15 de março, de 2019 | 13:20

Terceiro suspeito de participar de planejamento de massacre é liberado

Polícia investiga adolescente que ajudou um dos atiradores a comprar armas e a planejar ataque na Escola Raul Brasil

Divulgação
Velório coletivo na quinta-feira recebeu a visita de mais de cinco mil pessoas Velório coletivo na quinta-feira recebeu a visita de mais de cinco mil pessoas

Com atualização às 14h40
Após duas horas dando explicações ao Ministério Público (MP), o terceiro adolescente suspeito de participar do planejamento do massacre à escola Raul Brasil, em Suzano, foi liberado pouco depois do meio-dia. A Justiça ainda deve definir a possibilidades de decretar ou não a apreensão do adolescente.

O adolescente de 17 anos apontado como terceiro suspeito de participar do ataque a tiros na escola Raul Brasil se apresentou ao Fórum de Suzano em São Paulo, por volta das 11h, acompanhado da mãe. O adolescente é suspeito de ter auxiliado no planejamento do massacre, também realizou exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal.

O massacre na escola terminou com dez pessoas mortas, entre elas os dois atiradores. Do total de pessoas feridas no massacre na escola, oito continuam hospitalizadas.

O delegado Alexandre Henrique Augusto Dias, responsável pelo inquérito policial que apura o caso, afirmou que a polícia pediu à justiça a apreensão do jovem por suspeitar da participação dele no crime. O jovem foi colega de classe de Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, um dos autores do ataque. O outro é Luiz Henrique de Castro, 25 anos. Os dois se mataram ao fim do massacre.

Conforme o delegado o terceiro envolvido teria auxiliado na compra de equipamentos utilizados durante o crime, adquiridos por meio do comércio virtual. “Eles se inspiraram no ataque Columbine, nos Estados Unidos, ocorrido no ano de 1999. Os envolvidos tinham conhecimento absoluto da unidade de ensino”, disse Dias. Os materiais e o veículo utilizados foram apreendidos e encaminhados para análise. A perícia técnica comprovará a dinâmica dos fatos.

Extremismo

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, afirmou na quinta-feira que o Ministério Público não descarta a possibilidade da atuação de uma organização criminosa na tragédia de Suzano, na Grande São Paulo.

No mesmo dia do ataque, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi escalado para atuar nas investigações.
"Iremos fazer uma investigação ampla em todas as linhas para saber como eles tiveram acesso às armas, se há um grupo que atua com eles, se há uma rede de comunicação entre eles, as motivações e a forma do crime", afirmou Smanio. "Não descartamos nada. Se tiver outras pessoas envolvidas, vamos alcançar essas pessoas".

Segundo o procurador-geral, o Ministério Público vai atuar com o núcleo de investigações cibernéticas do Gaeco para averiguar os contatos mantidos pela internet de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e o adolescente G. T. M., de 17. Os dois foram os autores do ataque que deixou oito vítimas na Escola Estadual Raul Brasil na manhã de quarta-feira, 13.

Os rapazes faziam parte de fóruns na internet ligados a videogames de violência e disseminação de mensagens de ódio. Logo após o ataque, surgiram indícios da participação dos autores em um fórum virtual conhecido como Dogolachan, um grupo de ódio na deep web - espaço da internet inacessível por navegadores comuns e com menos regulação.

O fórum já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que resultou na prisão de Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como um dos líderes do fórum. Ele já havia sido preso em 2012 e voltou à cadeira em maio do ano passado na Operação Bravata; e foi condenado em dezembro pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, pelos crimes de associação criminosa, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo. A soma das penas passa de 41 anos de reclusão.
"Vamos investigar os computadores, os indícios nas residências deles, os locais que frequentavam e os vínculos com outras pessoas", afirmou Smanio. "Queremos chegar ao quadro mais amplo possível".

As investigações também seguem na linha para descobrir como os jovens tiveram acesso ao armamento utilizado no crime, em especial o revólver .38. O promotor Rafael Ribeiro do Val foi nomeado para atuar no caso.
Os trabalhos estão sendo conduzidos pela Delegacia de Polícia Central de Suzano. Na quarta, os investigadores ouviram testemunhas e os pais dos autores.

Os dois assassinos deixaram oito mortos na Escola Estadual Raul Brasil antes de cometerem suicídio. Antes chegou a ser divulgado que foram mortos por um policial que chegou ao local, mas a informação não foi confirmada. Entre as vítimas estão a coordenadora pedagógica da escola, uma funcionária, cinco alunos e o tio de um dos criminosos, morto em uma loja de carros, onde os autores estiveram antes de cometer o ataque.

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