurico Miranda viveu o Vasco. Mas também viveu do Vasco. O clube fez mais bem a ele do que o contrário.

• Também morreu Coutinho, que faria 76 anos no dia 11 de junho, o melhor parceiro de Pelé no lendário ataque do time do Santos na década de 1960, que tinha ainda Dorval na direita e Pepe com seu canhão na perna esquerda. Não o vi jogar, mas meu pai, o velho Zé Fernandes, dizia maravilhas a seu respeito. Tostão, em sua coluna na ‘Folha’, definiu, com natural sutileza, o que foi o craque Coutinho: “... era um craque artilheiro, dos pequenos espaços, das tabelinhas curtas na entrada da área. Foi o melhor parceiro de Pelé. Os gols de Coutinho eram toques sutis, leves. A bola, silenciosamente, não estufava, acariciava as redes”. (Fecha o pano!)
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